Desde a popularização da Inteligência Artificial, viu-se que
era possível produzir muito mais conteúdo com um investimento menor. No
contexto da produção de conteúdo digital, por exemplo, é mais barato e rápido
escrever um texto com IA do que pagar um redator. Além disso, como as IAs se
baseiam em grandes conjuntos de dados, dependendo da maneira como são
formuladas as perguntas ou as requisições aos sistemas, é possível obter
respostas bem alinhadas à expectativa do público. O problema é que esse
conteúdo acaba ficando padronizado, quase “sem graça”. Ainda que os avanços
tenham sido enormes nos últimos anos, os sistemas ainda não são inteiramente
capazes de gerar textos impactantes ou persuasivos, e isso é fundamental para a
publicidade, por exemplo.
Segundo Renata Ramisch, linguista computacional da Redação
Nota 1000, a IA nem sempre consegue compreender
o contexto mais amplo ou sensível, o que pode gerar trechos inadequados ou até
mesmo preconceituosos. Outro problema é que sistemas de Inteligência não são
projetados para ter senso crítico, o que pode ter impactos negativos na
produção de textos em larga escala. Por fim, é preciso pontuar a dependência
desse tipo de sistema que estamos desenvolvendo pode nos levar a negligenciar o
necessário aprimoramento das nossas capacidades de escrita.
A correção dos erros nesses sistemas é automática e
instantânea, o que economiza tempo em relação a uma revisão manual. No entanto,
sistemas de IA precisam ser tratados como uma ferramenta, e não como uma
substituição do trabalho humano, porque a responsabilidade sobre o conteúdo
continua sendo do humano que escreveu o texto.
Ramisch comenta que “às vezes, até mesmo pessoas que escrevem muito bem e que fazem isso com frequência se deparam com o problema de não saber exatamente como dizer alguma coisa ou de como lidar com trechos truncados ou difíceis de entender. Nesses casos, a IA pode ser útil, porque é possível pedir sugestões de reescrita inclusive definindo na pergunta aspectos como gênero, contexto, área específica de textos especializados. Essa capacidade de análise contextual permite que a IA compreenda o tom, a voz e as preferências do autor, fornecendo feedback específico para além da simples correção técnica. O resultado ainda precisa ser filtrado pelo humano de acordo com o objetivo e o público-alvo do texto, mas isso facilita a escrita e oferece a oportunidade de visualizar novas formas de construir textos.”.
Ponto de atenção
Ainda segundo a linguista, o cuidado que se precisa ter é
que textos produzidos por IA tendem a ser padronizados, utilizando mais ou
menos a mesma estrutura. Para escrever um texto autoral, que use a linguagem de
forma criativa, ainda é necessário desenvolver a habilidade de escrita própria
do humano, sem usar exclusivamente a saída da IA. Ainda, a interpretação sutil
de nuances e o contexto específico na linguagem muitas vezes exigem a
perspicácia humana.
Inteligência Artificial como ajuda
A IA pode ajudar bastante no aprendizado e na melhoria da desenvoltura dos usuários com a escrita, mas para isso é necessária uma abordagem interativa na hora de usar essas ferramentas. Não adianta você pedir um texto para a IA e sequer dar uma olhada na saída antes de usar, isso é pouco útil em termos de aprendizado. No entanto, se a usuária ou o usuário quiser de fato desenvolver a sua habilidade, uma maneira de fazer isso é escrever um texto e pedir para a IA corrigir ou reescrever adaptando ao gênero e ao contexto.
Depois, pode-se fazer uma comparação da entrada e da saída para ver onde foram feitas as melhorias. Outra possibilidade é pedir para o sistema fazer uma avaliação qualitativa do texto e indicar pontos de melhoria. Em geral, a resposta é bastante boa nesse caso e pode evidenciar os pontos que ainda precisam de melhorias.
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