As operações financeiras cambiais serão modernizadas, beneficiando empresas que operam em moeda estrangeira, como importadoras e exportadoras
A partir de
dezembro, as operações de câmbio no país devem ser modernizadas e simplificadas
com o novo marco cambial e de capitais internacionais. Aprovado em dezembro de
2021 por meio da Lei Federal 14.286, o novo marco deve simplificar e reduzir a
burocracia das operações, beneficiando empresas e pessoas que necessitem fazer
operações de câmbio em suas atividades.Thinkstock
“Existem
empresas que precisam trabalhar com moeda estrangeira, dada a sua vocação
exportadora ou importadora”, explica Rui Cabral, sócio-líder de Risco e
Finanças para o Setor Fi
nanceiro da EY. Segundo ele, o novo marco cambial
atualiza uma complexa legislação que tem mais de cem anos.
A nova
legislação cambial também deve beneficiar pessoas físicas, permitindo
negociações de moeda estrangeira entre pessoas físicas de forma eventual e não
profissional, com um limite de US$ 500. “Se você não gastou todos os dólares da
sua última viagem ao exterior e decidir vender essa moeda a um amigo que irá
viajar, de acordo com as leis atuais, é uma prática considerada ilegal”, alerta
Cabral.
Na entrevista
abaixo, Cabral explica as mudanças previstas com a nova lei, prevista para
entrar em vigor em dezembro deste ano:
Como analisa a
reforma cambial, que já foi aprovada e deve entrar em vigor a partir de
dezembro? Quais agentes devem ser os principais beneficiados?
O arcabouço
legal que disciplina o mercado de câmbio brasileiro remete à década de 1920,
quando foi promulgada a primeira legislação do setor: a Lei n° 4.182, de 13 de
novembro de 1920, que definia regras para a proibição de jogos sobre o câmbio e
operações ilegítimas no mercado.
Neste sentido,
a reforma cambial foi um passo extremamente importante na atualização e
consolidação das normas existentes. Para termos uma ideia, ao longo destes cem
anos, foram se adensando cerca de 40 instrumentos legais distintos sobre
câmbio.
Todos os
agentes que necessitam fazer remessas, comprar ou vender moeda estrangeira, bem
como os agentes que operam essas transações, serão beneficiados pelo novo marco
cambial.
Por um lado,
haverá menos carga operacional gerando maior eficiência do processamento das
operações de câmbio pelas instituições não bancárias. Também haverá maior
competição no mercado de câmbio, por meio da inclusão de novos participantes,
como instituições de pagamento, e do aumento das alternativas disponíveis para
o público, promoção de igualdade de condições entre os participantes do mercado
de câmbio na oferta dos serviços de pagamentos ou transferências
internacionais. Estes efeitos permitirão a diminuição do custo de serviço.
Quais as
vantagens da reforma para as empresas que optarem por transações em moeda
estrangeira?
Existem
empresas que têm necessidade de trabalhar com moeda estrangeira, dada a sua
vocação exportadora ou importadora. Os exportadores brasileiros terão mais
alternativas para receber suas receitas de exportação. A legislação prevê o fim
de restrições para a aplicação de recursos em atividades voltadas ao comércio
exterior e o aumento de opções de financiamento oferecidas pelos empresários
para tornar mais atrativa a compra de seus produtos.
Serão
permitidos também o recebimento em conta de pagamento do próprio exportador em
instituição financeira no exterior e em conta de instituição não bancária
autorizada a operar em câmbio. Estas mudanças trazem mais flexibilidade e
facilidade às empresas, facilitando o desenvolvimento de negócios.
As pessoas
físicas também devem ser beneficiadas com a reforma, como no caso de viagens
internacionais?
O marco vai
permitir a negociação de moeda estrangeira entre pessoas físicas de forma
eventual e não profissional, com um limite de US$ 500. Hoje, esse tipo de
operação é considerada ilegal. Se você não gastou todos os dólares da sua
última viagem ao exterior e decidir vender essa moeda a um amigo que irá
viajar, saiba que, de acordo com as leis atuais, trata-se de uma prática
considerada ilegal.
Outro benefício
é a ampliação dos meios para a realização de transferências pessoais
(remittances), que passarão de R$ 10 mil para US$ 10 mil. Isso possibilita que
cada passageiro, ao sair do Brasil, porte mais dinheiro em moeda estrangeira.
Mas não serão
apenas os turistas que serão beneficiados. Podemos incluir nessa lista
estudantes e demais brasileiros residentes no exterior, além de estrangeiros
que trabalham no Brasil, cujo envio de recursos ao exterior será facilitado.
Para os
brasileiros que trabalham no exterior, espera-se uma maior facilidade no
ingresso de recursos para suas famílias no Brasil, assim como o pagamento de
suas obrigações no país.
Quais os
desafios para que a reforma cambial traga benefícios, de fato, para a economia
brasileira como um todo?
A reforma
cambial irá trazer benefícios imediatos, diminuindo o custo de observância
associado ao câmbio, flexibilizando operações e diminuindo custos de transação.
Estes ganhos serão divididos entre os agentes econômicos envolvidos nessas
transações.
De fato, outros
benefícios dependerão da mobilização dos investimentos das instituições
financeiras e de pagamentos na geração de inovação capaz de gerar novos
produtos e serviços, que podem ser associados a transferências, pagamentos e,
inclusive, investimentos.
Além disso, o
fato do Banco Central do Brasil ficar com maiores poderes pode agilizar a
evolução da regulamentação do câmbio, fomentando a concorrência,
desburocratizando e proporcionando um ambiente propenso à inovação e criação de
novos modelos de negócios.
Por Agência EY
Agência de notícias da auditoria EY
Fonte: https://dcomercio.com.br/categoria/financas/entenda-as-mudancas-trazidas-pelo-novo-marco-cambial
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