No Dia da Saúde
Digestiva (29), especialista do CEJAM dá dicas de prevenção e destaca os quadros
que mais afetam jovens e adultos atualmente
As doenças digestivas são condições que atingem o
sistema gastrointestinal, composto pelo esôfago, estômago, intestino delgado e
grosso e reto. Por essa razão, os diagnósticos podem ser bastante diversos.
Segundo a Organização Mundial de Gastroenterologia,
20% da população mundial sofre com algum tipo de problema intestinal, por
exemplo. Contudo, é preocupante que 90% dessas pessoas não buscam orientação
médica, optando pela automedicação ou ignorando o problema.
Manter a saúde digestiva em dia é essencial para o
funcionamento adequado do organismo, uma vez que é por meio desse sistema que
os nutrientes são absorvidos, distribuídos e eliminados do corpo.
“No geral, as doenças digestivas mais frequentes
entre os jovens incluem o refluxo gastroesofágico, a gastrite e a síndrome do
intestino irritável. Nos adultos, observa-se uma prevalência maior da doença do
refluxo gastroesofágico, úlcera gástrica e constipação intestinal”, afirma a
Dra. Julia Vieira Kuster, gastroenterologista do Hospital Dia M’Boi Mirim I,
gerenciado pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em
parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.
A doença do refluxo gastroesofágico é uma condição
em que o conteúdo do estômago volta para o esôfago, causando sintomas como
azia, tosse seca e dor no peito. Ela é comumente causada pela má alimentação,
sobrepeso ou obesidade e, em alguns casos, pela presença de hérnia de hiato.
Por outro lado, a gastrite e a úlcera gástrica
estão mais associadas ao uso de medicamentos que agridem a mucosa gástrica,
como anti-inflamatórios não esteroides, e a infecção pela bactéria Helicobacter
pylori.
"Os sintomas da gastrite incluem azia,
sensação de queimação, dor no estômago, náuseas, inchaço abdominal e falta de
apetite. Estresse, tabagismo e consumo excessivo de álcool também podem
contribuir para o desenvolvimento dessa condição, que pode surgir de forma
aguda ou crônica no organismo”, explica a médica.
Já a síndrome do intestino irritável está frequentemente
relacionada a uma alimentação inadequada, transtornos de ansiedade e depressão,
além de um desequilíbrio da microbiota intestinal. Ela é caracterizada por
cólica, desconforto abdominal, diarreia, prisão de ventre e gases. A
constipação intestinal, por sua vez, na maioria dos casos, está associada à
ingestão insuficiente de alimentos ricos em fibras e água.
"No que diz respeito à alimentação, para
evitar doenças digestivas, o ideal é seguir uma dieta rica em frutas, verduras
e alimentos com alto teor de fibras, além de manter uma hidratação adequada. É
recomendável evitar o consumo de alimentos gordurosos, ultraprocessados como
bolachas recheadas e macarrão instantâneo, bebidas alcoólicas, refrigerantes e
alimentos com alto teor de açúcar", ressalta.
O cuidado com a saúde mental também é uma forma de
prevenir complicações e merece atenção, pois ansiedade e estresse podem
potencializar alguns quadros, segundo a especialista.
"Isso ocorre porque tanto a ansiedade como o
estresse estimulam a secreção de certos hormônios e neurotransmissores que
alteram a secreção gástrica e aumentam a sensibilidade da mucosa
gastrointestinal, podendo contribuir para a sensação de dor, desconforto e má
digestão. A estratégia mais eficaz é melhorar o estilo de vida e, se possível,
contar com um acompanhamento multidisciplinar, incluindo psicólogos”, afirma a
Dra. Julia.
É crucial estar atento aos sinais do corpo, pois,
em casos mais graves, é possível, ainda, desenvolver neoplasia gástrica ou intestinal.
Nesses casos, entre os primeiros sintomas que devem acender o alerta estão
perda de peso não intencional, anemia sem explicação, mudança repentina do
hábito intestinal e presença de sangue nas fezes.
Embora todas essas doenças digestivas sejam as mais
comuns entre jovens e adultos, é importante destacar que a maioria delas pode
ser prevenida através de uma dieta equilibrada, prática regular de atividade
física, rotina de sono adequada e evitando o uso desnecessário de medicamentos.
“Ao perceber qualquer sintoma gastrointestinal, é
de extrema importância procurar ajuda médica para um diagnóstico preciso e
tratamento adequado. Para isso, recomenda-se procurar a unidade de saúde
pública mais próxima", conclui a médica.
@cejamoficial
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