Pesquisar no Blog

quinta-feira, 14 de julho de 2022

Como entender o que seu cão está sentindo?

 Projetar reações humanas nos pets nem sempre funciona na interpretação do comportamento animal.

 

Os cães estão sempre se comunicando com os tutores, mas, na maioria das vezes, não é fácil compreender os sinais que eles dão, o que pode levar a problemas comportamentais. Quando se trata de emoções caninas, não dá para romantizar, atribuindo emoções humanas aos pets. 

Por exemplo, entendemos que um cachorro lambe o rosto de alguém por carinho. Mas na verdade, eles costumam lamber para provar o que você comeu recentemente. E aquela expressão de culpa que notamos nos cachorros depois que eles fazem algo errado na casa, sabe? Nem sempre é um sinal de que o cachorro está envergonhado, mas apenas respondendo a uma reação de raiva.

Normalmente, convencionamos que nos ater aos movimentos do rabo é uma boa forma de entender o que está acontecendo com o pet. Contudo, nem sempre abanar o rabo significa que o cachorro está feliz. “Se o cão abana o rabo de forma fluida e relaxada, provavelmente ele está contente, mas se o rabo está abanando apenas ligeiramente e parece rígido, pode ser um sinal de que ele está prestes a ser agressivo”, ensina Luisa Pires, especialista em comportamento canino há 20 anos e proprietária do Alfabeto, primeiro centro educacional para cães de Minas Gerais.


Situações de estresse

Os cachorros também têm seus momentos ruins e situações que os deixam angustiados ou estressados. Quando o animal está com o corpo curvado, as orelhas para trás e a cauda encolhida, é sinal de que ele está com medo de alguma coisa. Ao passarem por algo que os incomode, por exemplo, os cães demonstram estresse quando lambem os lábios, bocejam, levantam a pata dianteira, se coçam e tremem. A respiração ofegante e o fato de andarem de um lado para o outro também podem demonstrar angústia. “É muito importante estar atento a esses momentos, que podem preceder a outros de agressividade”, orienta Luisa.

Ainda sobre estados de estresse, há outra evidência que pode ser reparada nos olhos dos pets: quanto dá pra ver a parte branca, como se olhos estivessem esbugalhados, o cão mostra uma perturbação no humor, uma angústia, como se estivesse em estado de alerta. 

Mas claro, isso não quer dizer que toda vez que o cão fica ofegante, boceja ou levanta uma pata, está à beira em um momento de angústia, visto que os cães também ofegam quando estão com calor e levantam as patas dianteiras quando sentem um cheiro. 

“Para entender o comportamento de um cão é necessário compreender todo o corpo do animal e o contexto em que ele está”, explica Luisa. “Tente descobrir o que pode estar causando o desconforto, talvez locais e pessoas novas ou a presença de outros animais. Preserve as emoções do cachorro, afaste-o da situação e observe se o comportamento muda”, ensina.


Saiba se expressar


É muito comum o dono querer expressar alguma coisa ao animal e ter suas atitudes compreendidas de forma diferente. Um bom exemplo são as broncas que os cães consideram como brincadeiras. Como consequência, eles se manifestam pulando, mordendo nossa roupa ou mão. “Na tentativa de fazer com que o cão pare, o tutor quase sempre torna a brincadeira ainda mais divertida. A melhor atitude que se pode ter nesses momentos é ignorar o cão, cruzar os braços e desviar o olhar”, orienta a especialista, que irá lançar, em Agosto, um livro específico sobre cuidados com os cães. Ainda que o cão insista por um tempo, ele acabará por perceber que esse comportamento não leva você a brincar com ele. 

“Muitas vezes, neste caso, eu costumo interromper a brincadeira e dizer: “acabou”. Dizer sempre que a brincadeira “acabou”, é muito importante para desligar os cães da atividade e trazê-los para uma energia mais calma novamente.”

 


Luisa Pires lembra que o cão se espelha no dono. “As atitudes do tutor exercem grande influência no comportamento do cão, já que eles possuem uma sensibilidade enorme para captar expressões corporais e diferenças de tom de voz.” Não à toa os cães costumam parecer com seus tutores: quando está num lar calmo, tende a ser calmo; quando tem tutores agitados, tendem a ser da mesma forma. Por isso, observar a reação que as atitudes do dono exercem no cão leva a conhecê-lo melhor e possibilita uma sensível melhora na comunicação. “É fundamental pensar no que estamos transmitindo aos nossos animais,” finaliza Luisa.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados