No último sábado (11/11), a apresentadora Ana
Hickmann, de 42 anos, acionou a Polícia Militar e registrou um boletim de
ocorrência contra o marido, o empresário Alexandre Correa, de 51 anos, por
lesão corporal e violência doméstica. O caso ocorreu durante a tarde, após uma
discussão na casa onde eles vivem na cidade de Itu, interior de São Paulo.
Ana Hickmann, contou que estava na cozinha com o
marido, o filho, de 10 anos, e funcionários quando a discussão começou. Depois
que o filho saiu do cômodo por causa da briga, Alexandre teria pressionado a
modelo contra a parede e ameaçado dar cabeçadas nela. Ana conseguiu afastar o
marido, mas, ao correr para pegar o celular, que estava na área externa da
casa, ele fechou a porta de correr que separava os ambientes pressionando seu
braço esquerdo.
Alexandre Correa desmentiu a violência, admitindo
apenas um desentendimento, mas negou "maiores consequências". Apesar
disso, não se apresentou à PM. Quando as autoridades policiais chegaram à casa
da apresentadora, o agressor já tinha saído, o que impediu a possível prisão em
flagrante.
A medida adotada pela apresentadora, de chamar
imediatamente a polícia e registrar o boletim de ocorrência foi acertada,
segundo a advogada, sócia-fundadora do Marília Golfieri Angella – Advocacia
Familiar e Social, especialista em Direito de Família, Gênero e Infância e
Juventude, mestre em Processo Civil pela Faculdade de Direito da USP, porque
estes são os primeiros passos para um processo judicial contra o agressor.
Veja em 4 passos como
denunciar violência doméstica:
- Chame
a polícia ou
procure qualquer socorro possível (193, do Corpo de Bombeiros; 190, da
Polícia Militar; ou 197, do Disque Denúncia), e denuncia de imediato a
agressão. Se o agressor for capturado, poderá ser preso em flagrante, como
prevê a Lei Maria da Penha.
- Aja
rápido. Vá
até uma delegacia de polícia e registre a ocorrência. Algumas lesões podem
desaparecer logo. Quanto mais rápido agir, mas opções a polícia tem para
te proteger.
- Colabore
com a polícia dando detalhes do caso, faça exame de corpo de delito, se
necessário.
- Se
possível, faça imagens que comprovem o que aconteceu
e apresente testemunhas.
- Tenha
coragem de denunciar! Você pode estar salvando sua vida e a vida
das pessoas que moram com você.
Avanços nas leis de proteção à
mulher
Desde o mês de abril deste ano, as Delegacias
Especializadas de Atendimento à Mulher (Deam) passaram a funcionar 24 horas por
dia, inclusive em feriados e finais de semana. Além disso, é obrigação do Poder
Público fornecer acompanhamento psicológico e jurídico à mulher vítima de
violência. O registro da ocorrência e atendimento deve ser realizado em salas
fechadas e, preferencialmente, por policiais do sexo feminino. Essa regra
também vale para os municípios que não possuem delegacia especializada no
atendimento à mulher.
Marilia explica que é função das DEAMs realizar
ações de prevenção, apuração, investigação e enquadramento legal da violência
doméstica. “É nessa delegacia, por exemplo, que se pede medida protetiva de
urgência. A polícia tem até 48 horas para enviar o pedido ao juiz, que também
tem 48 horas para responder ao pedido da ofendida. É importante destacar que a
mulher não precisa estar acompanhada de advogado para solicitar esse tipo de
proteção”, diz.
“Se a mulher tiver sofrido agressão física, será encaminhada
para o exame de corpo de delito. Algumas delegacias têm médicos no próprio
local. Quando não há um especialista na delegacia, a vítima é encaminhada para
um hospital, onde será feito o exame. Além disso, se a vítima achar que
ela ou os filhos correm riscos, pode-se solicitar encaminhamento para uma casa
abrigo, onde ficará protegida”, afirma Marilia Golfieri Angella.
No caso de a agressão ser contra uma conhecida,
amiga ou vizinha, também pode-se registrar ocorrência. A Lei Maria da Penha
trouxe uma modificação sobre lesão corporal, que antes dependia de
representação só da vítima. Agora é possível seguir com o processo penal mesmo
que a vítima não dê queixa. “Se você conhece alguém que foi agredida, ajude
esta mulher acionando a polícia. Muitas vezes que metemos a colher na briga de
marido e mulher, salvamos uma vida.
A advogada ainda faz um alerta: “se faz necessário
debatermos, enquanto sociedade, sobre o quão vulnerável é a vida da mulher
diante da estrutura machista na qual estamos inseridas. Ainda habita no
consciente coletivo a ideia de que a mulher é propriedade do homem e, por isso,
ele pode invadir e agredir o corpo dela quando quiser”, defende.
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