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quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Entidades mobilizadas pelo fim da violência Infantil lançam relatório em Brasília

 

Articulação chama à atenção para emendas na LDO que aumentariam a proteção às crianças

 

Lançado ontem, em simpósio na Câmara dos Deputados, o relatório Atitudes e percepções sobre a infância e violência contra crianças e adolescentes no Brasil. Elaborado pela Vital Strategies, o material traz uma análise inédita dos dados da Pesquisa Nacional Sobre Maus-tratos e Violência Contra Crianças e Adolescentes, conduzida em 2021 pelo Instituto Galo da Manhã e pela Fundação José Luiz Egydio Setúbal, com apoio a Ipsos. O documento visa compreender o comportamento da população brasileira, ampliar a conscientização para danos e construir um compromisso nacional pelo fim da violência às novas gerações. 

O relatório busca compreender o contexto da violência contra crianças e adolescentes no Brasil e conhecer as percepções da população sobre práticas consideradas educativas e que, na verdade, são violentas. Para Sofia Reinach, Gerente da Área de Prevenção de Violências da Vital Strategies, “o estudo mostra que a prática de violência contra crianças e adolescentes ultrapassa gerações e é tratada, culturalmente, como um assunto de família que não deve sofrer interferências externas. Esse pensamento leva ao alarmante dado de que 64% da população brasileira não tomaria nenhuma atitude ao presenciar uma ação de violência do tipo. É urgente o fortalecimento dos serviços de atendimento às vítimas e de suporte às famílias, além da ampliação das ações de conscientização e engajamento da população com relação ao enfrentamento desse grave problema.” 

O debate acontece enquanto tramita o Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN) 4/2023, conhecido como a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o próximo ano fiscal. A Coalizão Brasileira pelo Fim da Violência contra Crianças e Adolescentes, uma articulação nacional com 68 organizações da sociedade civil, está trabalhando ativamente junto aos congressistas para apresentar emendas ao texto da LDO, com o objetivo de fortalecer ainda mais os investimentos públicos na prevenção e resposta a essas violências. Essas emendas contam com o apoio do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente.  

 

Direitos e Deveres

A população, em sua maioria, tem uma percepção favorável aos direitos da infância: 96% - 98% acreditam que as crianças devem se dedicar aos estudos, esportes e lazer. No entanto, algumas percepções sobre trabalho fora de casa e responsabilização por tarefas domésticas mostram contradições:

  • 82% da população acha que é certo que adolescentes entre 14 e 18 anos trabalhem fora de casa.
  • 49% acham que aqueles com idades entre 11 e 13 anos já podem assumir a reponsabilidade por atividades domésticas. 18% acham que essa responsabilização já pode começar na faixa dos 4 aos 10 anos.

 

Espectro da violência e comportamento intergeracional

  • 27% da população acredita que castigo é sempre melhor do que diálogo e 48% acreditam que educação rígida e severa é a melhor preparação para a vida adulta.
  • 25% acreditam que dar tapas é uma prática educativa aceitável, sendo que 52% já tomaram essa atitude com suas crianças e 67% vivenciaram a prática na infância.
  • 16% acreditam que bater com objetos é uma prática educativa aceitável, sendo que 38% já tomaram essa atitude com suas crianças e 67% vivenciaram a prática na infância.
  • A parcela da população que mais vivenciou violência na infância concorda 2 vezes mais com práticas violentas do que a parcela que menos experienciou violências na infância.
  • Quem vivenciou mais violência na infância também usa práticas violentas até 2,5 vezes mais com suas crianças.

 

Comportamento em relação ao enfrentamento da violência

  • Ao presenciar uma ação de violência contra uma criança ou adolescente, 64% da população brasileira não tomaria nenhuma atitude.
    22% por acharem que “cada um toma conta da própria vida”
  • 25% por “não terem conhecimento dos motivos da violência”
  • 17% gostariam de intervir, mas ficariam constrangidos ou com medo

 Conheça o relatório aqui


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