Como IA, Cloud e
Open Finance impactam nas soluções financeiras do futuro
O setor
financeiro enfrenta um cenário dinâmico com a evolução contínua das tecnologias
e da maneira como as pessoas se relacionam com o dinheiro. As empresas de
soluções financeiras enfrentam desafios para operar de forma eficaz, antecipar
as necessidades de seus clientes e, ao mesmo tempo, desenvolver produtos que
atendam às expectativas e exigências do consumidor.
Neste artigo, selecionamos algumas tendências tecnológicas que serão
fundamentais para 2024 e que poderão moldar o futuro da indústria, desde a
adoção acelerada de inteligência artificial à expansão
de sistemas financeiros abertos e de plataformas
baseadas em nuvem, que tornam possível o desenvolvimento de
tais modelos. A ideia é explorar as capacidades, benefícios e desafios para
aplicar essas três tecnologias que impactam na operacionalidade, na segurança,
na personalização do serviço e no relacionamento entre empresa e cliente.
O papel da IA nos serviços financeiros do futuro
Nos últimos anos, os bancos implementam as mais recentes inovações tecnológicas
para se manterem competitivos e redefinirem a forma como interagem com os
clientes. A inteligência artificial (IA) não tem sido exceção. Diferentes
empresas provedoras de soluções financeiras que integraram essas tecnologias em
suas ofertas conseguiram obter diversos benefícios, como aumento de receita por
meio de maior personalização de seus serviços e produtos; redução de custos com
a automação de processos e geração de estratégias com a análise de grandes
quantidades de dados.
De acordo com relatório da International Data Corp, estima-se que os gastos
mundiais com inteligência artificial atingiram US$166 bilhões em 2023 - o setor
bancário foi um dos maiores contribuintes, com aproximadamente 13%-, valor que
deve chegar a US$450 bilhões até 2027. Entre os principais benefícios da IA
para o setor financeiro estão: maior eficiência com a automação de processos
complexos e repetitivos; análise preditiva e identificação de padrões para
prevenção de riscos; experiências personalizadas adaptadas às necessidades
individuais dos clientes e desenvolvimento de produtos inovadores e
disruptivos.
Ao longo de 2023, bancos, fintechs e outras empresas começaram a testar modelos
com outra abordagem para essa tecnologia: a inteligência artificial generativa,
capaz de gerar conteúdo novo e original, e não simplesmente processar dados ou
tomar decisões com base em padrões existentes.
A IA generativa pode criar imagens, texto, música e muito mais. Esse novo
conteúdo inclui, por exemplo, dados sintéticos, que são informações geradas a
partir de amostras de dados reais para treinar modelos. O algoritmo é baseado
em padrões de aprendizagem e correlações e, uma vez treinado, pode gerar dados
idênticos. Essa tendência veio para impulsionar a produtividade e o desempenho
no dia a dia das operações, tendo grande potencial para transformar os serviços
financeiros do futuro.
Investimentos
Desde o início de 2023, várias empresas de soluções financeiras vêm aplicando
diferentes modelos de IA generativa. A expectativa é continuem investindo seus
esforços e dinheiro nos próximos cinco anos, implementando melhorias e
otimizações.
Entre os grandes bancos, a hiperpersonalização é uma das principais metas com o
uso de IA generativa. Algoritmos podem interagir com os clientes em serviços
que incluem alertas sobre multas após o vencimento de faturas, bloqueio de
transações financeiras suspeitas e propostas para fazer a portabilidade de um
serviço.
Pelo que acompanhamos do mercado, o JP Morgan, por exemplo, está desenvolvendo
o IndexGPT, um serviço de inteligência artificial que fornece consultoria
personalizada de investimentos, analisa e seleciona valores com base nas necessidades
individuais do usuário. Por sua vez, a Wells Fargo utiliza a IA conversacional
do Google (Dialogflow) para alimentar seu assistente virtual, o Fargo, bem como
o Large Language Model (LLM) para auxiliar os clientes com informações que
precisam fornecer aos reguladores. Outro caso de uso da IA generativa ocorre no
Goldman Sachs, cujos desenvolvedores testam ferramentas com a tecnologia para
ajudar a escrever códigos.
Desafios da IA Generativa
- Confiança e gestão ética: as organizações devem se concentrar no desenvolvimento
de algoritmos confiáveis que, além da eficiência técnica, incorporem
aspectos éticos e socialmente responsáveis. A transparência destaca-se
como um componente essencial para construir e manter a confiança do
cliente.
- Segurança, privacidade e controle: os riscos potenciais incluem a concentração de dados
em grandes empresas e possíveis violações de privacidade na coleta de
dados públicos sem consentimento. Para evitar que modelos de IA exponham
dados inadvertidamente, sugere-se a incorporação de medidas de privacidade
desde o início do projeto. Obter o consentimento do cliente e manter
procedimentos rígidos de segurança são essenciais para evitar usos
maliciosos, como a criação de falsificações ou conteúdo de phishing.
