- Levantamento
do Atlas da Juventude, apoiado pelo Itaú Educação e Trabalho, ouviu mais
de 14 mil jovens sobre relações de trabalho e renda depois da pandemia.
Relatório aponta que o estado da saúde mental está diretamente relacionado
às perspectivas de trabalho entre os jovens;
- 78%
dos jovens empregados estão otimistas em relação ao futuro, enquanto
pessimismo é maior entre os jovens que procuram trabalho;
- Mais
de 60% dos jovens relataram que sofrem de ansiedade; entre os que procuram
emprego índice chega a 71%;
- Relatório
foi produzido com dados da terceira edição da pesquisa “Juventudes e a
Pandemia: E agora?”, coordenada pelo Atlas das Juventudes com apoio do
Itaú Educação e Trabalho
Qual é a relação dos jovens com
o mundo do trabalho nesse momento de pós-pandemia? Para investigar o impacto da
crise sanitária na vida profissional das juventudes brasileiras, o Atlas das
Juventudes coordenou a produção do relatório especial “Trabalho e Renda”, com
apoio do o Itaú Educação e Trabalho. O
Relatório Especial de Trabalho e Renda foi lançado na IV Conferência do Mapa
Educação, realizada no último sábado (10), que contou com a presença de
representantes de organizações que participaram da realização da pesquisa.
A pandemia de Covid-19 afetou diretamente as
relações de trabalho, levou a uma queda de renda para muitas famílias e
impactou a saúde mental dos entrevistados. O relatório aponta que o bem-estar
psicológico está estreitamente relacionado às perspectivas de trabalho entre os
jovens. Assim, aqueles que estão procurando trabalho são os
mais fragilizados nesse aspecto. Já os jovens com emprego têm melhores
percepções de futuro para suas vidas, além de serem menos afetados por questões
de saúde mental quando comparados àqueles que procuram trabalho.
O estudo tem como base a terceira edição da
pesquisa “Juventudes e a Pandemia: E agora?”, coordenada pelo Atlas das
Juventudes, com apoio do Itaú Educação e Trabalho, GOYN-SP e UNICEF e realizada
em parceria com Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE), Em Movimento,
Fundação Roberto Marinho, Rede Conhecimento Social, Mapa Educação, Porvir, UNESCO
e Visão Mundial.
Foram analisadas as respostas de 14.510
jovens de 15 a 29 anos que se encaixam em três perfis:
os que estavam trabalhando quando responderam à pesquisa, os
que estavam procurando trabalho e aqueles que não estavam
trabalhando nem procurando trabalho.
O estudo mostra que 40% dos jovens que estão
procurando emprego avaliam o próprio estado emocional como ruim ou péssimo.
Esse percentual cai para 21% entre os que estão trabalhando e para 27% entre os
que não estão trabalhando e não estão procurando trabalho.
No quesito de percepções de futuro para sua
qualidade de vida, 34% dos jovens com trabalho estão parcialmente otimistas e
44% estão muito otimistas, somando 78%. Entre os jovens que
procuram trabalho, os índices de otimismo somam 64%. Dos que não trabalham,72%
estão otimistas ou muito otimistas.
“Para que esse otimismo das
juventudes em relação ao futuro seja ampliado para todos os perfis de jovens,
precisamos proporcionar mais oportunidades para todos. Expandir a oferta de
formação profissional e de inserção no mundo do trabalho são caminhos para isso
e são anseios desses jovens também. As juventudes estão demandando por
ações que viabilizem o desenvolvimento pessoal e profissional a partir de uma
educação que os conecte com oportunidades e ajude-os a construir o próprio
futuro. Precisamos ouvi-las e agir com urgência”, afirma Diogo Jamra, gerente de Articulação e Advocacy do Itaú
Educação e Trabalho.
Entre as ações prioritárias que os jovens cobram de
instituições públicas e privadas para lidar com os efeitos da pandemia no mundo
do trabalho destacam-se ampliar a oferta de cursos de qualificação
profissional, incentivos a projetos das juventudes, incentivo a novas dinâmicas
de trabalho, estímulos para surgimento de novos trabalhos e ações para
ampliação de empregos formais.
“A pesquisa enfatiza a
importância da atenção às demandas das juventudes não apenas no campo da oferta
de emprego, mas também em aspectos correlatos como qualificação profissional e
adoção de perspectivas inovadoras no âmbito das relações de trabalho, que se
conectem a questões como flexibilização de jornada e saúde mental.
Especialmente no cenário de recuperação econômica e efervescência do debate
público em torno de indicadores de desenvolvimento social, bases sólidas de
evidências acerca das especificidades da população jovem são subsídios
fundamentais para a consolidação de políticas de inclusão produtiva de jovens e
consequentes benefícios a toda a realidade socioeconômica do Brasil”, explica Marcus Barão, coordenador geral do Atlas das
Juventudes e coordenador da pesquisa “Juventudes e a Pandemia”.
Saúde mental e mundo do
trabalho
A pesquisa revela que a saúde mental está
estreitamente relacionada às perspectivas de trabalho entre os jovens. Quem
está procurando trabalho também tem mais medo de passar por dificuldade financeira (45%) e
de não conseguir um trabalho ou não permanecer trabalhando (26%)
em relação aos jovens que trabalham (34% e 18%, respectivamente) e que não
trabalham e não estão procurando trabalho (27% e 8%,
respectivamente).
