Os cães estão sempre se comunicando com os tutores, mas, na
maioria das vezes, não é fácil compreender os sinais que eles dão, o que pode
levar a problemas comportamentais. Quando se trata de emoções caninas, não dá
para romantizar, atribuindo emoções humanas aos pets.
Por exemplo, entendemos que um cachorro lambe o rosto de
alguém por carinho. Mas na verdade, eles costumam lamber para provar o que você
comeu recentemente. E aquela expressão de culpa que notamos nos cachorros
depois que eles fazem algo errado na casa, sabe? Nem sempre é um sinal de que o
cachorro está envergonhado, mas apenas respondendo a uma reação de raiva.
Normalmente, convencionamos que nos ater aos movimentos do
rabo é uma boa forma de entender o que está acontecendo com o pet. Contudo, nem
sempre abanar o rabo significa que o cachorro está feliz. “Se o cão abana o
rabo de forma fluida e relaxada, provavelmente ele está contente, mas se o rabo
está abanando apenas ligeiramente e parece rígido, pode ser um sinal de que ele
está prestes a ser agressivo”, ensina Luisa Pires, especialista em
comportamento canino há 20 anos e proprietária do Alfabeto, primeiro centro
educacional para cães de Minas Gerais.
Situações de estresse
Os cachorros também têm seus momentos ruins e situações que
os deixam angustiados ou estressados. Quando o animal está com o corpo curvado,
as orelhas para trás e a cauda encolhida, é sinal de que ele está com medo de
alguma coisa. Ao passarem por algo que os incomode, por exemplo, os cães
demonstram estresse quando lambem os lábios, bocejam, levantam a pata
dianteira, se coçam e tremem. A respiração ofegante e o fato de andarem de um
lado para o outro também podem demonstrar angústia. “É muito importante estar
atento a esses momentos, que podem preceder a outros de agressividade”, orienta
Luisa.
Ainda sobre estados de estresse, há outra evidência que pode
ser reparada nos olhos dos pets: quanto dá pra ver a parte branca, como se
olhos estivessem esbugalhados, o cão mostra uma perturbação no humor, uma
angústia, como se estivesse em estado de alerta.
Mas claro, isso não quer dizer que toda vez que o cão fica
ofegante, boceja ou levanta uma pata, está à beira em um momento de angústia,
visto que os cães também ofegam quando estão com calor e levantam as patas
dianteiras quando sentem um cheiro.
“Para entender o comportamento de um cão é necessário
compreender todo o corpo do animal e o contexto em que ele está”, explica
Luisa. “Tente descobrir o que pode estar causando o desconforto, talvez locais
e pessoas novas ou a presença de outros animais. Preserve as emoções do
cachorro, afaste-o da situação e observe se o comportamento muda”, ensina.
Saiba
se expressar
É
muito comum o dono querer expressar alguma coisa ao animal e ter suas atitudes
compreendidas de forma diferente. Um bom exemplo são as broncas que os cães
consideram como brincadeiras. Como consequência, eles se manifestam pulando,
mordendo nossa roupa ou mão. “Na tentativa de fazer com que o cão pare, o tutor
quase sempre torna a brincadeira ainda mais divertida. A melhor atitude que se
pode ter nesses momentos é ignorar o cão, cruzar os braços e desviar o olhar”,
orienta a especialista, que irá lançar, em Agosto, um livro específico sobre
cuidados com os cães. Ainda que o cão insista por um tempo, ele acabará por
perceber que esse comportamento não leva você a brincar com ele.
“Muitas
vezes, neste caso, eu costumo interromper a brincadeira e dizer: “acabou”.
Dizer sempre que a brincadeira “acabou”, é muito importante para desligar os
cães da atividade e trazê-los para uma energia mais calma novamente.”
Luisa Pires lembra que o cão se espelha
no dono. “As atitudes do tutor exercem grande influência no comportamento do
cão, já que eles possuem uma sensibilidade enorme para captar expressões
corporais e diferenças de tom de voz.” Não à toa os cães costumam parecer com
seus tutores: quando está num lar calmo, tende a ser calmo; quando tem tutores
agitados, tendem a ser da mesma forma. Por isso, observar a reação que as
atitudes do dono exercem no cão leva a conhecê-lo melhor e possibilita uma
sensível melhora na comunicação. “É fundamental pensar no que estamos
transmitindo aos nossos animais,” finaliza Luisa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário