Cigarrinha-africana, Leptodelphax maculigera
Dados iguais aos
que são levantados por tecnologias como as armadilhas de monitoramento com
inteligência artificial, por exemplo, serão fundamentais para traçar passos e
ter informações importantes sobre a praga no Brasil e como melhor manejá-la
Lá fora ela já é velha conhecida, mas por aqui
ainda é novidade. O primeiro caso registrado no Brasil da Cigarrinha-africana, Leptodelphax
maculigera, foi este ano em Goiás, seguido pelo Rio Grande do Sul e
mais recentemente confirmado também no Paraná. Mas, segundo o entomologista da
Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Glauber Stürmer, é só uma questão de tempo
para a praga ser oficialmente encontrada nas principais regiões produtoras de
milho. Diferente da “prima”, Dalbulus maidis, conhecida como
Cigarrinha-do-milho, esta espécie possui potencial de dano e número de
exemplares menores. Contudo, conforme o próprio pesquisador relata, será
preciso estudo e pesquisa para mensurar o seu real potencial de infestação e
prejuízos.
Essa cigarrinha, como o próprio nome já diz, tem
origem em ilhas do continente Africano, e conforme relatado lá fora, também
pode transmitir o complexo de enfezamento com incubação de vírus e bactérias.
“Morfologicamente são três as diferenças de uma cigarrinha para outra. Até o
momento presumimos que potencial de danos também seja parecido”, relata o
especialista. Em outros países a Cigarrinha-africana é bastante problemática em
gramíneas, principalmente capim. Em Goiás, já está presente em sorgo,
capim-elefante e até no feijão. “Então, o que nos preocupa um pouco mais é essa
característica de infestação em diferentes plantas”, aponta Stürmer.
Para o entomologista, esta é mais uma praga do
sistema que veio para ficar. Dessa forma, é fundamental monitorar, gerar
informações de manejo, entender hospedeiros e seu comportamento, além da
biologia. “Todas essas características são os próximos desafios para poder
começar a responder aos questionamentos”, completa.
Ferramentas de manejo
De acordo com o entomologista, basicamente, hoje as
ferramentas de manejo para as cigarrinhas estão alicerçadas em tolerância
genética dos híbridos de milho, manejo químico e biológico e a integração de
algumas outras táticas. “Por exemplo, sincronização no processo de semeadura, a
redução de ponte verde na questão de milho tiguera, que emerge
involuntariamente. Todos esses aspectos devem ser preconizados, porque não
existe uma solução única e sim a integração de ações. Mesmo o controle químico,
tem uma performance baixa para o controle dessas espécies”, alerta.
É nesse aspecto que algumas empresas estão na busca
por ferramentas que possam integrar esse “plano de ataque”. A agtech Tarvos,
por exemplo, disponibiliza ao produtor e ao setor, um equipamento de
monitoramento que atrai e captura a cigarrinha do milho. Essas armadilhas
inteligentes atraem os insetos com uso de feromônio ou luz, além disso, contam
com uma câmera que faz o registro diário dos insetos capturados e transmite os
dados via satélite. Os algoritmos de reconhecimento de imagem permitem o
monitoramento em tempo real e on-line, medindo a dinâmica populacional de forma
constante e simultânea.
“As imagens coletadas são processadas na própria
armadilha, transformadas em relatórios e enviadas para os tomadores de decisão
em vários formatos, sendo mais analitico e como alerta via WhatsApp. Esses
dados são usados para análises e tomadas de decisões para o melhor momento de
entrada com defensivos biológicos e/ou químicos”, diz Carolina Suffi, diretora
de Marketing e Negócios Estratégicos da Tarvos.
A tecnologia da agtech está sendo testada por
Stürmer no RS para o manejo da Cigarrinha-do-milho. No caso da africana, os
algoritmos da ferramenta já estão sendo treinados para reconhecer a praga e
conforme adiantou o entomologista, tão logo a população dela aumente, a armadilha
também poderá ser utilizada para sua identificação.
“A facilidade na identificação feita pelo
equipamento nos ajuda, a informação em tempo real, sem a necessidade da
presença do técnico a campo também. Assim, é possível tomar as medidas de
manejo mais precoces e mais assertivas. Por consequência, tendo uma
rentabilidade melhor da cultura, evitando perdas potenciais dos insetos”, diz o
especialista.
Tarvos S.A.
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