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quinta-feira, 30 de maio de 2024

Inteligência Artificial nas Organizações Modernas

 Especialista alerta sobre a necessidade de preparar os líderes para essa nova realidade, mas preservando a felicidade e, sobretudo, a saúde mental no ambiente de trabalho

 

No atual cenário em constante evolução tecnológica, a inserção da Inteligência Artificial (IA) nas organizações traz consigo uma série de desafios e oportunidades que impactam diretamente a dinâmica do ambiente de trabalho. Diante dessa realidade, surge a necessidade de compreender seus efeitos na saúde mental dos colaboradores pressionados por novas habilidades e competências demandadas pela IA e até pelo temor de perder sua vaga por conta disso.

De acordo com Mariana Aylmer, doutora em Desenvolvimento de Lideranças e Diretora na Aylmer Desenvolvimento Humano, a chegada da IA inevitavelmente gera impactos sobre a saúde mental das pessoas, principalmente devido à falta de conhecimento sobre o tema e ao sensacionalismo midiático que gera medo e incerteza. “Fazem o alarme, mas é necessário esclarecimentos. É preciso cautela e estratégias para promover uma transição saudável e eficiente para essa nova era digital, envolvendo os colaboradores e potencializando seus líderes”, afirma.

Ela lembra que, segundo alguns estudos, a tecnologia pode ter tanto efeitos positivos quanto negativos na psicologia e nas relações sociais, sendo fundamental abordar essas questões de forma transparente e informada. Por outro lado, a massiva implementação da IA e o risco iminente de automação de setores levantam questões sobre como trabalhar a saúde mental dos colaboradores nesse novo contexto. Para a especialista, estratégias que visam desmistificar a Inteligência Artificial, promover o conhecimento sobre suas potencialidades e investir em políticas de transparência e apoio são fundamentais para reduzir o medo e a ansiedade no ambiente de trabalho. “É importante reconhecermos que o medo em relação a novas tecnologias não é algo novo na história da humanidade. Sempre que uma inovação surge há esse temor. Quando o elevador surgiu haviam receios sobre os possíveis efeitos adversos, como a preocupação de que a pressão pudesse afetar o cérebro dos passageiros durante a subida ou descida. Mais recentemente, muito se falou que o celular poderia causar câncer, o que foi desmistificado pela maioria dos estudos que indicam como único efeito que os celulares podem causar é um aquecimento na região em que o telefone está mais próximo, o que não é suficiente para causar qualquer dano à saúde”, explica Mariana, acrescentando que esses receios, embora compreensíveis, muitas vezes são baseados em desconhecimento e especulação.

Para ela, da mesma forma, a introdução da Inteligência Artificial pode gerar apreensão e ansiedade, especialmente quando associada a narrativas sensacionalistas ou à incerteza sobre seu impacto futuro. No entanto, é fundamental lembrar que, com o devido esclarecimento e preparação, é possível abraçar as vantagens da IA enquanto se gerencia os desafios de forma proativa, promovendo um ambiente de trabalho saudável e produtivo para todos os envolvidos.

Mariana alerta ainda que a adaptação a essa nova realidade também se mostra desafiadora para a liderança, pois, além de proporcionar informações claras e direcionamento sobre os projetos da empresa, ela precisa lidar com suas próprias preocupações e incertezas em relação à IA em suas funções estratégicas. “Estão todos no mesmo barco e, assim, a transparência nas comunicações e o foco no que está sob controle são essenciais para reduzir os efeitos negativos sobre a equipe”, diz a especialista, complementando que é primordial que o líder foque em trazer informações relevantes sobre projetos práticos e qual a visão da empresa sobre o tema. “Isso feito diretamente diminui o medo e demonstra cuidado com os colaboradores”, completa. 

Para finalizar, ela enfatiza que a automação de certas funções pode gerar ansiedade, mas cabe às organizações oferecer suporte e oportunidades de requalificação para mitigar esses impactos. “Toda projeção em relação ao futuro envolve riscos e premissas. E dependendo da forma que estruturamos nosso pensamento podemos ter uma projeção mais pessimista ou otimista. Ao adotar uma abordagem transparente, informada e estratégica, as organizações podem promover uma transição saudável e eficiente para essa nova era digital, colhendo os benefícios da IA enquanto cuidam da saúde mental de seus colaboradores”, conclui.


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