Estudo aponta que mais de 20 milhões de brasileiros são afetados por cálculos biliares, com a videolaparoscopia ganhando destaque nas opções de tratamento
A colecistectomia, cirurgia de remoção da vesícula biliar,
é uma das intervenções mais comuns no Brasil, especialmente devido à alta
prevalência de patologias benignas do órgão. De acordo com um estudo publicado
na revista Educação em Saúde, a prevalência de colelitíase (pedras na vesícula) no
Brasil aumentou 24% entre 2008 e 2017, afetando cerca de 20 milhões de pessoas.
Além disso, a taxa de mortalidade por colecistite aguda, uma inflamação grave
da vesícula biliar, aumentou 18% no mesmo período, evidenciando a necessidade
de diagnóstico e tratamento precoces.
A vesícula biliar, localizada abaixo do fígado, armazena
bile – substância essencial para a digestão. No entanto, condições como
colelitíase (pedras na vesícula) e colecistite (inflamação da vesícula) podem
comprometer o órgão, levando à necessidade de remoção cirúrgica. Segundo o Dr.
Bruno Ferola, cirurgião do Hospital Mater Dei Santa Clara, a principal
indicação para a retirada da vesícula é a presença de cálculos biliares. “Esses
cálculos podem causar dor intensa, inflamação e infecções. Outras indicações
menos comuns incluem pólipos e tumores na vesícula”, explica o cirurgião.
Técnicas cirúrgicas e avanços tecnológicos
Atualmente, a técnica mais utilizada para a colecistectomia
é a videolaparoscopia, que oferece inúmeros benefícios. “A videolaparoscopia é
segura, de rápida recuperação e amplamente acessível. É a técnica que mais
utilizo, realizando cerca de 10 a 15 cirurgias por semana”, ressalta Dr.
Ferola. Ele também destaca que, em casos específicos, a cirurgia pode ser
realizada via aberta ou com auxílio de uma plataforma robótica.
Em comparação à cirurgia aberta, a laparoscopia apresenta
vantagens significativas: recuperação mais rápida, menor dor pós-operatória e
menores riscos de infecção e sangramento. Isso torna o procedimento mais eficaz
e confortável para os pacientes. A laparoscopia tem se destacado por apresentar
uma taxa de mortalidade de 0,13%, em comparação aos 0,53% da via
convencional.
Sintomas e diagnóstico
Os principais sintomas que levam os pacientes a procurarem
tratamento incluem dor intensa no abdômen superior direito, náuseas, vômitos e
indigestão frequente. Cálculos biliares podem obstruir os ductos que
transportam a bile, resultando em complicações graves, como infecção e
pancreatite. Por isso, é essencial que os pacientes com esses sintomas procurem
um médico para avaliação.
Riscos e benefícios da cirurgia
Embora a colecistectomia seja um procedimento comum e
seguro, como toda cirurgia, ela apresenta alguns riscos, como infecções,
hemorragias e lesões nos ductos biliares. No entanto, os benefícios superam os
riscos em casos de pacientes com sintomas recorrentes ou complicações
relacionadas à vesícula. Após a retirada do órgão, a maioria dos pacientes
retorna às atividades normais em poucas semanas, com melhorias significativas
na qualidade de vida.
Prevenção e cuidados
Prevenir problemas na vesícula biliar é possível por meio
de hábitos saudáveis. Dr. Bruno Ferola recomenda “manter um peso adequado, ter
uma dieta equilibrada, fazer exercícios regulares e evitar longos períodos de
jejum, fatores que ajudam a prevenir o surgimento de cálculos biliares”.
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