Equipe de saúde e paciente devem estar atentos aos sinais de alerta, como dor, inchaço ou vermelhidão
Apesar dos avanços na medicina, a trombose venosa
profunda (TVP) continua representando uma grande preocupação para pacientes
submetidos à cirurgia. Com o intuito de minimizar o risco de complicações, os
médicos submetem os pacientes a uma avaliação pré-operatória minuciosa.
Durante essa análise, a equipe considera as
condições pré-existentes do indivíduo e realiza uma inspeção completa de suas
comorbidades, abrangendo aspectos como idade, sexo, obesidade, tabagismo, uso
de hormônios, bem como possíveis problemas no fígado, rins, coração, pulmão e
presença de câncer, por exemplo. É verificado também o porte e as
características da cirurgia bem como a recuperação esperada. Além disso, o
acompanhamento e a investigação por parte do especialista vascular são
recomendados para uma avaliação mais minuciosa e identificação de detalhes
indicativos de maior risco de trombose, a fim de orientar como prevenir essa
complicação.
Medidas e orientações simples, como parar de fumar
e manter uma adequada hidratação, são fundamentais para promover o fluxo
sanguíneo e prevenir a trombose. Uma dieta balanceada e saudável, evitando o
consumo de alimentos ricos em sal e bebidas alcoólicas, contribui para o bom
funcionamento do sistema circulatório e reduz o risco de complicações
vasculares pós-cirúrgicas. Priorizar sempre procedimentos menos invasivos e
períodos menores de internação hospitalar, além de evitar um repouso muito
prolongado, são medidas para diminuir os riscos de trombose. Uma boa analgesia
e incentivar o indivíduo a caminhar o quanto antes são essenciais na prevenção
da trombose, e associar a prescrição da meia elástica correta aumenta a
proteção do paciente.
De acordo com a cirurgiã vascular e vice-diretora
de Publicações da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular -
Regional São Paulo, Dra. Dafne Braga Diamante Leiderman, protocolos específicos
devem ser seguidos para minimizar o risco de complicações vasculares,
principalmente em pessoas com histórico pessoal e familiar de trombose e
cirurgias de alto risco. A médica também enfatiza que o preenchimento de scores
de risco de trombose, como Score de Caprini para pacientes que serão submetidos
a cirurgias, pode ser feito por qualquer médico no exame pré-operatório, mas
ressalta que a experiência e o olhar do especialista vascular podem fazer uma
grande diferença. Esses scores classificam o paciente como baixo, moderado ou
alto risco para trombose no intra ou pós-operatório do procedimento analisado.
A prevenção da trombose após procedimentos
cirúrgicos pode ser mecânica com deambulação precoce, meia elástica e botas de
compressão pneumática intermitente, ou associada à prevenção química com
anticoagulantes, conforme o risco do paciente. A Dra. Dafne ressalta também que
a constante avaliação do paciente nunca é dispensada, examinando diariamente as
pernas dos pacientes à procura de dor e inchaço, e também sua condição
respiratória, valorizando como queixas de falta de ar, queda da saturação e dor
nas costas para respirar.
Essa atenção especial deve estender-se até mesmo
após a alta hospitalar, especialmente devido à possibilidade de complicações
graves, como a formação de trombos que podem evoluir para uma embolia pulmonar,
que é potencialmente fatal. Além da atenção dedicada à gestão do procedimento
realizado, durante o período de recuperação do paciente deve-se orientar o
próprio paciente a observar sinais como dor, vermelhidão e o inchaço nas pernas
ou alterações respiratórias mínimas. A gravidade dessa condição ressalta a
importância de cuidados proativos, seguindo a recomendação do vascular e dos
protocolos hospitalares de prevenção à trombose, e uma monitorização mais
intensiva, principalmente para aqueles identificados com maior risco.
Em alguns casos, medicamentos anticoagulantes, em
doses profiláticas, para minimizar o perigo de trombose, que pode evoluir para
embolia pulmonar durante e após cirurgias, são necessários durante e
pós-internação. O cirurgião vascular pode auxiliar os médicos clínicos e
cirurgiões de outras especialidades e desenhar o protocolo de prevenção de trombose
individualizado, dando assim mais segurança para os pacientes.
No caso de trombose venosa aguda, é recomendado o
acompanhamento do cirurgião vascular para identificação da causa, orientação do
tratamento, escolha da medicação usada na alta, orientar exames de avaliação de
complicações, necessidade de procedimento cirúrgico invasivo e tempo total de
tratamento e seguimento do paciente. Nos casos de trombose aguda e embolia mais
graves, em que existe risco imediato de morte ou graves sequelas, pode ser
necessária a dissolução do trombo por meio de infusão de medicamentos, ou
cirurgia endovascular, como parte do tratamento, para quebra e aspiração dos
coágulos, com técnicas de cateterismo.
“O acompanhamento durante o período pós-operatório
não apenas identifica precocemente potenciais sinais de trombose, mas também
exerce uma função significativa na preservação de sequelas e complicações
graves. A equipe médica titular tem um papel fundamental nesse processo,
garantindo a segurança do paciente, e chamar o especialista vascular é um
diferencial na assistência”, afirma a médica vascular, Dra. Dafne Leiderman.
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