Para o sócio
fundador e Ceo da A&S Partners, Wagner S. Moraes, a grande dúvida
gerada é se as outras empresas do segmento estão tomando os cuidados
necessários e se também não estão tomando as mesmas decisões erradas na parte
contábil e transparência nos números
A renúncia do então presidente da empresa
Americanas S.A., em 10 dias em que assumiu o cargo, alegando
"inconsistências em lançamentos contábeis" de R$ 20 bilhões no
balanço da varejista ainda movimentam o mercado. E o como a crise vivenciada
pela companhia listada na B3 abala o setor de varejo no Brasil? Wagner S. de
Moraes, sócio fundador e Ceo da A&S Partners, empresa de negócios voltada
para implementação e reestruturação de operações nas áreas de M&A,
turnaround, project finance, real estate, fintechs, bancos digitais e meios de
pagamentos afirma que o episódio pode sinalizar uma fraude sem precedentes,
abrindo margem para desconfiança por parte de investidores, inclusive, com
outras operações de varejo.
“A cifra é astronômica, pois representa mais que a
metade dos R$ 32 bilhões de faturamento que a empresa teve no ano de 2021. A
divulgação desse "erro de contabilidade" reduziu em até 80% o valor
das ações da empresa negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, e ainda
colocou em dúvida a capacidade da companhia em manter as suas operações da
forma como está hoje, ou seja, o seu futuro é muito sombrio. Isso abala
completamente a sua capacidade de honrar com as suas dívidas, manter os prazos
para as suas compras e reposições dos estoques de mercadorias e sem isso, uma
companhia de varejo dificilmente conseguirá sobreviver. A situação é
gravíssima. A grande dúvida gerada é se as outras empresas do segmento
estão tomando todos os cuidados necessários e se também não estão tomando as
mesmas decisões erradas na parte contábil e transparência nos números. Um erro
desse tamanho é inaceitável, incompreensível e irresponsável. Certamente
afetará as outras empresas do setor de varejo, os balanços serão bem mais
investigados pelos investidores e instituições financeiras, bem como o acesso
ao crédito deverá ser bem mais limitado, o que é muito ruim para o setor”,
afirma.
Recuperação judicial e risco
de falência
O juiz da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro,
Paulo Assed, concedeu uma medida de tutela de urgência cautelar a pedido da
Americanas (AMER3). Essa medida adia a obrigação da varejista de pagar suas
dívidas até que um eventual pedido de recuperação judicial seja feito à
Justiça. O magistrado deu um prazo de 30 dias para que a Americanas peça a
recuperação judicial, se avaliar que é o caso.
Moraes ressalta que este ainda não é um pedido
formal de recuperação judicial. Há ainda um caminho burocrático a ser percorrido
para que a empresa formalize o pedido, como a construção de um plano de
negócios para suportar a recuperação judicial que não traga lesão ou riscos a
credores, que evidencie a capacidade de pagamento da companhia no cumprimento
de suas dívidas e obrigações, dentre outros.
“O próximo passo crucial para a empresa é
justamente entrar com esse pedido. Após a sua formalização, ainda haverá um
rito processual bastante longo até que seja deferido, como a negociação e
manifestação dos credores sobre a aceitação das bases do plano, perícia para
verificar a sua factibilidade, tratamento dos ativos, posição de caixa, dentre
diversos outros pontos. Nós acreditamos que esse processo ainda deverá levar
por volta 12 meses, no mínimo, até que seja deferido dado a complexidade das
operações envolvidas”, afirma.
Para o especialista há, sim, o risco de falência.
“Existe o risco de falência iminente caso o plano de recuperação não seja
aprovado, pois a companhia já está numa posição de insolvência, ou seja, não
possui ativos suficientes para liquidar as suas obrigações”.
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