Nos últimos anos, participei em inúmeras reuniões, apresentações e discussões sobre o sistema de saúde brasileiro que revelaram um cenário permeado por dificuldades, distorções e desafios complexos. Infelizmente, muitas vezes essas questões foram abordadas de maneira simplista e tendenciosa, comprometendo a profundidade da compreensão.
Lamentavelmente, esse panorama se estende à assistência à
saúde, onde a distância entre a demanda crescente e a capacidade de fornecer
cuidados continuamente se amplia. Os recursos limitados disponíveis são
frequentemente desperdiçados em investimentos pouco eficazes, agravando ainda
mais a situação.
Em um contexto tão intrincado, é crucial reconhecer que
cada decisão mal embasada tem o potencial de desencadear consequências
catastróficas. Nesse ambiente desafiador, a busca por elementos que reduzam a
incerteza nas tomadas de decisão se torna uma necessidade premente. Contudo, a
complacência emergiu como uma barreira significativa, minando o senso de
urgência, a capacidade de resposta ágil e a velocidade de inovação tão vitais
no setor da saúde.
Nesse mundo em constante aceleração, segundo o pensador
Kotler, criar um senso de urgência entre os indivíduos é uma parte fundamental
da liderança necessária para promover uma mudança organizacional bem-sucedida.
A triste realidade é que a complacência que enraizou no
setor de saúde brasileiro gerou consequências profundas para seu desempenho. À
medida que o tempo avança, o sistema enfrenta uma escalada progressiva dos
problemas, e são os usuários desse sistema que mais sofrem com essa situação
alarmante.
Vale ressaltar que diversos países ao redor do mundo estão
imersos em discussões acerca da evolução ou construção de sistemas de saúde que
estejam alinhados aos princípios fundamentais, tais como: garantir um nível
mínimo desejável de qualidade nos serviços, assegurar um acesso sem restrições
indevidas, justificável e equitativo, e manter um custo máximo suportável pela
sociedade.
Nesse contexto, a urgência no Brasil se concentra na
necessidade de harmonizar a assistência à saúde com os três pilares essenciais
de sua estrutura: acesso, qualidade e custo. O desafio premente é ajustar esses
pilares às necessidades reais dos usuários, otimizando sabiamente os recursos
disponíveis.
É importante destacar que um mero aumento nos
investimentos em saúde pode não ser suficiente, se não for acompanhado pela
abordagem das ineficiências técnicas, produtivas e de alocação de recursos
presentes em nosso sistema de saúde.
Por outro lado, é importante reconhecer que é viável
construir um sistema de saúde que priorize e valorize as necessidades dos
cidadãos. No entanto, tal empreendimento só se concretizará se a busca por
interesses individuais ou de grupos restritos for deixada de lado.
Historicamente, os prestadores de serviços de saúde no
Brasil têm empregado abordagens diversas e desorganizadas para a divulgação de
informações de desempenho e qualidade da assistência. Essa disparidade tem
gerado inquietações quanto à confiabilidade, utilidade e possibilidade de
comparação desses dados.
O desafio atual reside na criação de diretrizes nacionais
que estabeleçam padrões robustos de qualidade, bem como na amplificação da
disseminação de informações, com o intuito de criar convergência entre a
divulgação e as necessidades reais de saúde das populações atendidas.
Um progresso significativo depende da participação ativa
de uma sociedade consciente e de representantes políticos íntegros e
comprometidos, capazes de impulsionar essas mudanças tão necessárias para o
bem-estar de todos. Este é um passo crucial para garantir um sistema de saúde
que não apenas atenda aos princípios essenciais, mas também promova o bem-estar
e a confiança de todos os cidadãos.
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