Estudo que demonstra panorama das startups agro neste ano abrem portas para análises sobre o futuro do setor
Um
dos pilares econômicos do país, o agronegócio brasileiro pode ter um novo
horizonte a partir de 2023. Para estabelecer as perspectivas sobre esse futuro,
é preciso entender o cenário como ele está atualmente e as expectativas dos
especialistas sobre o que está por vir.
Enquanto
surgem conversas sobre um agro mais sustentável para os próximos anos, com
investimentos aplicados em ciência e tecnologia, há também um forte cenário de
startups na área, as chamadas agtechs.
O
potencial dessas empresas inovadoras é demonstrado no levantamento Radar Agtech
Brasil, realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),
SP Ventures e Homo Ludens, com apoio da plataforma Distrito e do Sebrae. O
estudo analisou, entre outras coisas, o mercado de investimentos do setor — que
apontou 2022 como o ano mais próspero da série histórica do relatório, em
termos de volume.
Fernando
Kunzel, sócio da L6 Capital Partners,
boutique de investimentos especializada em Fusões e Aquisições, explica as razões
por trás do sucesso: “O setor agro é, historicamente, a mola propulsora da
nossa economia. No ano passado, o setor representou cerca de 26% do PIB. Por si
só, isso já resulta em mais crédito para a área, mas também estamos vivendo uma
busca maior por soluções inovadoras, o que leva mais crédito especificamente
para startups em estágio inicial”. Trata-se dos estágios de seed e pré-seed,
que, segundo o estudo, são de fato os que mais receberam injeções de capital
recentemente.
Outro
movimento relevante do mercado está no setor de alimentos, que vem ganhando
destaque e deve seguir no mesmo caminho daqui para frente. No caso das
startups, as companhias que tratam desse ramo específico são chamadas de
agfoodtechs.
O
Radar Agtech catalogou 1703 empresas, sempre de base tecnológica, separando-as
em três categorias principais fundamentadas na posição da cadeia produtiva em
que atuam: antes da fazenda (14,2%), dentro (41,4%) e depois da fazenda
(44,4%). A maioria, na terceira categoria, trata principalmente de soluções e
tendências alimentares; ou seja, são as agfoodtechs. Elas receberam, no último
ano, 85% a mais em valor de investimentos global em relação a 2020.
Tendências
“Os
próximos anos parecem estar bem encaminhados em termos de investimentos”,
defende Willian May, engenheiro de produção e sócio na L6 Capital. “Contudo, é
preciso cuidado para sempre acompanhar todas as tendências, não apenas aquelas
voltadas para um ou outro ponto da cadeia produtiva, uma vez que as
necessidades, bem como o capital, podem fluir entre eles”, completa.
Enquanto
o mercado brasileiro de venture capital (VC) acabou por se tornar um dos
principais da América Latina, toda a região é vista como um ecossistema
poderoso para o agro. As agfoodtechs também são populares de forma geral: em
2021, os investimentos em VC para essas startups atingiram US$ 15,7 bilhões na
América Latina, contra US$ 4,2 bilhões em 2020.
Ainda
assim, como Kunzel aponta, outras tendências estão crescendo. O Radar Agtech
identificou que os mercados de Insumos Biológicos, Agfintechs, Marketplace para
o agronegócio e Climatechs são destaques para os próximos anos. Todos vêm
atraindo fluxos de capital do mundo todo e podem atrair ainda mais em breve.
“A
verdade é que o mercado está sendo bastante agressivo no crédito para o agro,
com diversos FIAGROs sendo lançados. É improvável que o mercado recue em 2023,
já que a busca por inovação e tecnologia é de grande importância para o
fortalecimento do agro em todas as suas etapas, e o retorno segue positivo na
maioria dos casos”, conclui Kunzel.
L6
Capital Partners
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