Muito tem se falado sobre a Nova Economia, um impacto
positivo sendo criado na sociedade por meio do inconformismo que gera
mobilização, práticas e circulação de riquezas. Evoluir a cultura
organizacional então passa a ser uma exigência. Não é sobre certo ou errado,
bom ou ruim. Mas sim, como a cultura se comporta e se adapta ao que não está
escrito em nenhuma regra: as novas e emergentes relações entre pessoas e
negócios Diferente do que se acredita, não existe uma única “Nova Economia”,
mas sim a coexistência de diferentes modelos e eras de negócios. O foco não
está em definir ou dar contorno a uma única referência ou modelo sócio
econômico, mas sim colocar luz nos paradigmas que estão em xeque - ou porque
não servem mais ou porque sustentam um modelo que privilegia o acúmulo e
concentração de riquezas ao invés da geração e circulação saudável das mesmas.
Riqueza aqui, se refere a todo e
qualquer tipo de capital e ativo de uma sociedade, o que envolve o capital
financeiro, social, emocional, ambiental, humano, intelectual, tecnológico,
espiritual, relacional, etc. Portanto, o ambiente, a cultura, as relações e
atitudes das pessoas de negócio fazem parte dessa riqueza organizacional. São
ativos intangíveis que geram impacto nas pessoas, no planeta e na sociedade
todos os dias. Estamos vivendo um novo olhar para temas que agregram Nova
Economia e Cultura Organizacional, vertentes de um capitalismo mais consciente:
- SUSTENTABILIDADE: O foco em sustentabilidade é essencial para
contornar ações que garantam manter o nosso ecossistema saudável, porém
não é suficiente para curar o desequilíbrio natural gerado. Soma-se ao
esforço da sustentabilidade, o esforço da regeneração. O que implica em
cuidar do que está bom e tratar o que não está. Dentro do aspecto da
Cultura Organizacional isso significa muitas vezes regenerar relações,
contratos de trabalho, modelos de gestão, ou seja, curar tudo aquilo que
está presente no sistema organizacional que causa dor ou danos a esse
sistema.
- RESULTADOS: Maximizar o resultado financeiro do negócio é
sobre fazer mais dinheiro em menos tempo, o que pode implicar em impactos
negativos nos outros tipos de capital. A nova economia pede resultados
financeiros que possam ser usados a serviços de reduzir desigualdades e as
injustiças social e climática. A implicação para a cultura organizacional
está na forma como metas e objetivos são definidos. Há a necessidade de
ampliar o olhar de resultado para impacto, de shareholder para stakeholder,
de curto para longo prazo. O que também implica numa coerência cultural
sobre como as pessoas são reconhecidas e recompensadas.
- LIDERANÇA: Ah! Quanta transformação nas lideranças! Modelos
de comando e controle pedem espaço para modelos de colaboração e
confiança. Cenários complexos não possuem respostas óbvias e únicas.
Soluções quando não co-criadas trazem riscos de impactos negativos em
alguma ponta da cadeia de valor esquecida. O exercício da liderança nesse
lugar humanizado, horizontalizado, diverso e complexo necessita de uma
cultura organizacional que o sustente, criando um tecido social onde as
relações são cuidadas. Onde o erro é aprendizado. E onde falar dos
problemas é sinal de evolução. Uma cultura de apreciação pelo propósito do
negócio, pelas pessoas que ali estão, pelas decisões tomadas e pelos
impactos gerados. E isso exige, muitas vezes, mergulhar no desconhecido,
inovar, arriscar.E para isso não precisamos de heróis, precisamos da
liderança capaz de usar o potencial da inteligência coletiva.
- A distribuição do poder -- nesse desconhecido a que nos
deparamos o tempo todo, o poder se distribui tanto quanto o conhecimento,
os talentos, as experiências, a criatividade, o acesso a informações e
pessoas. Para a cultura há uma implicação direta -- artefatos e rituais se
tornam mais poderosos do que cargos, estruturas rígidas e regras. Uma
cultura de governança torna-se mais exigida do que a governança da
cultura. Isso faz a Cultura estar viva o suficiente para que o poder
esteja distribuído e exercido situacionalmente. Para que todos tenham vez
e voz.
Em outras palavras, não existe possibilidade de falar em “nova economia” sem tocarmos no cerne da cultura das empresas, e do quanto é importante que estas questões saiam de dentro para fora. Aquele que propaga aos quatro cantos que faz parte desse futuro, mas que não o coloca em prática na organização, estará certamente apenas repetindo o que já deu certo, mais cedo ou mais tarde, irá se tornar vítima de sua própria ilusão.
Graziela Merlina - mentora da Tribo, uma consultoria com foco na
humanização de culturas, integrando propósito e resultados
Tribo - consultoria em cultura, desenvolvimento e gestão
organizacional apoiando na transformação do seu negócio. Atua por meio da
ativação da Cultura e Identidade, de programas de Desenvolvimento Humano e da
estruturação de uma Gestão Consciente.
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