Os principais efeitos físicos e emocionais
causados pela pandemia são:
- Ansiedade (Trabalham – 61% | Procuram
trabalho, 71% | Não trabalham, 64%);
- Uso
exagerado de redes sociais (Trabalham – 52% | Procuram trabalho, 54% |
Não trabalham, 57%);
- Exaustão
e/ou cansaço constante (Trabalham – 49% | Procuram trabalho, 57% |
Não trabalham, 50%);
- Falta
de motivação ou interesse por atividades cotidianas (Trabalham – 42% | Procuram
trabalho, 52% | Não trabalham, 64%).
Educação
Os entrevistados pela pesquisa destacam a
importância de conectar a educação com o mundo do trabalho. Entre os três
perfis avaliados, a preparação para o mundo do trabalho aparece
como o conteúdo mais importante para o momento, seguido pelo anseio por atividades
para trabalhar as emoções.
Para tentar mitigar os efeitos negativos da
pandemia para a educação, os jovens pedem a criação de
políticas de bolsa de estudos e auxílios estudantis e a ampliação
de oportunidades de educação profissionalizantes. Seis a cada
dez jovens, independentemente de sua condição de trabalho, estão muito ou
parcialmente otimistas em relação à aproximação do campo dos estudos com o
profissional.
A pesquisa mostrou ainda que o sentimento de “ficar para
trás no aprendizado” por causa da pandemia é comum entre todos
os perfis de jovens entrevistados, mas é mais forte entre os que não trabalham,
sendo citado por 65% deles. Esse receio está presente para 59% dos que procuram
trabalho e para 54% dos que já têm emprego.
Transformações no mundo do
trabalho
A pesquisa ainda questionou sobre as transformações
provocadas pela pandemia no mundo do trabalho. Para os jovens
ouvidos, as tecnologias digitais ganharam um papel relevante e os
empregadores estão mais abertos a novas formas de trabalhar.
Os respondentes da pesquisa acreditam que a
pandemia trouxe como aprendizado que nem sempre é preciso trabalhar de forma
presencial para que haja produtividade. Para o perfil de jovens que trabalham:
- Seis
em cada dez passaram a procurar por maior flexibilidade de
horários;
- Quatro
em cada dez jovens passaram a priorizar reuniões on-line;
- Quatro
em cada dez jovens passaram a buscar ambientes virtuais para
trabalhar com outras pessoas.
No entanto, no geral, os jovens não
acreditam que as relações no ambiente de trabalho estão melhores.
Perfil dos jovens
entrevistados
Foram analisadas as respostas de 14.510
jovens de 15 a 29 anos que se encaixam em três perfis:
- 740
jovens (81% dos entrevistados) declararam estar trabalhando quando
responderam à pesquisa;
- 159
(15% dos entrevistados) disseram que estavam procurando
trabalho;
- 611
(4% dos entrevistados) afirmaram que não estavam trabalhando
nem procurando trabalho.
- Maioria
de mulheres (Trabalham - 63% | Procuram trabalho - 68%
| Não trabalham - 61%);
- São negros
(Trabalham - 55% | Procuram trabalho - 61% | Não trabalham - 58%);
- Têm
entre 15 e 24 anos, os que não estão procurando
trabalho tendem a ser mais jovens (Trabalham – 18 a 24 anos - 53% |
Procuram trabalho – 18 a 24 anos – 26% | Não trabalham – 15 a 17 anos -
46%);
- São estudantes
(Trabalham - 61% | Procuram trabalho - 64% | Não trabalham - 85%);
Metodologia
Por meio da metodologia PerguntAção, da Rede
Conhecimento Social, foram conduzidas oficinas online para construção coletiva
de todas as etapas da produção de conhecimento: a definição das perguntas
norteadoras, a concepção do questionário, a mobilização para a coleta de
respostas, a análise dos resultados e a disseminação de resultados para
comunicação e advocacy. Jovens de diferentes realidades e territórios são
bolsistas colaboradores da iniciativa.
Questionário
Hospedado na plataforma online SurveyMonkey e
respondido entre os dias 18 de julho a 21 de agosto de 2022. Contou com 70
perguntas distribuídas entre cinco principais blocos: perfil socioeconômico,
saúde, educação, trabalho e renda e vida pública.
Amostra
Amostragem por conveniência, com monitoramento
referenciado pela distribuição populacional de jovens. Ponderação por faixa
etária e Unidade da Federação, com base na Pnad Contínua de 2022.
Nota técnica
A pesquisa “Juventudes e a Pandemia do Coronavírus”
segue, desde sua primeira edição, a coleta de dados por meio de dinâmica
bola de neve: as instituições parceiras desta iniciativa e o
grupo de jovens pesquisadores promovem uma ampla mobilização de redes
institucionais e redes de relacionamento, convidando outras organizações da
sociedade civil, coletivos juvenis, secretarias estaduais e municipais a
disseminarem o questionário e incentivarem a participação nessa escuta, que se
deu por adesão voluntária e anônima.
Itaú Educação e Trabalho (IET)
site
do Itaú Educação e Trabalho.
Educação Profissional e Tecnológica no Observatório da EPT.
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