Encabeçando o
segundo lugar em produtividade e primeiro lugar em exportação de celulose no mundo,
Brasil possui 82% de árvores plantadas oriundas de reflorestamento comercial
Os números impressionam e revelam soberana atuação
no segmento de papel e celulose: 21 milhões de toneladas fabricadas por ano e
15 milhões de toneladas exportadas. O levantamento, feito pela Empresa de
Pesquisa Energética (EPE), International Energy Agency (IEA), em contribuição
com a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), indica que o Brasil desponta como
referência mundial em técnicas de manejo florestal, investimentos em pesquisa e
desenvolvimento em inovações tecnológicas e práticas sustentáveis. Atualmente,
o Brasil possui mais de 9 milhões de hectares de árvores plantadas. Destes, 7,4
milhões são oriundos de reflorestamento comercial, o que corresponde a 82% de
árvores reflorestadas por meio de plantio de mudas, cultivadas exclusivamente
para atender ao plano de manejo sustentável.
O papel do futuro e o futuro do papel serão cada
vez mais sustentáveis. A fibra de celulose, fabricada por meio de florestas
certificadas e tecnologias ambientalmente corretas, possui papel fundamental
neste futuro. Já é possível vislumbrar uma substituição cada vez mais ampla de
materiais provenientes de fontes não renováveis por fibras celulósicas. “As
indústrias brasileira e sulamericana apresentam excelente capacidade de
adequação às exigências globais de produção sustentável. O processo de
fabricação de celulose na América do Sul é reconhecido pelas melhores práticas
de manejo florestal do mundo. Produzimos 100% de nossa celulose por meio de
florestas sustentáveis e certificadas”, explica o diretor de Celulose e Energia
da Valmet América do Sul, Fernando Scucuglia.
Aproveitamento celulósico integral
A celulose é a molécula orgânica mais abundante do
planeta e seu potencial vem sendo estudado há anos pela comunidade científica.
As indústrias sucroalcooleira, têxtil e papeleira geram quantidade
significativa de resíduos orgânicos e inorgânicos e especialistas vêm
examinando maneiras para driblar o desperdício desses resíduos para transformá-los
em biocombustíveis de segunda geração ou outros produtos de valor, impactando
positivamente no meio ambiente.
“O potencial de geração de produtos em uma fábrica
de celulose pode ser muito mais explorado. É importante destacar que, além de
celulose, a maioria das fábricas já produzem outro insumo valioso: energia”,
explica o diretor. Algumas décadas atrás, uma fábrica de celulose era
consumidora de energia. A partir de combustíveis de fontes renováveis
provenientes das próprias operações (como o licor negro e a biomassa
proveniente de resíduos das operações florestais), e investimentos em
tecnologias de alta eficiência energética, o setor passou a ser autossuficiente
e foi além: começou a comercializar parte da energia elétrica excedente
produzida. O setor de celulose e papel é hoje reconhecido por contribuir com
significativo incremento na quantidade de energia renovável na matriz
energética brasileira.
Além da celulose e energia, as plantas industriais
de celulose produzem outros produtos, tais como: lignina, gás a partir de
gaseificação de biomassa, bio-óleo, metanol, ácido sulfúrico e celulose
microfibrilada.
Buscando uma linha de produção cada vez mais
sustentável, limpa e consciente, o consumo de água para fabricação de celulose,
assim como a geração de efluentes, tem diminuído significativamente com o
desenvolvimento de equipamentos e processos mais eficientes em termos
ambientais. O impacto das emissões gasosas também tem sido reduzido, por meio
dos sistemas de abatimento de alta eficiência e aproveitamento destes fluxos
para fabricação de outros subprodutos, tais como metanol e ácido sulfúrico.
Despontando como futuras biorrefinarias, as
fábricas de celulose poderão processar matérias-primas renováveis e produzir
uma gama de produtos de valor agregado para diversos setores.
Aplicação da celulose além do papel
Dentro do segmento “fibras” há grande potencial de
especialização das mesmas como a criação da celulose para produção têxtil,
fibras diferenciadas para aplicações especiais (tissue, embalagens, revestimentos),
fibras com tonalidades diferentes etc. A confecção de tecidos é a terceira
maior indústria manufatureira do mundo e está em rápida ascensão, devido,
principalmente, à inserção de novas populações neste mercado consumidor e a
“globalização” na forma de se vestir.
“Somado a isto, há um interesse crescente do
consumidor em ter um comportamento socialmente consciente e sustentável. Desta
forma, as principais marcas estão se adaptando em consumir outras
matérias-primas, entre elas, aquelas à base de celulose e fibras recicladas têm
se demonstrado mais promissoras”, complementa Scucuglia.
Outros materiais como plásticos em geral, fibras de
carbono e polímeros, que são amplamente utilizados no dia a dia, já têm sido
questionados sobre seu valor em termos de sustentabilidade, e as fibras
celulósicas serão uma ótima alternativa de substituição neste futuro, mais
próximo do que se imagina.
Prospecções de crescimento sustentável
A demanda por fibras de celulose foi impulsionada
pelos novos hábitos adquiridos durante a pandemia, sobretudo, os relacionados
aos cuidados de higiene, compras on-line e serviços de entrega de
alimentos. “Podemos afirmar que houve um crescimento meteórico no mercado em
termos de vendas de papéis sanitários, também conhecidos por papéis tissue,
e de embalagens. Essa forte demanda, associada ao baixo custo de produção que
temos hoje em países como Brasil e Chile, principalmente devido à alta
eficiência florestal, mantém a América do Sul no foco dos grandes investimentos
de fabricação de celulose fibra curta”, comenta Fernando.
Soma-se à mudança do perfil do consumidor, o fato
de os principais produtores de papel e celulose do Hemisfério Sul representarem
hoje referências mundiais em termos de manejo florestal, produção sustentável,
e condições de solo e clima favoráveis, o que os torna ainda mais atrativos
para mercados e investidores.
O solo brasileiro é um fator competitivo ímpar: o
eucalipto, por exemplo, leva de 5 a 7 anos para ficar pronto para o corte. No
Brasil, esse tempo é até três vezes menor que em outros países. “Isso é
fundamental, já que as despesas de produção com matéria-prima representam de
60% a 70% dos gastos da indústria”, afirma Scucuglia. Cabe destacar, ainda, que
a área de plantio do eucalipto no Brasil não concorre com locais utilizados
para a produção de alimentos, problema vivenciado pelos principais
concorrentes. “Devido principalmente a estes fatores, o custo da polpa
produzida na América do Sul é inferior àquela produzida em outras partes do
mundo, como na Europa e nos EUA, então, nossos clientes têm possibilidade de
uma maior competitivdade em suas operações”, acrescenta.
A líder global no fornecimento e desenvolvimento de
tecnologias de processo, automação e serviços para o setor está otimista, e estima
alta em torno de 20% na capacidade produtiva até 2025.
Valmet
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