Você sabia que o carro autônomo do Google coleta quase 1GB
de dados sobre o seu entorno por segundo? Já os veículos conectados, rodando
pelas ruas e estradas, geram cerca de 25GB de dados por dia. As informações
coletadas durante os deslocamentos por sistemas computadorizados de bordo,
conexões celulares integradas e outras conexões em rede (como Bluetooth) podem
transformar seu carro em uma verdadeira mina de ouro de informações pessoais e
dados de direção.
Analistas estimam que a monetização de dados do setor
automotivo pode gerar um valor de US$ 1 trilhão nos próximos 10 anos.
Montadoras, seguradoras, empresas de telecom, entre outras, estão atentas a
esse novo mercado, assim como os hackers, principalmente com o avanço da
Inteligência Artificial, que vai impulsionar o compartilhamento de dados e o
modo como as empresas interagem com os motoristas.
Todos lucram com inteligência nas rodovias
Com inteligência nas estradas, as concessionárias vão ganhar
agilidade, precisão e capacidade de gerenciar os dados, oferecendo um melhor
serviço. Se um carro sofrer uma falha mecânica e parar no meio da rodovia, com
câmeras e conectividade em poucos minutos o socorro será acionado, e sem que
seja preciso pedir ajuda por telefone, por exemplo, um veículo de apoio da
concessionária chegará para levar o passageiro a um local seguro.
Além disso, atualmente soluções de IA já analisam imagens
transmitidas pelas câmeras de monitoramento da rodovia, e identificam situações
de risco, como um veículo parado no acostamento. De forma autônoma, a IA envia
um alerta visual e sonoro ao Centro de Comando e Controle (CCO), gerando a
abertura de uma ocorrência aos operadores.
E as montadoras também querem usar esses dados para melhorar
a segurança nas estradas, verificar as condições do veículo e aprimorar o
relacionamento com os clientes, mas também os querem compartilhar com
terceiros. Mas, para isso, precisam garantir a proteção dos dados do condutor,
já que essas tecnologias geram uma quantidade significativa de informações que
podem ser vistos por cidadãos como confidenciais e pessoais (por exemplo, rotas
frequentemente percorridas e endereços visitados), e não colocar em risco o
funcionamento do veículo.
A conectividade e os riscos chegam às estradas
Uma das obrigações previstas para o leilão do 5G, realizado
em 2021, é a ampliação da cobertura de internet em até 48 mil quilômetros da
malha viária brasileira, com roaming obrigatório. A iniciativa permitirá que
usuários de uma operadora tenham conexão em uma região onde a operadora
contratada não dispõe de cobertura. O Governo Federal também vem trabalhando
para ampliar a cobertura 4G nas rodovias. Mas não há uma previsão exata de
quando essa conectividade estará implementada.
E com isso voltamos aos dados gerados pelos veículos. Quais
são os maiores riscos? Nossos técnicos indicam que a maior preocupação está na
possibilidade de ataques de hackers, por conta do acesso direto de terceiros às
funções do veículo, já que cada nova interface de dados externa aumenta o
número de alvos potenciais e pontos de entrada.
Atualmente, os veículos contam com diversos pontos de
conexão, como comunicação com a nuvem, servidores do fabricante e de terceiros,
aplicativos como Google Car e CarPlay, da Apple, e muitos outros. Uma brecha
pode permitir o roubo de um carro ou o destravamento remoto de uma porta, por
exemplo, além de criar oportunidades de fraude ou roubo de dados pessoais.
O risco também envolve funções críticas de segurança, como
frenagem, que podem ser afetadas negativamente pelo uso de recursos do veículo
e de sua capacidade de computação ao rodar aplicativos de terceiros não
aprovados, provocando até mesmo uma falha no sistema.
Para proteger os dados do carro contra acesso não
autorizado, tecnologias de autenticação e criptografia devem ser usadas para
garantir que o remetente e o destinatário das informações geradas pelo veículo
sejam devidamente autenticados e que os dados armazenados nos servidores sejam
criptografados com segurança.
Como garantir a segurança dos dados
Certamente com o avanço da adoção de inovadoras tecnologias teremos rodovias mais sustentáveis e conectadas. Projetos para implementação de infraestrutura para receber carros elétricos e autônomos já estão em andamento. Temos espaço e demanda para a oferta de uma mobilidade mais inteligente, o que vai resultar em mais segurança e melhor experiência nas estradas.
E, para isso, precisamos de tecnologia. Mas, ao mesmo tempo, consumidores estão se tornando mais conscientes dos riscos de certas tecnologias em seus equipamentos automotivos. Ao tornar a privacidade e a segurança uma prioridade em seus produtos – e comprovar que os requisitos de cibersegurança estão em conformidade com normas nacionais e internacionais, apresentando auditorias e certificações - as montadoras e provedoras de serviços de telecom poderão alavancar a adoção dos carros autônomos.
Eduardo
Gomes - Gerente de Contratos na TÜV Rheinland
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