Maio é o Mês
Internacional de Combate ao Melanoma: saiba identificar as pintas e manchas que
podem indicar esse câncer de pele agressivo
Desde o início do isolamento social imposto pela
pandemia de COVID-19, muitos planos foram adiados, inclusive visitas ao médico.
Essa realidade tem afetado diversos diagnósticos, como os de câncer de pele
melanoma, conforme revela uma pesquisa internacional realizada recentemente.
O levantamento, conduzido pela “Global Coalition
for Melanoma Patient Advocacy”, contou com a participação de mais de 700
dermatologistas, de 36 países e apontou que, aproximadamente, um quinto dos
melanomas (21%) podem não ter sido diagnosticados em 2020, com um terço das
consultas (33,6%) perdidas, por causa da pandemia[i].
Em comparação com as taxas de incidência de melanoma mais recentes da
Organização Mundial da Saúde (OMS), a pesquisa sugere que mais de 60.000
melanomas não foram diagnosticados em todo o mundo no ano passado[ii].
Diante desse cenário preocupante, e durante maio,
Mês Internacional de Combate ao Melanoma, é fundamental reforçar quais são os
principais cuidados e sinais de atenção que devemos ter com a doença – o mais
raro (cerca de 5%) dentre os cânceres de pele, porém o mais agressivo, devido
ao alto risco de propagação para outros órgãos (metástase).
“Justamente por conta da gravidade do melanoma, os
dados da pesquisa são muito alarmantes. Precisamos conscientizar a população de
que a doença pode acometer a todos e que o diagnóstico precoce é essencial para
obter os melhores resultados nos tratamentos”, afirma Dra. Andreia Melo,
oncologista e Chefe da Divisão de Pesquisa Clínica e Desenvolvimento
Tecnológico do INCA.
“Frente a essa realidade de diagnósticos em fase
avançada, é importante dizer que, apesar de ser uma doença agressiva, há muitas
opções terapêuticas disponíveis, como cirurgia, terapia-alvo, quimioterapia,
imunoterapia e radioterapia”, comenta a médica.
Hoje, os estudos sobre a linha terapêutica mais
adequada para cada perfil de paciente estão muito avançados, o que permitiu
identificar que existem tipos de melanoma, por exemplo, o que apresenta alguma
mutação genética (como o gene BRAF) e o que não apresenta. Nos casos
em que há mutação no gene BRAF - cerca de 50% dos pacientes[iii]
-, a terapia-alvo é uma modalidade de tratamento muito indicada.[iv]-[v]
Por exemplo, quando o tumor ainda não se espalhou
para outro órgão, o paciente é elegível ao tratamento adjuvante com
terapia-alvo, que apresenta taxa de sucesso em mais de metade dos casos,
evitando que se espalhe (metástases)[vi] e
proporcionando potencial de cura para uma parcela significativa dos pacientes.[vii]
A terapia adjuvante é indicada como tratamento
adicional, realizada após um tratamento primário (geralmente cirúrgico), a fim
de reduzir o risco de retorno do melanoma[viii], já que 1 em
cada 3 pacientes com melanoma apresentam recidiva[ix].
“A terapia-alvo é administrada via oral, então
permite que o paciente realize o tratamento em casa, diferentemente das outras
opções disponíveis, o que é um excelente benefício para o momento de isolamento
social que estamos vivendo”, pontua Dra. Andreia.
MÊS DO MELANOMA E DIAGNÓSTICO PRECOCE
No Brasil, são estimados 8.450 novos casos de
melanoma por ano[x] e, segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), 55 mil pessoas morrem por causa da doença todos os anos, o que
representa seis mortes por hora.[xi] Por conta disso, durante todo o mês de
maio, especialistas e associações de pacientes se mobilizam para combater o
câncer melanoma com campanhas de conscientização sobre a doença e como realizar
o autoexame para obter o diagnóstico precoce.
“A regra ABCDE é fácil de ser memorizada e
contribui muito com o diagnóstico precoce da doença. As letras significam: Assimetria,
Borda, Cor, Diâmetro
e Evolução e devem conduzir a observação de manchas e
pintas com essas características”, aponta a Dra. Andreia.
Em mais detalhes:
- Assimetria: uma metade da
pinta ou mancha é diferente da outra parte.
- Borda: as bordas são
irregulares, entalhadas ou dentadas.
- Cor: muitas vezes apresentam
cor desigual. Tons de preto, marrom e canela ou áreas brancas, cinza,
vermelha ou azul podem estar presentes.
- Diâmetro: o diâmetro é maior
que 5 milímetros.
- Evolução: uma pinta ou mancha
vem mudando de tamanho, forma, cor, aparência ou coçando ou sangrando.
“Vale dizer que, na maior parte das vezes, essas
alterações não são causadas por câncer, mas é importante que sirvam como um
sinal de alerta e que sejam examinadas por um médico o quanto antes”, finaliza
a médica.
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Referências:
[i] The Global Coalition for
Melanoma Patient Advocacy. Survey estimates one fifth of melanomas undiagnosed
during Covid-19 pandemic [Press release]. Available at: https://www.prweb.com/releases/survey_estimates_one_fifth_of_melanomas_undiagnosed_during_covid_19_pandemic/prweb17684136.htm.
[ii] The Global Coalition for
Melanoma Patient Advocacy. Survey estimates one fifth of melanomas undiagnosed
during Covid-19 pandemic [Press release]. Available at: https://www.prweb.com/releases/survey_estimates_one_fifth_of_melanomas_undiagnosed_during_covid_19_pandemic/prweb17684136.htm.
[iii] Melanoma Skin Cancer.
American Cancer Society. Available at: http://www.cancer.org/acs/groups/cid/documents/webcontent/003120-pdf.pdf.
[iv] American Cancer Society.
Melanoma skin cancer treatment. Disponível em: http://www.cancer.org/cancer/skincancer-melanoma/detailedguide/melanoma-skin-cancer-treating-general-info
[v] NIH- National Cancer
Institute. Treatment Option Overview. Disponível em: https://www.cancer.gov/types/skin/patient/melanoma-treatment-pdq#section/_135
[vi] Adjuvant Therapy. Melanoma
Research Alliance. Available at: https://www.curemelanoma.org/patienteng/
melanoma-treatment/adjuvant-therapy/.
[vii] Paul D. Nathan, et al.
Five-year analysis of dabrafenib plus trametinib (D+T) in patients with BRAF
V600–mutant unresectable or metastatic melanoma confirms long-term benefit.
Resumo #9507. Reunião Anual da American Society of Clinical Oncology de 2019,
de 31 de maio a 4 de junho, Chicago, IL.
[viii] Adjuvant Therapy. Melanoma
Research Alliance. Available at: https://www.curemelanoma.org/patienteng/
melanoma-treatment/adjuvant-therapy/.
[ix] F. Metastatic Behavior in
Melanoma: Timing, Pattern, Survival, and Influencing Factors. J Oncol. 2012;
2012: 647684.
[x] INCA – Instituto Nacional de
Câncer: Câncer de pele melanoma. Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-pele-melanoma.
[xi] Organização Mundial da Saúde (OMS). Globocan 2012:
Estimated Cancer Incidence, Mortality and Prevalence Worldwide in 2012.
Disponível em: http://globocan.iarc.fr/Pages/fact_sheets_population.aspx
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