O mês de setembro é marcado pelo debate em torno da saúde mental, tanto que ganhou a alcunha de ‘Setembro Amarelo’, justamente para fazer um alerta sobre a importância do tema, ajudando na prevenção ao suicídio. Embora tenha se tornado um assunto mais presente na mídia, a discussão parece só ter relevância durante este mês, sendo que deveria ser levado mais em consideração pelo restante do ano e sair das palavras e ações soltas que não endereçam de fato o tema, afinal, estamos falando da saúde de todos.
É comum que as pessoas queiram saber se você cuida da sua saúde mental, mas
ninguém costuma perguntar se a organização se preocupa com a questão. E como
fazer isso? O primeiro passo é a liderança da empresa começar a entender
o quão importante é para ela que os seus colaboradores estejam mentalmente bem e
estáveis, e aqui não estou só falando do lado profissional, mas também do
pessoal.
Hoje em dia, um dos principais problemas dos ambientes corporativos é não
conseguirem enxergar seus colaboradores como pessoas, vendo apenas como força
de trabalho, como um número, sendo que ninguém é uma máquina sem sentimentos.
Existem dias bons, dias ruins, pontos fortes e pontos fracos, como qualquer ser
humano. E a empresa mais preparada é aquela que sabe disso e cria uma rede de
apoio para o seu time.
Segundo dados de uma pesquisa realizada pela Vittude, plataforma de terapia
online, em parceria com a Opinion Box, cerca de 70% dos brasileiros afirmam que
as empresas não sabem lidar com saúde mental e 72% escolheriam trabalhar em
empresas que têm políticas de cuidado com a saúde mental dos empregados. Para
essa amostra, foram entrevistados cerca de 2 mil pessoas em todas as regiões do
Brasil.
Diante desses dados, fica claro que não dá mais para as organizações falarem
uma coisa sendo que fazem outra completamente diferente, como postar nas redes
sociais frases motivacionais de Setembro Amarelo, enquanto a gestão não se
preocupa com o bem-estar dos seus colaboradores. Além de contraditório, fará
com que essas pessoas se desmotivem cada vez mais com o trabalho, e o
ambiente - ao invés de melhorar -, fica pior ainda.
Não estou dizendo que a liderança deve ser babá dos integrantes da equipe, mas
é preciso entender quando existem problemas e promover o acolhimento,
oferecendo ajuda, quando possível e viável. A partir do momento que o time sabe
que pode contar com seus gestores, o cenário muda e cria-se uma relação de
confiança, extremamente necessária para que as trocas entre líder e liderados
sejam verdadeiras e transparentes.
É claro que existe a linha tênue para a gestão entre ser compreensiva demais e
ingênua, e existem casos em que um ou outro colaborador pode querer se
aproveitar dessa bondade, porém, não devemos generalizar. Uma empresa que tem
como premissa de gestão criar um ambiente de trabalho acolhedor, que está
disposta a ouvir e que se disponibiliza a ter atitudes para melhorar cada vez
mais, está se preocupando com a saúde mental de seus funcionários.
Por fim, algo precisa ficar claro. Embora eu tenha falado da responsabilidade
da empresa ao longo do texto, o primeiro responsável pela saúde mental é o
próprio colaborador. E este colaborador precisa ser responsável o suficiente
para não ficar criando desculpas e arrumando situações para afirmar que não tem
segurança psicológica no trabalho ou que a empresa não cuida. Se estivéssemos
falando de uma escola com crianças, tudo bem, mas estamos falando de empresas
onde trabalham pessoas adultas, supostamente.
Pedro Signorelli - um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKRs. Já movimentou com seus projetos mais de R$ 2 bi e é responsável, dentre outros, pelo case da Nextel, maior e mais rápida implementação da ferramenta nas Américas. Mais informações acesse: http://www.gestaopragmatica.com.br/
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