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segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Jovens inseridos no mundo do trabalho são mais otimistas sobre o futuro do que aqueles que procuram colocação, revela estudo

  • Levantamento do Atlas da Juventude, apoiado pelo Itaú Educação e Trabalho, ouviu mais de 14 mil jovens sobre relações de trabalho e renda depois da pandemia. Relatório aponta que o estado da saúde mental está diretamente relacionado às perspectivas de trabalho entre os jovens;
  • 78% dos jovens empregados estão otimistas em relação ao futuro, enquanto pessimismo é maior entre os jovens que procuram trabalho;
  • Mais de 60% dos jovens relataram que sofrem de ansiedade; entre os que procuram emprego índice chega a 71%;
  • Relatório foi produzido com dados da terceira edição da pesquisa “Juventudes e a Pandemia: E agora?”, coordenada pelo Atlas das Juventudes com apoio do Itaú Educação e Trabalho

 

Qual é a relação dos jovens com o mundo do trabalho nesse momento de pós-pandemia? Para investigar o impacto da crise sanitária na vida profissional das juventudes brasileiras, o Atlas das Juventudes coordenou a produção do relatório especial “Trabalho e Renda”, com apoio do  o Itaú Educação e Trabalho. O Relatório Especial de Trabalho e Renda foi lançado na IV Conferência do Mapa Educação, realizada no último sábado (10), que contou com a presença de representantes de organizações que participaram da realização da pesquisa.

A pandemia de Covid-19 afetou diretamente as relações de trabalho, levou a uma queda de renda para muitas famílias e impactou a saúde mental dos entrevistados. O relatório aponta que o bem-estar psicológico está estreitamente relacionado às perspectivas de trabalho entre os jovens. Assim, aqueles que estão procurando trabalho são os mais fragilizados nesse aspecto. Já os jovens com emprego têm melhores percepções de futuro para suas vidas, além de serem menos afetados por questões de saúde mental quando comparados àqueles que procuram trabalho.  

O estudo tem como base a terceira edição da pesquisa “Juventudes e a Pandemia: E agora?”, coordenada pelo Atlas das Juventudes, com apoio do Itaú Educação e Trabalho, GOYN-SP e UNICEF e realizada em parceria com Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE), Em Movimento, Fundação Roberto Marinho, Rede Conhecimento Social, Mapa Educação, Porvir, UNESCO e Visão Mundial.

Foram analisadas as respostas de 14.510 jovens de 15 a 29 anos que se encaixam em três perfis: os que estavam trabalhando quando responderam à pesquisa, os que estavam procurando trabalho e aqueles que não estavam trabalhando nem procurando trabalho.

O estudo mostra que 40% dos jovens que estão procurando emprego avaliam o próprio estado emocional como ruim ou péssimo. Esse percentual cai para 21% entre os que estão trabalhando e para 27% entre os que não estão trabalhando e não estão procurando trabalho.

No quesito de percepções de futuro para sua qualidade de vida, 34% dos jovens com trabalho estão parcialmente otimistas e 44% estão muito otimistas, somando 78%. Entre os jovens que procuram trabalho, os índices de otimismo somam 64%. Dos que não trabalham,72% estão otimistas ou muito otimistas.

“Para que esse otimismo das juventudes em relação ao futuro seja ampliado para todos os perfis de jovens, precisamos proporcionar mais oportunidades para todos. Expandir a oferta de formação profissional e de inserção no mundo do trabalho são caminhos para isso e são anseios desses jovens também. As juventudes estão demandando por ações que viabilizem o desenvolvimento pessoal e profissional a partir de uma educação que os conecte com oportunidades e ajude-os a construir o próprio futuro. Precisamos ouvi-las e agir com urgência”, afirma Diogo Jamra, gerente de Articulação e Advocacy do Itaú Educação e Trabalho.

Entre as ações prioritárias que os jovens cobram de instituições públicas e privadas para lidar com os efeitos da pandemia no mundo do trabalho destacam-se ampliar a oferta de cursos de qualificação profissional, incentivos a projetos das juventudes, incentivo a novas dinâmicas de trabalho, estímulos para surgimento de novos trabalhos e ações para ampliação de empregos formais.

“A pesquisa enfatiza a importância da atenção às demandas das juventudes não apenas no campo da oferta de emprego, mas também em aspectos correlatos como qualificação profissional e adoção de perspectivas inovadoras no âmbito das relações de trabalho, que se conectem a questões como flexibilização de jornada e saúde mental. Especialmente no cenário de recuperação econômica e efervescência do debate público em torno de indicadores de desenvolvimento social, bases sólidas de evidências acerca das especificidades da população jovem são subsídios fundamentais para a consolidação de políticas de inclusão produtiva de jovens e consequentes benefícios a toda a realidade socioeconômica do Brasil”, explica Marcus Barão, coordenador geral do Atlas das Juventudes e coordenador da pesquisa “Juventudes e a Pandemia”.


Saúde mental e mundo do trabalho 

A pesquisa revela que a saúde mental está estreitamente relacionada às perspectivas de trabalho entre os jovens. Quem está procurando trabalho também tem mais medo de passar por dificuldade financeira (45%) e de não conseguir um trabalho ou não permanecer trabalhando (26%) em relação aos jovens que trabalham (34% e 18%, respectivamente) e que não trabalham e não estão procurando trabalho (27% e 8%, respectivamente).  

