Doença é considerada altamente letal quando descoberta tardiamente; Especialista alerta para sintomas iniciais como cansaço e dor óssea, que muitas vezes são confundidos como sinais comuns de envelhecimento
A jornalista da Globo News, Cristiana
Lôbo, de 63 anos, faleceu nesta quinta-feira, 11 de novembro, por causa de um
Mieloma. Mesmo em tratamento há alguns anos, ela teve complicações após uma
pneumonia e acabou não resistindo. Cristiana deixa o marido, Murilo, os dois
filhos, Gustavo e Bárbara, e dois netos, Antônio e Miguel.
Apesar de considerado raro, o Mieloma Múltiplo é o segundo câncer hematológico mais frequente
entre a população mundial. No Brasil, estima-se que a cada ano sejam
diagnosticados cerca de 7 mil novos casos. De acordo com a Dra. Mariana
Oliveira, oncologista da Oncoclínicas em São Paulo, esse tumor maligno é mais
comum em pessoas acima de 60 anos. Geralmente, os sintomas iniciais costumam
ser: cansaço, fraqueza e dor óssea, o que muitas vezes pode ser confundido com
sinais de envelhecimento.
"O
diagnóstico, por conta disso, acaba sendo feito após complicações mais severas,
como fraturas nos ossos, surgimento de infecções, anemia e perda da função
renal", explica a especialista. Por ter causas desconhecidas, Mariana
comenta que não existem formas comprovadas de prevenção do mieloma, por isso a
atenção a qualquer alteração na saúde é uma das principais recomendações para
que o diagnóstico aconteça ainda na fase inicial da doença.
"Nosso
corpo dá sinais quando algo não vai bem e por isso é sempre importante
salientar que mudanças que afetam nossa rotina e bem estar devem ser
investigadas. A detecção precoce do câncer é essencial para o sucesso das
condutas terapêuticas", reforça.
Prevenção
de mieloma múltiplo
Como alternativa para prevenir a doença, a Dra. Mariana Oliveira explica que é importante
evitar a exposição a substâncias que aumentem o risco do desenvolvimento de
mieloma múltiplo.
"É fundamental
manter uma dieta saudável e o controle de peso, evitando assim a obesidade e
possíveis consequências inflamatórias no organismo. Esse é um fato que pode
afastar o risco de mieloma múltiplo", explica.
Diagnóstico
e tratamento do Mieloma
O diagnóstico
pode ser feito a partir de exame de sangue (hemograma e eletroforese de
proteína serica), radiografia, tomografia e/ou ressonância magnética.
Dependendo do quadro clínico de cada paciente, pode ser necessária uma biópsia
da medula óssea, feita a partir da retirada de um fragmento do osso da bacia
para análise em laboratório e um mielograma.
O tratamento de mieloma múltiplo deve
ser iniciado tão logo os pacientes manifestem sintomas. "A quimioterapia é
o tratamento mais comum, mas há ainda alternativas com o uso de terapia alvo
(medicamentos inibidores que atacam as células doentes diretamente) e ainda a
terapia celular, que consiste em usar as próprias células de defesa do
paciente, modificadas em laboratório, para reconhecerem o ‘inimigo’ e se tornarem
capazes de combater esses alvos específicos", explica a Dra. Mariana
Oliveira. Em caso de recidivas - volta do mieloma múltiplo depois do tratamento
- podem entrar na abordagem medicamentos imunomoduladores,anticorpos
monoclonais e outras quimioterapias.
Já
quanto ao transplante autólogo de células-tronco periféricas, o tratamento pode
ser indicado para os pacientes com menos de 65 anos e os resistentes à
quimioterapia. É feita uma quimioterapia pré-transplante com a administração de
um agente alquilante, que vai eliminar as células neoplásicas/anormais seguida
pela infusão de células tronco (medula óssea) do próprio paciente.
Por fim, deve haver atenção ao tratamento de suporte, ou seja, de sintomas
físicos que possam prejudicar a qualidade de vida e a saúde do paciente. Ele
pode auxiliar a manter os ossos fortalecidos, reduzindo a dor óssea, a
hipercalcemia e a incidência de fraturas.
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