- Regulação:
as respostas regulatórias à
IA geram diferenças e incertezas regionais, afetando a concorrência. As
regulamentações variam entre as jurisdições, com possíveis penalidades em
diferentes países ao redor do mundo. Por isso, aumentar a transparência
dos modelos, especialmente aqueles que impulsionam a IA generativa, é uma
forma de garantir mais segurança e de demonstrar seu impacto nos negócios.
Evolução do Open Finance e dos Pagamentos Digitais
O crescimento do Open Finance, também conhecido como finanças
abertas, representa uma evolução significativa no cenário
financeiro global, onde a conectividade e o compartilhamento de dados
desempenham um papel central na transformação dos ecossistemas digitais. Esse
conceito vai além da simples abertura de dados, abrindo as portas para uma
colaboração mais ampla entre bancos, cooperativas, fintechs, governos e outros
players do mercado.
A importância do Open Finance reside em sua capacidade de impulsionar a
inovação, melhorar a experiência do usuário e fomentar a concorrência,
transformando o modo como as informações financeiras são acessadas,
compartilhadas e usadas. À medida que as regulamentações evoluem e a tecnologia
avança, o Open Finance está emergindo como um catalisador fundamental na
redefinição do setor financeiro global.
Segundo a Juniper Research, o Open Banking, que consiste no compartilhamento,
acesso e reutilização de dados pessoais e não pessoais com a finalidade de
oferecer diversos serviços financeiros, terá um crescimento de 479% entre 2022
e 2027, gerando cerca de US$ 330 bilhões em transações em cinco anos.
O sucesso desta abordagem depende, em grande medida, da forte confiança dos
clientes, especialmente no que diz respeito à partilha e reutilização de dados,
incluindo dados pessoais. Para desenvolvê-lo de forma eficaz, é fundamental
proteger indivíduos e empresas, mitigando os riscos associados ao acesso e ao
uso de dados, ao mesmo tempo em que aborda e reduz os problemas potenciais de
seu uso.
No contexto do Open Finance, as APIs são essenciais, pois permitem a troca
segura e eficiente de dados entre diferentes instituições e provedores de
serviços financeiros. Elas permitem uma transferência ágil de informações entre
diferentes sistemas, acelerando, assim, o processamento de pagamentos. No
espaço de pagamentos, as APIs permitem experiências de transação perfeitas;
elas podem iniciar pagamentos, verificar contas para garantir o recebimento
adequado de fundos e fornecer acesso em tempo real às informações da conta.
Soluções financeiras em nuvem
As plataformas em nuvem emergiram como catalisadores fundamentais na
transformação digital, marcando uma mudança significativa na forma como várias
empresas entregam seus serviços financeiros. Sua capacidade tecnológica fornece
flexibilidade, escalabilidade e eficiência operacional, permitindo enfrentar
desafios complexos e adaptar-se a um ambiente em constante evolução.
A nuvem facilita a implementação ágil de novas tecnologias, como as que vimos
anteriormente: inteligência artificial, análises avançadas e serviços
financeiros abertos, ampliando o caminho para a inovação e melhoria contínua.
Nos últimos anos, a implementação de interfaces e ecossistemas em nuvem tem
sido uma prioridade para bancos, fintechs, cooperativas e outras instituições.
De acordo com o Gartner, todos os setores gastaram cerca de US$ 195 bilhões em
serviços de aplicativos em nuvem em 2023, com o setor financeiro sendo um dos
principais contribuintes.
Portanto, as plataformas em nuvem vão além de um simples local de
armazenamento. Elas são um modelo capaz de potencializar a inovação nos
negócios de soluções financeiras atuais para atender as crescentes demandas
técnicas, juntamente com os desafios de segurança cibernética.
A tendência é que as organizações adotem estratégias multicloud – combinação de
nuvens públicas e privadas –para otimizar o desempenho, reduzir o bloqueio de
fornecedores e melhorar a resiliência. Esses tipos de plataformas permitem que
a experiência do cliente em vendas, atendimento e marketing esteja
perfeitamente alinhada, ajudando a expandir e transformar os recursos digitais.
A combinação de plataformas em nuvem, Open Finance e IA continuarão a abrir as
portas para a inovação e colaboração, liberando o potencial para oferecer
serviços mais personalizados, ágeis e acessíveis. No entanto, as estratégias de
segurança e interoperabilidade devem ser reforçadas, juntamente com a educação
adequada dos clientes sobre a utilidade e o valor dos seus dados e informações,
para que tenhamos cada vez mais sistemas resilientes, inclusivos e dinâmicos.
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