Em 31 de maio,
celebra-se o Dia Mundial Sem Tabaco, uma oportunidade para refletir sobre os
riscos associados ao consumo de tabaco e reforçar os esforços para combater
essa epidemia global. Este ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) escolheu
como tema central a proteção das crianças e jovens contra a interferência da
indústria do tabaco.
Marketing abusivo nas mídias sociais
Em um mundo cada
vez mais digitalizado, a indústria do tabaco vem explorando táticas agressivas
de marketing nas mídias sociais e plataformas de streaming para atrair novos
consumidores, especialmente os jovens. Para combater essa ameaça, a OMS lançou
uma plataforma online que permitirá aos adolescentes solicitar que os governos
de seus países os protejam contra essas práticas abusivas.
O perigo dos “nicsalts”
Os dispositivos
eletrônicos para fumar, como o cigarro eletrônico, estão no centro dessa nova
ofensiva. Esses produtos resultaram em um alarmante aumento no tabagismo entre
adolescentes, inclusive no Brasil. Os líquidos contidos nesses dispositivos,
conhecidos como “nicsalt”, podem conter altas concentrações de nicotina,
variando de 12 mg a 50 mg por mililitro. Essa formulação permite uma maior absorção da nicotina
pelo cérebro, levando a uma dependência muito
mais rápida.
Na Faculdade de
Ciências Médicas e da Saúde (FCMS) da PUC-SP, alguns alunos já realizaram
pesquisas sobre o consumo desses dispositivos eletrônicos por seus colegas.
“Nosso objetivo é informar e debater os riscos decorrentes do tabagismo, da
doença pulmonar obstrutiva crônica e dos dispositivos eletrônicos para fumar,
especialmente entre os jovens”, destaca a coordenadora da Área de Pneumologia e
supervisora da Residência de Pneumologia da PUC-SP, professora-doutora Marta
Elizabeth Kalil.
Décadas de avanço estão em xeque
A batalha contra
o tabagismo é antiga, porém, os desafios são constantes. No ano passado, a OMS
divulgou um relatório sobre a epidemia global de tabagismo, citando-a como uma
das principais causas de morte, doenças e empobrecimento no mundo. Segundo a
organização, o tabagismo mata mais de 8 milhões de pessoas por ano em todo o
planeta, sendo 7 milhões de fumantes diretos e 1,3 milhão de fumantes passivos
– que ficam rotineiramente expostos à fumaça. Além disso, 80% dessas mortes ocorrem em países de
média e baixa renda.
O relatório da
OMS também destaca que o cigarro está relacionado a 20 tipos ou subtipos de
câncer, além de ser um fator de risco para doenças cardiovasculares e
respiratórias. A mensagem é clara: não existe um nível seguro de consumo de
tabaco, pois todas as formas de uso são prejudiciais à saúde.
Brasil vê recrudescimento do tabagismo entre jovens
Após intensas
campanhas antitabagismo, sobretudo a partir dos anos 1990, o Brasil começou a
registrar declínio na quantidade de fumantes. No entanto, décadas depois, uma
nova onda surgiu com os dispositivos eletrônicos para fumar, e os ganhos na
saúde pública advindos das ações anteriores começaram a declinar.
Uma pesquisa conduzida pela Universidade
Federal de Pelotas e pela Vital Strategies, no primeiro trimestre de 2022, com
9.000 entrevistas, apontou que 20% dos jovens entre 18 e 24 anos já
experimentaram cigarros eletrônicos. Esses
dispositivos são frequentemente vistos como uma alternativa menos prejudicial
aos cigarros convencionais, mas a OMS alerta que eles não são inofensivos e
podem levar ao vício em nicotina e ao consumo de produtos de tabaco.
Fonte: Professora-doutora Marta Kalil, docente da
Faculdade de Medicina da PUC-SP | (15) 99719-6535
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