Estudos científicos comprovam que o mindfulness pode melhorar a saúde física e mental
Existe
comprovação de que o mindfulness melhora a performance? Antes de responder a
essa pergunta, vamos refletir sobre o que é mindfulness e o que é performance.
Mindfulness,
no meu ponto de vista, é muito mais do que um conjunto de práticas; é um modo
de vida, é prestarmos atenção, com consciência e sem julgamento, ao que estamos
fazendo agora. Mas o que é prestar atenção com consciência? É focar em uma
coisa de cada vez, é estar totalmente engajado no que você está fazendo, sem se
distrair pensando no que precisa ser feito e no que já passou. A expressão “sem
julgamento” é muito importante, pois pode ser uma das chaves com relação à
performance.
Considere
que você está prestando atenção ao desenvolvimento de uma atividade no
trabalho, como a elaboração de uma proposta, uma planilha ou atendendo um
cliente, um paciente. Se essa ação for desenvolvida sem nenhuma outra em
paralelo, de modo que você esteja totalmente focado na atividade, você age “sem
julgamento” quando executa essa ação sem a “ruminação mental”. Ou seja, quando
você desenvolve a atividade sem ficar pensando “está bom”, “não está” e
acredita no seu potencial, prova aquele gostinho de “estou fazendo o meu
melhor”.
Outros
casos de atitudes mindful sem julgamento que gosto de citar estão relacionados
ao nosso dia a dia. Por exemplo, ao passar por uma pessoa conhecida, mas ela
não te cumprimenta, você pode começar a pensar “puxa, essa pessoa é uma
grossa”, “puxa, ela não gosta de mim”, mas, na verdade, a pessoa pode realmente
não ter te reconhecido ou estava tão absorvida com seus próprios pensamentos
que nem te viu passar. Se, nesse caso, você agisse sem julgamento, simplesmente
pensaria: “Passou, não me viu e sigo adiante”.
O
comportamento mindful sem julgamento, muitas vezes, está mais relacionado ao
autojulgamento do que ao julgamento dos outros. Porém, é importante também
reparar na sua conduta em relação ao mundo externo, pois esse tipo de
julgamento é o sentimento concebido sem exame crítico, assumido em consequência
da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio
externo.
Em
resumo, agir sem julgamento é perceber o fluxo da mente (bom/mau/neutro) e não
tentar pará-lo, mas apenas estar ciente dele.
Esse
estado de ser mindful é alcançado quando você pratica mindfulness diariamente.
Nesse caso, podemos comparar essa prática ao hábito de fazer exercícios. Se
queremos correr bem, precisamos correr por um período de tempo e com
regularidade, e assim é com a prática de mindfulness.
Mindfulness
consiste em exercícios que envolvem o foco na respiração, na percepção do
corpo, em sons ou visualizações e têm uma duração de 10 a 20 minutos. As
práticas normalmente são guiadas e realizadas com áudios e/ou aplicativos, como
Meditopia, Headspace, Calm, Lojong, Insight Timer, Ten Percent Happier. Podem
ainda ser realizadas em silêncio ou de maneira contemplativa. É importante
praticar mindfulness todos os dias, pois esse é o exercício mental que faz com
que você crie o hábito de viver no modo mindful.
Sara Lazar, neurocientista do
Hospital Geral de Massachusetts e da Escola de Medicina de Harvard, foi uma das
primeiras estudiosas a mostrar que o cérebro muda com a prática de mindfulness.
Ela submeteu praticantes dessa técnica a exames por meio de tomógrafos
computadorizados e descobriu que “os praticantes de mindfulness têm a massa
cinzenta aumentada na região da ínsula e regiões sensoriais do córtex auditivo
e sensorial. O que faz sentido. Quando você tem plena consciência, você está
prestando atenção à sua respiração, aos sons, à experiência do momento presente
e fechando as portas da cognição e assim seus sentidos são ampliados. Também
descobrimos que os praticantes têm mais massa cinzenta no córtex frontal, o que
é associado à memória e à tomada de decisões”.
Muitos
estudos científicos comprovam também que o mindfulness pode melhorar a
saúde física e mental de uma pessoa e aí está a relação dessa prática com
performance.
Compreendido
o que é mindfulness, como definimos performance? A palavra performance
tem sua origem no francês antigo: parformance, de parformer,
accomplir
(fazer, cumprir, conseguir, concluir), podendo significar “levar alguma tarefa
ao seu sucesso”.
Tomando
por princípio que todas as pessoas querem ter uma boa performance na vida,
tanto pessoal como profissional, mindfulness pode nos ajudar a ter mais foco e
resiliência. Por exemplo, uma pessoa bem-sucedida pode ser aquela que sabe se
relacionar bem com sua família e nos demais ambientes sociais. Pela prática de
mindfulness, desenvolvemos condutas de não julgamento, aceitação, empatia,
confiança, compaixão, gratidão e generosidade que são citadas nas atitudes
mindfulness criadas por
Jon Kabat-Zinn, o “pai” do mindfulness no mundo ocidental.
Mas
por que atitudes como essas nos levam a ter um melhor desempenho? Ora, porque
você terá maior controle sobre suas emoções e conseguirá pensar antes de agir,
atuando como uma testemunha imparcial de sua existência. Ao aumentar o
autocontrole, é possível perceber suas emoções antes de reagir e ter uma melhor
eficiência nas tomadas de decisões.
E
assim chegamos à relação entre mindfulness e uma boa performance na vida
profissional, pois praticá-lo implica diretamente o desempenho, gerando aumento
da criatividade e produtividade, promovendo uma liderança positiva, por meio de
comunicação mais eficaz, e provocando melhoria nos relacionamentos e maior
motivação e satisfação com o trabalho. Grandes corporações e instituições, como
Harvard, Stanford, Google, Facebook, Intel, Nike, General Mills, Target, Aetna
e The New York Times já incorporaram o mindfulness em seu cotidiano.
Dessa
forma, concluo dizendo que eu mesma sou exemplo de como o mindfulness ajuda a melhorar
a performance, pois desde que comecei a praticá-lo, em 2014, tenho conseguido
enfrentar com mais resiliência e positividade os desafios que ocorrem na vida
pessoal e na profissional
Andrea
Rodacki - professora de Mindfulness na FAE Business School
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