CADI oferece
perspectivas de um futuro melhor para centenas de crianças e adolescentes com
iniciativas direcionadas ao preenchimento de lacunas educacionais no paísMarcos Pratt
A cada ano, milhares de meninos e meninas são
privados do acesso à educação no Brasil. Diversos estudos demonstram que a
violação desse direito básico assegurado pela Constituição tem consequências
sobre muitos aspectos da vida, como: menor empregabilidade, redução da
produtividade, da longevidade e da qualidade de vida, maior exposição a
atividades de risco e empoderamento limitado para a participação na vida
comunitária e cívica. A situação é tão alarmante que o Fundo das Nações Unidas
para a Infância (UNICEF) fez um alerta: é urgente priorizar a educação no país.
Após mais de dois anos de pandemia, um estudo
inédito, realizado pelo Ipec para o UNICEF, constatou que 2 milhões de crianças
e adolescentes de 11 a 19 anos que ainda não haviam terminado a educação básica
abandonaram a escola no Brasil. Eles representam 11% do total da amostra
pesquisada. Realizada neste ano com crianças e adolescentes de todas as regiões
nacionais, a pesquisa revelou que a exclusão escolar afeta especialmente os
mais vulneráveis. No total, 11% dos entrevistados não frequentam a escola. Na
classe AB, o percentual é de 4%, mas na classe DE é 17%, quatro vezes maior.
Quase metade dos entrevistados que não frequentam a
escola (48%) deixou de assistir às aulas para trabalhar, 30% relataram
dificuldades de aprendizagem, 29% desistiram porque a escola não tinha retomado
atividades presenciais e 28% afirmaram ter que cuidar de familiares. Outros
entraves citados foram a falta de transporte (18%), gravidez (14%), desafios
decorrentes de deficiência (9%), racismo (6%), entre outros. A evasão é um
risco real para os estudantes que permanecem na escola. Nos três meses que
antecederam a pesquisa conduzida em agosto deste ano, 21% dos alunos de escolas
públicas pensaram em abandonar a sala de aula.
Capacitação profissional
Para mudar esse cenário, o Centro de Assistência e
Desenvolvimento Integral (CADI Brasil), coalizão de organizações sociais
cristãs, atua prioritariamente na proteção à infância, à adolescência e à
família por meio do desenvolvimento comunitário em regiões de vulnerabilidade
social. “A educação é um direito da criança e do adolescente amplamente
reconhecido em nossa sociedade. Porém, existe uma enorme diferença entre este
direito estar devidamente previsto e descrito em diversas leis em nosso país e
a realidade. Os projetos executados pelas unidades do CADI cooperam para o
enfrentamento deste panorama, com soluções que estimulam o desenvolvimento da
comunidade, provendo o acesso aos direitos de crianças e adolescentes. As ações
executadas nos territórios servidos por nós fortalecem a permanência das
crianças e adolescentes na escola, por meio de um ambiente motivacional
favorável ao protagonismo dos alunos e suas famílias”, afirma Marcel Camargo,
diretor-executivo do CADI Brasil.
Fundada em 2011, a unidade do CADI em Aratuba (CE)
atende crianças e adolescentes de quatro a 17 anos nas comunidades de Matas e
Pindoba por meio de duas iniciativas. Uma delas é o Projeto Capacita Aí,
focado na qualificação profissional e fortalecimento das capacidades pessoais
de adolescentes de 14 a 18 anos, contribuindo para o ingresso destes no mercado
de trabalho, incluindo neste processo o estímulo e conscientização para que os
atendidos estudem até a conclusão do Ensino Médio, e os desafiando para escolha
de cursos técnicos ou graduação, o que fortalece suas perspectivas de
futuro.
Leitura e reforço escolar
Já o Projeto Um Toque de Esperança tem a
finalidade de fortalecer o protagonismo de crianças e adolescentes, contribuir
para sua formação cidadã e para o desenvolvimento de competências pessoais por
meio das oficinas esportivas, culturais, reforço escolar e de práticas de
leitura. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), criado em 2007
reúne, em um só indicador, o fluxo escolar e as médias de desempenho nas
avaliações. A escala do índice varia de 0 a 10 e um bom resultado é, no mínimo,
6. Em 2021, o Ideb de Aratuba para os anos iniciais foi de 0,57, nos anos
finais do Ensino Fundamental foi de 5,3 e, no Ensino Médio, de 3,8.
No mesmo período, o índice de aprendizagem em
relação a portugês, conforme mostra a plataforma do QEdu, foi de 55% nos anos
iniciais, ou seja, 45% tiveram aprendizado básico ou insuficiente, indicando
que precisam de reforço e recuperação de conteúdos. Já os índices nos anos
finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio foram de 36% e 24%,
respectivamente. A análise do aprendizado de acordo com a condição
socioeconômica mostra que, em geral, 37% das crianças e adolescentes de baixo
nível socioeconômico aprendem o esperado em relação a português e 17% absorvem
o conteúdo de matemática. Os alunos de alto nível socioeconômico têm um índice
de aprendizagem de 54% e 35% das duas disciplinas, respectivamente.
Além de possibilitar o acesso ao esporte e à
cultura, o projeto Um Toque de Esperança promove melhorias
na alfabetização, na leitura e na interpretação de textos, estimulando os
beneficiários a permanecer na escola até a conclusão dos estudos. Com isso, os
jovens têm perspectivas de um futuro com mais oportunidades e menos barreiras
para seu desenvolvimento.
https://cadi.org.br/
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