Especialista reforça: é fundamental que as mulheres adotem hábitos saudáveis desde a infância, adolescência e até a fase adulta
“De acordo com dados da Fundação Internacional da Osteoporose, cerca de 70% das mulheres que estão na menopausa desenvolverão osteoporose caso não recebam tratamento adequado, daí a necessidade do cuidado com a saúde óssea da mulher ao longo da vida, desde a infância”, alerta Dr. Marcelo Steiner, da diretoria da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO).
Segundo ele, os
ginecologistas possuem um papel fundamental na prevenção, na identificação e no
tratamento das mulheres que podem desenvolver essa doença. A preocupação com a
saúde óssea deve surgir desde a infância: durante a adolescência, ocorre um
significativo ganho de massa óssea e estruturação do tecido ósseo e seu pico
ocorre por volta dos 25-30 anos. A partir dos 30 até os 40 anos, há uma
estabilização da massa óssea, seguida por uma diminuição gradual após os 40
anos.
Segundo o
ginecologista, o pico de massa óssea é determinado principalmente pela
genética, representando cerca de 70% a 80%, enquanto os hábitos de vida
contribuem com aproximadamente 20%. “Portanto, é fundamental que as mulheres
adotem hábitos saudáveis desde a infância, adolescência e até a fase adulta
jovem para alcançar um pico adequado. Caso contrário, quando ocorrer a perda
óssea, ela partirá de um estágio abaixo do seu potencial máximo, aumentando
significativamente o risco de desenvolver osteoporose e fraturas”, explica o
ginecologista.
Saúde
óssea na gestação - Na fase
gestacional, há um impacto significativo no metabolismo do cálcio, uma vez que
há uma demanda maior por esse mineral, e a reserva de cálcio do organismo é
proveniente do esqueleto. “É importante que as gestantes tenham um consumo
adequado de cálcio nesse período e que seja avaliado o nível de vitamina D.
Caso esteja baixo, é recomendada a suplementação. Além disso, é essencial
realizar exercícios físicos, inclusive os de resistência, que beneficiam tanto
os músculos quanto mecanicamente as células ósseas, promovendo uma influência
positiva na saúde óssea”, destaca o especialista.
Saúde
óssea pós-menopausa - O processo de remodelação
óssea é responsável pela renovação do tecido ósseo. Existem duas células
envolvidas nesse processo: uma célula responsável pela reabsorção do osso
antigo e outra célula responsável pela formação do novo osso. “Em média, um
indivíduo normal realiza essa renovação do tecido ósseo em cerca de 10% do
esqueleto anualmente. O equilíbrio entre reabsorção e formação do tecido ósseo
geralmente resulta em um osso saudável”, salienta o Dr. Marcelo.
Entretanto, após a
menopausa, ocorre uma reabsorção óssea maior. A perda de estrogênio provoca um
processo inflamatório, que por sua vez, sinaliza para as células responsáveis
pela reabsorção óssea para aumentarem sua atividade, resultando em uma perda de
massa óssea acentuada nos primeiros anos após a menopausa.
Portanto, é
importante que os ginecologistas entendam e identifiquem as mulheres em risco
nesse momento, aquelas que não alcançaram um bom pico de massa óssea ou que
apresentam fatores de risco adicionais que contribuem para uma saúde óssea
inadequada.
Quando
realizar uma densitometria óssea? - A
densitometria óssea é uma ferramenta para diagnosticar o risco de fratura. A
primeira densitometria geralmente é solicitada aos 65 anos, exceto em casos de
fatores de risco como histórico familiar de fratura, baixo peso, IMC abaixo de
18, menopausa precoce, uso de corticoides, entre outros. Na prática, a maioria
dos ginecologistas solicita a primeira densitometria quando a mulher está
entrando na menopausa.
“A densidade óssea não muda rapidamente, portanto, a repetição do exame não é rotineira. Em mulheres com resultados normais aos 50 anos, a próxima densitometria pode ser solicitada em 5 anos ou até mesmo em 10 anos, sem afetar a conduta clínica”, pontua o médico.
ABRASSO - Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo
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