Doença
de Crohn ou Retocolite Ulcerativa são as Doenças Inflamatórias Intestinais;
maio é o mês de conscientização destas enfermidades Foto Kindel Media
Cerca de 55 em cada 100 mil
brasileiros possuem doença de Crohn ou Retocolite Ulcerativa, segundo a
Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP). A entidade ainda estima que
mais de cinco milhões de pessoas possuem uma das enfermidades no mundo. Com a
intenção de promover um diagnóstico precoce e um tratamento adequado, maio foi
escolhido como o mês de conscientização sobre as Doenças Inflamatórias
Intestinais.
De acordo com a
gastroenterologista do Hospital Brasília Zuleica Bortoli, tanto a Crohn quanto
a Retocolite Ulcerativa são doenças acometem especialmente pessoas entre 15 e
40 anos, mas podem ocorrer em todas as idades. “Não existe causa exata para o
surgimento destas doenças. Aparentemente existe um fator genético associado a
fatores ambientais relacionados ao tipo de dieta, uso crônico ou recorrente de
antibióticos e a hábitos de vida como o tabagismo”, explica. A médica ainda
ressalta que, pela natureza incerta, a prevenção é a manutenção de hábitos
saudáveis.
Segundo a especialista, a
Retocolite Ulcerativa acomete somente o intestino grosso e reto. A doença de
Crohn pode atingir todo o trato digestório (da boca ao ânus), sendo mais
prevalente no intestino delgado, cólon e região perianal. Os sintomas mais comuns
são: diarreia crônica, que possui picos de melhora e piora, cólicas abdominais,
urgência evacuatória, falta de apetite, fadiga e emagrecimento. Nas fases mais
agudas das doenças, o paciente pode ter anemia, febre, desnutrição e distensão
abdominal.
Geovanna Ribeiro, 23 anos,
descobriu ser portadora da Doença de Crohn quando tinha 15 anos. Ela relata
que, nela, a doença acomete o intestino delgado. Porém, até descobrir realmente
o que era, passou por momentos difíceis. Além de ter todos os principais sintomas,
algumas pessoas e profissionais chegaram a duvidar das queixas da adolescente.
Apenas um ano depois ela recebeu o diagnóstico para Crohn. Foi quando começou o
tratamento com Zuleica Bortoli.
“Iniciei o tratamento com
corticoide e imunossupressores, além de iniciar a documentação para o
imunobiológico. Fiquei super bem com as medicações, recuperei peso (10kg),
mesmo assim, um ano depois, passei a ter recaídas e tive a dose dobrada.
Melhorei um pouco por mais um ano até que precisei trocar de medicação”, relata.
A jovem conta que ainda tentou
outros tipos de tratamentos, porém, a cirurgia era quase inevitável. “Minha
médica percebeu que eu estava precisando de cirurgia e decidiu mudar novamente
a medicação para reverter o caso quase dois anos depois de tratamento. Desta
vez, o medicamento deu certo e, hoje considero que estou bem, apesar de ainda
ter algumas crises”, conta.
Geovanna afirma que não é uma
doença fácil de lidar, sobretudo quando iniciada na adolescência. Ela conta que
tudo foi desafiante. “Era um período de muitas descobertas, para mim, e até ir
para a escola era um desafio. Eu não conseguia nem prestar atenção nas aulas,
pois sentia muitas dores e nenhuma medicação analgésica dava efeito. Apesar de
tudo, hoje tenho acesso aos melhores profissionais e melhores tratamentos,
assim conseguimos manejar bem a doença e evitar vários desgastes. Me sinto
muito grata por esse privilégio”, finaliza.
Testes e
diagnósticos
Uma das formas de diagnosticar
ambas as doenças são por meio de história clínica, exames laboratoriais,
endoscopias com biópsias e radiológicos. Um dos exames realizados em
laboratório é o teste de microbioma intestinal. Apesar da análise não fazer o
diagnóstico direto da doença, serve para reconhecer quais são os perfis
bacterianos que moram no intestino e, assim, auxiliar nas investigações de
diversos tipos de enfermidades, incluindo a doença de Crohn e recolite
ucerativa.
“Mapeamos as bactérias a fim de
verificar se há um desequilíbrio chamado de disbiose, que pode estar associado
a uma série de doenças crônicas. A partir de uma amostra de fezes, é realizada
uma extração do DNA, e depois utilizamos sondas genéticas específicas para
sequenciar somente DNA bacteriano. O resultado do sequenciamento é avaliado por
softwares (bioinformática), gerando um resultado que lista todas as bactérias
que estão no nosso intestino”, explica o consultor de microbiologia clínica e
molecular da Dasa Alessandro Silveira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário