Recorde histórico: São Paulo tem qualidade do ar inadequada em 80% das estações de monitoramento |
São Paulo atingiu recorde histórico de poluição nesta sexta-feira, com qualidade do ar classificada como "ruim" ou "muito ruim" na região metropolitana.
Médico do Centro de Excelência em Medicina (CEM) alerta para consequências imediatas e crônicas.
A cidade de São Paulo atingiu um recorde histórico de poluição
nesta sexta-feira, com 20 das 25 estações de monitoramento da Cetesb indicando
qualidade do ar classificada como "ruim" ou "muito ruim" na
região metropolitana. É a primeira vez que, simultaneamente, tantas áreas da
capital estão em situação insalubre na medição da concentração de material
particulado no ar. Médicos especialistas alertam que a permanência dos baixos
índices pode desencadear e agravar problemas respiratórios, além de afetar o
sistema auditivo, nariz e garganta.
De acordo com o Dr. Rubens Dantas da Silva Junior,
otorrinolaringologista do Centro de Excelência em Medicina (CEM), a exposição
prolongada a altos níveis de poluição pode ter consequências graves. Crianças,
idosos e pessoas com condições pré-existentes são os mais vulneráveis aos
efeitos da má qualidade do ar. "Esses grupos tendem a ter uma resposta
inflamatória mais intensa e menos capacidade de recuperação, o que pode
resultar em hospitalizações mais frequentes em períodos de baixa qualidade do
ar, como o que estamos vivendo agora", acrescenta.
"O material particulado presente no ar poluído, especialmente
as partículas finas conhecidas como PM2,5, pode penetrar profundamente nos
pulmões, provocando inflamação e agravando condições como asma, bronquite e
doença pulmonar obstrutiva crônica", explica Rubens. No entanto, o impacto
não se restringe apenas aos pulmões. O especialista alerta que o sistema
respiratório como um todo é afetado, com irritações constantes na garganta,
tosse seca, dificuldade para respirar e até mesmo infecções recorrentes.
"A exposição à poluição danifica as barreiras naturais das
vias aéreas superiores, tornando o organismo mais vulnerável a infecções
bacterianas e virais", afirma o especialista. "A irritação da mucosa
das vias respiratórias desencadeia casos recorrentes de rinite alérgica,
sinusite e faringite. A exposição prolongada a esses agentes poluentes
intensifica a inflamação, resultando em crises mais severas e duradouras",
explica.
No caso do ouvido, a poluição também pode ter efeitos indiretos.
"A rinite e a sinusite crônicas, desencadeadas pela má qualidade do ar,
podem gerar acúmulo de secreção nas vias respiratórias e causar otite, uma
inflamação no ouvido que pode se tornar recorrente", afirma o médico.
Prevenção e cuidados
Diante da crise ambiental vivida pela capital paulista, Dr. Rubens
recomenda medidas simples que podem ajudar a amenizar os efeitos da poluição,
sobretudo para os grupos mais vulneráveis. "É importante evitar atividades
físicas ao ar livre durante os dias com níveis críticos de poluição, manter os
ambientes internos bem ventilados, e, se possível, usar umidificador de ar em
casa", sugere.
A hidratação constante das vias aéreas também é fundamental.
"O uso de soro fisiológico para lavar o nariz ajuda a manter a mucosa limpa
e hidratada, minimizando os efeitos irritantes dos poluentes. Beber bastante
água e evitar ambientes fechados com ar-condicionado também são atitudes que
podem aliviar os sintomas", orienta o especialista.
Poluição e saúde pública
A má qualidade do ar em São Paulo não é uma novidade, mas o
agravamento recente traz à tona a urgência de soluções mais amplas para mitigar
seus efeitos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 7 milhões
de pessoas morrem anualmente em decorrência de problemas relacionados à
poluição do ar no mundo.
No Brasil, os problemas de saúde provocados pela poluição geram um
impacto significativo sobre o sistema público de saúde, com aumento nas
internações hospitalares e atendimentos de emergência, principalmente nos meses
mais secos e poluídos. "As consequências da poluição não são apenas
imediatas, como o desconforto respiratório e as crises alérgicas. A exposição
contínua pode levar ao desenvolvimento de doenças crônicas, que sobrecarregam o
sistema de saúde e afetam a qualidade de vida a longo prazo", finaliza Dr.
Rubens.
Centro de Excelência em Medicina (CEM) de São Paulo
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