Novembro é o mês da conscientização sobre a Hipertensão Pulmonar, uma doença grave, crônica e que pode levar à morte. E neste novembro, as pessoas que têm hipertensão pulmonar pedem ainda mais atenção da sociedade e do Estado. Temos a oportunidade de nos unir e de reivindicar que elas tenham acesso a tratamento adequado e melhores condições de vida.
Atualmente, aqueles pacientes que são
acometidos pela hipertensão pulmonar tromboembólica crônica, a HPTEC, um dos
tipos de Hipertensão Pulmonar, não possuem nenhuma opção medicamentosa para o
seu tratamento no SUS. Quando são diagnosticados e encaminhados para o
tratamento com medicamento, são largados à própria sorte.
Está em consulta pública a avaliação da
incorporação no SUS do medicamento Riociguate para tratamento da HPTEC. O
Ministério da Saúde quer ouvir o que a sociedade tem a dizer sobre esse
assunto. Pacientes, familiares, cuidadores, profissionais da saúde, associações
de pacientes, interessados no tema, todos temos o direito de contribuir para
que os pacientes de HPTEC tenham, enfim, acesso à única terapia disponível para
o tratamento da doença no país.
Pela terceira vez, a Comissão Nacional
de Incorporação de Tecnologias (Conitec), o órgão do Ministério da Saúde
responsável por avaliar e recomendar a incorporação ou não de medicamentos no
SUS, nega o direito ao tratamento adequado às pessoas que vivem com HPTEC. Para
esta consulta pública que está aberta, nº 90/2021, o parecer inicial da Conitec
é pela não incorporação do Riociguate. Precisamos reverter essa decisão e fazer
valer o direito à saúde dessas pessoas.
Pessoas que têm uma doença
incapacitante
Dados da pesquisa "Vivendo com
hipertensão pulmonar: a perspectiva dos pacientes", realizada pela ABRAF,
apontam que mais da metade dos pacientes (56%) estão impossibilitados de
integrar o mercado de trabalho por causa da doença. Muitos dos pacientes (63%)
apresentam dificuldade até para realizar atividades simples do dia a dia, como
tomar banho ou se vestir. Mais de 80% das pessoas declaram se sentir cansadas a
maior parte do tempo. E tudo isso afeta a vida social e emocional dos
pacientes: segundo a nossa pesquisa, 59% deixam de sair de casa devido às
barreiras impostas pela doença.
Ora, quem tem hipertensão pulmonar
convive com falta de ar aos pequenos esforços. Quem tem hipertensão pulmonar
convive com sentimento de solidão. Quem tem hipertensão pulmonar convive com
medo de não ter tratamento adequado, de sentir a doença progredir e tirar cada
vez mais o fôlego de vida.
Este texto é um
chamado para ação. Neste mês de conscientização da hipertensão pulmonar, temos
a chance de ajudar essas pessoas que convivem com uma doença tão grave e não
têm acesso a tratamento adequado. Até o dia 23, está disponível a consulta
pública no site da Conitec. As consultas públicas são uma forma de exercermos a
nossa participação social no SUS. Todos nós temos direito a participar da
construção das políticas públicas de saúde e podemos contribuir para que os
pacientes de hipertensão pulmonar tromboembólica crônica ganhem fôlego e
tratamento. Vamos juntos nessa mobilização? Acesse o link da consulta pública,
preencha o Formulário Experiência ou Opinião e vote
pela incorporação do medicamento no SUS:
Flávia Lima -
Presidente da ABRAF. jornalista,
especialista em Saúde Coletiva pela Fiocruz Brasília e presidente da ABRAF.
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