No Dia Nacional da
Doação de Órgãos (27), o CROSP destaca a importância dos cuidados orais para o
sucesso das transplantações
O transplante de órgãos é um procedimento cirúrgico
que consiste em substituir um órgão doente ou danificado por um órgão saudável
de um doador. Vários órgãos podem ser transplantados, como coração, pulmão,
fígado, rim, entre outros. Recentemente, muito falou-se da importância da doação
de órgãos em função do caso do apresentador Fausto Silva, o Faustão, que passou
por um transplante de coração e impulsionou o interesse do brasileiro pelo
tema, tanto que houve um aumento de 128% nos registros em cartório de
indivíduos que desejam ser doadores de órgãos.
Contudo, para o sucesso do transplante alguns
cuidados orais são fundamentais no período que antecede, durante e após o
procedimento, como enumera o Cirurgião-Dentista Dr. Fabio de Abreu Alves, Prof.
da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP), presidente da
Câmara Técnica de Estomatologia do Conselho Regional de Odontologia de São
Paulo (CROSP) e Diretor do Departamento de Estomatologia do Hospital AC
Camargo.
1. Consultar um
Cirurgião-Dentista antes do transplante
De acordo com Dr. Fabio, é recomendado realizar uma
consulta odontológica antes do transplante para avaliar a saúde bucal e tratar
quaisquer condições existentes, como cárie, infecções ou doença periodontal. Da
mesma forma, dentes irreparáveis devem ser extraídos. Todo e qualquer foco de
infecção na boca deve ser removido antes do transplante. “É Importante
ressaltar que a maioria dos hospitais tem o Cirurgião-Dentista junto à equipe
que vai realizar o transplante”.
O especialista esclarece que o tratamento de
infecções orais como gengivite, periodontite ou infecções de origem endodôntica
devem ser tratadas para evitar a disseminação de bactérias na corrente
sanguínea.
2- Cuidados durante o
transplante
Muitos tipos de transplantes, segundo Dr. Fabio,
requerem avaliação diária do Cirurgião-Dentista. Neste período, o paciente se
apresenta com intensa imunossupressão e pode desenvolver infecções virais,
bacterianas e fúngicas na boca. “O Cirurgião-Dentista deve realizar o diagnóstico
e tratamento destas infecções. Especificamente no transplante de células tronco
hematopoiéticas, o regime de condicionamento pode causar mucosite, que são
feridas doloridas decorrentes da quimioterapia. Também temos a função de
prevenir e amenizar a mucosite oral”, esclarece Dr. Fabio.
3. Cuidados após o transplante
Pacientes transplantados e que recebem
imunossupressores também apresentam maior risco para desenvolver infecções
orais. Portanto, consultas regulares com o Cirurgião-Dentista são importantes,
lembra o especialista. “Se o paciente usa prótese dentária, é importante
garantir que ela esteja limpa e bem ajustada, para evitar irritações”.
Por fim, Dr. Fabio cita a doença do enxerto versus
o hospedeiro. Trata-se, segundo ele, de uma complicação potencial após um
transplante de células-tronco hematopoiéticas. “É uma reação adversa em que as
células imunológicas do enxerto (transplante) atacam os tecidos do hospedeiro
(a pessoa que recebe o transplante). Isso ocorre porque o sistema imunológico
do doador reconhece os tecidos do receptor como estranhos e desencadeia uma
resposta inflamatória. Sua forma crônica ocorre após 100 dias do transplante e
afeta, principalmente, a pele, a boca, glândulas salivares e os olhos, mas
também pode afetar outros órgãos”.
O controle desta reação, segundo Dr. Fabio, é
fundamental para melhor qualidade de vida do paciente.
O CROSP incentiva a doação de órgãos e reforça a importância das visitas regulares ao Cirurgião-Dentista.
Conselho Regional de Odontologia de São Paulo - CROSP
www.crosp.org.br
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