Mudanças devem entrar em vigor em 180 dias, mas a comunidade médica já comemora a modernização
Após uma longa discussão que durou mais de 3 anos
com sociedades e profissionais da área, o Conselho Federal de Medicina anunciou
novas regras específicas para a publicidade médica. Agora, o especialista pode
explorar muito mais as redes sociais para expor o seu trabalho, mostrar a
estrutura que possui, equipamentos e até imagens de seus pacientes, o famoso
antes e depois, desde que seja autorizado por escrito. Repostar elogios e
depoimentos também está permitido, desde que feito de maneira clara sem induzir
ou prometer resultados.
Para Ícaro Samuel, cirurgião plástico que é membro
fundador da Associação Brasileira de Cirurgiões Plásticos (BAPS), membro
titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e da Sociedade
Americana de Cirurgia Plástica (ASPS), a mudança é benéfica e deve ser
comemorada. “A comunidade médica aguardava por isto, os decretos que regulam a
nossa publicidade eram bem antigos e essa modernização era necessária. Nem fake
news a gente conseguia combater, então essa liberação vai ser benéfica para
informar a sociedade de forma correta e responsável”, diz.
De acordo com o Conselho Federal de Medicina, além
da permissão para o médico mostrar o seu trabalho, a nova resolução também
autoriza a divulgação dos preços das consultas, a realização de campanhas
promocionais e investimentos em negócios não relacionados à área. Em alguns
procedimentos, como nos partos, a captura de imagens só pode ser feita por
terceiros para não colocar em risco a segurança do paciente.
Mayla Carbone, médica dermatologista membro da
Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), destaca que é essencial acelerar as
atualizações que se referem ao exercício da medicina. “Em 2011, muitas redes
sociais que conhecemos hoje, sequer existiam e podemos esperar pelo surgimento
de novas ferramentas no horizonte. Acredito que ao otimizar nosso trabalho,
estamos contribuindo para fornecer informações confiáveis aos pacientes,
ajudando-os a evitar a disseminação de notícias falsas”, aponta.
Continuam proibidos o ensino de técnica médica a
profissionais de outras áreas, imagens não podem ser manipuladas e o paciente
não pode ser identificado. A intimidade e a segurança de cada um devem ser
sempre preservada e apesar da liberdade nos anúncios, a responsabilidade e o
combate ao sensacionalismo vêm em primeiro lugar.
A Resolução CFM 2336/2023 entra em vigor 180 dias
após a publicação oficial em 13 de setembro.
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