Os principais efeitos físicos e emocionais causados pela pandemia são:

  • Ansiedade (Trabalham – 61% | Procuram trabalho, 71% | Não trabalham, 64%);
  • Uso exagerado de redes sociais (Trabalham – 52% | Procuram trabalho, 54% | Não trabalham, 57%);
  • Exaustão e/ou cansaço constante (Trabalham – 49% | Procuram trabalho, 57% | Não trabalham, 50%);
  • Falta de motivação ou interesse por atividades cotidianas (Trabalham – 42% | Procuram trabalho, 52% | Não trabalham, 64%).


Educação

Os entrevistados pela pesquisa destacam a importância de conectar a educação com o mundo do trabalho. Entre os três perfis avaliados, a preparação para o mundo do trabalho aparece como o conteúdo mais importante para o momento, seguido pelo anseio por atividades para trabalhar as emoções

Para tentar mitigar os efeitos negativos da pandemia para a educação, os jovens pedem a criação de políticas de bolsa de estudos e auxílios estudantis e a ampliação de oportunidades de educação profissionalizantes. Seis a cada dez jovens, independentemente de sua condição de trabalho, estão muito ou parcialmente otimistas em relação à aproximação do campo dos estudos com o profissional.  

A pesquisa mostrou ainda que o sentimento de “ficar para trás no aprendizado” por causa da pandemia é comum entre todos os perfis de jovens entrevistados, mas é mais forte entre os que não trabalham, sendo citado por 65% deles. Esse receio está presente para 59% dos que procuram trabalho e para 54% dos que já têm emprego.


Transformações no mundo do trabalho 

A pesquisa ainda questionou sobre as transformações provocadas pela pandemia no mundo do trabalho. Para os jovens ouvidos, as tecnologias digitais ganharam um papel relevante e os empregadores estão mais abertos a novas formas de trabalhar.

Os respondentes da pesquisa acreditam que a pandemia trouxe como aprendizado que nem sempre é preciso trabalhar de forma presencial para que haja produtividade. Para o perfil de jovens que trabalham:

  • Seis em cada dez passaram a procurar por maior flexibilidade de horários;
  • Quatro em cada dez jovens passaram a priorizar reuniões on-line;
  • Quatro em cada dez jovens passaram a buscar ambientes virtuais para trabalhar com outras pessoas.

No entanto, no geral, os jovens não acreditam que as relações no ambiente de trabalho estão melhores.  

Perfil dos jovens entrevistados

Foram analisadas as respostas de 14.510 jovens de 15 a 29 anos que se encaixam em três perfis:

  • 740 jovens (81% dos entrevistados) declararam estar trabalhando quando responderam à pesquisa;
  • 159 (15% dos entrevistados) disseram que estavam procurando trabalho;
  • 611 (4% dos entrevistados) afirmaram que não estavam trabalhando nem procurando trabalho.
  • Maioria de mulheres (Trabalham - 63% | Procuram trabalho - 68% | Não trabalham - 61%);
  • São negros (Trabalham - 55% | Procuram trabalho - 61% | Não trabalham - 58%);
  • Têm entre 15 e 24 anos, os que não estão procurando trabalho tendem a ser mais jovens (Trabalham – 18 a 24 anos - 53% | Procuram trabalho – 18 a 24 anos – 26% | Não trabalham – 15 a 17 anos - 46%);
  • São estudantes (Trabalham - 61% | Procuram trabalho - 64% | Não trabalham - 85%);


Metodologia

Por meio da metodologia PerguntAção, da Rede Conhecimento Social, foram conduzidas oficinas online para construção coletiva de todas as etapas da produção de conhecimento: a definição das perguntas norteadoras, a concepção do questionário, a mobilização para a coleta de respostas, a análise dos resultados e a disseminação de resultados para comunicação e advocacy. Jovens de diferentes realidades e territórios são bolsistas colaboradores da iniciativa.


Questionário

Hospedado na plataforma online SurveyMonkey e respondido entre os dias 18 de julho a 21 de agosto de 2022. Contou com 70 perguntas distribuídas entre cinco principais blocos: perfil socioeconômico, saúde, educação, trabalho e renda e vida pública.


Amostra

Amostragem por conveniência, com monitoramento referenciado pela distribuição populacional de jovens. Ponderação por faixa etária e Unidade da Federação, com base na Pnad Contínua de 2022.


Nota técnica

A pesquisa “Juventudes e a Pandemia do Coronavírus” segue, desde sua primeira edição, a coleta de dados por meio de dinâmica bola de neve: as instituições parceiras desta iniciativa e o grupo de jovens pesquisadores promovem uma ampla mobilização de redes institucionais e redes de relacionamento, convidando outras organizações da sociedade civil, coletivos juvenis, secretarias estaduais e municipais a disseminarem o questionário e incentivarem a participação nessa escuta, que se deu por adesão voluntária e anônima.

 

Itaú Educação e Trabalho (IET)

site do Itaú Educação e Trabalho.

Educação Profissional e Tecnológica no Observatório da EPT.

 

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