Especialistas afirmam que um dos primeiros
passos para ações sustentáveis é a educação ambiental
Uma das
questões mais preocupantes, se não a maior, desde o século passado, se refere
ao meio ambiente e os seus desequilíbrios causados pelos maus hábitos da
humanidade. Há muito se fala sobre as ameaças globais, tais como, as mudanças
climáticas e seus efeitos devastadores como o aquecimento global, a intensidade
das chuvas, fenômenos como furacões e ondas fortíssimas de calor.
Com a expansão do coronavírus em todo o mundo, há mais de um ano a pauta
principal tornou-se a pandemia, em todas as áreas. Seja na política, no
jornalismo, nas redes sociais e em qualquer esfera, o foco passou a ser somente
um e assuntos de extrema importância foram deixados de lado. Como consequência,
no ano passado a 26ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança
Climática, COP26, foi adiada.
Mas muito antes disso, especialistas já alertavam para os danos ao planeta e
vem incentivando um estilo de vida sustentável. A professora de Direito
Ambiental do Centro de Ciências e Tecnologia(CCT) da Universidade Presbiteriana
Mackenzie (UPM) em Campinas, Márcia Brandão, explica a importância de criarmos
hábitos saudáveis: "Tudo é feito por meio de contribuições individuais,
nossa civilização está correndo risco. Nós enfrentamos um colapso da
biodiversidade, mudança climática, contaminação dos solos, então temos que ter
esse tipo de olhar e nos convencer que fazemos parte da natureza e não somos
donos dela. Ela está desequilibrada e está começando a dar prejuízo para todo
mundo.", afirma.
Para o professor de Gestão Ambiental e Química na UPM e doutor em Saúde
Pública, Rogério Machado, as maiores dificuldades em desenvolver ações mais
sustentáveis partem das empresas, afetadas pelo custo alto de matérias primas e
sistemas operacionais menos poluentes. Ele cita também uma falta de informação
social, pois "há uma educação e costumes arraigados no povo, onde não
conseguem perceber o valor e o significado de ações que preservem o meio em que
eles vivem."
Já o Biólogo e professor de Meio Ambiente da UPM, Magno Botelho, compartilha da
mesma opinião que Machado. "Há dificuldade em sair da nossa zona de
conforto, às vezes temos hábitos muito arraigados e não temos condições
necessárias para que façamos mudanças de hábitos". No sentido da
readequação do estilo de vida, Magno acredita que a transformação de hábitos é
utópica para a maioria da população, pois as pessoas têm de ver incentivos para
que reajam a determinadas mudanças.
A avaliação da ONU Meio Ambiente sobre o estado da natureza, realizada em 2019,
destaca que se não colocarmos a sustentabilidade em prática, cidades e regiões
na Ásia, Oriente Médio e África poderão sofrer com mortes prematuras. A
publicação ainda alerta que os poluentes nos atuais sistemas de água potável
podem vir a criar uma resistência antimicrobiana, se tornando a maior causa nos
índices de mortalidade.
O relatório também ressalta que o mundo tem a tecnologia, estudos científicos e
recursos financeiros mais do que suficientes para um desenvolvimento
sustentável. Entretanto, ainda falta cooperação da população e das autoridades
políticas, que se prendem a modelos de produção extremamente prejudiciais ao
planeta. Márcia Brandão acredita que as transformações sustentáveis precisam do
impulso dos políticos. "Precisamos de vontade política e de um governo que
invista em propagandas educativas e ambientais. Depende de governante sério,
pois mais do que os ambientalistas pedem (pela sustentabilidade) é
impossível."
Rogério Machado cita que no dia 22 de abril, em reunião presidida pelos EUA com
participação de vários governantes, o que ficou do encontro é que os países que
não estão fazendo sua parte na questão ambiental. Poluição, devastação
ambiental e colaboração no combate contra o aquecimento global estão sendo
excluídos na prioridade de investimentos e forma global. O professor ressalta
que as nações atrasadas na mentalidade ambiental tendem a não ser prioritários
em nada, principalmente em investimentos, pois o investidor não quer seu nome
atrelado a destruição do planeta apenas por ganância.
Os três especialistas dão algumas dicas para ações sustentáveis como, ligar luz
somente durante o uso, procurar locais adequados para o descarte de pilhas
eletrônicas, como a empresa fabricante, comprar somente o necessário e
priorizar empresas que se preocupam com a sustentabilidade, usar água
racionalmente, optar pelo uso de lâmpadas LED, deixar o carro em casa para
trajetos curtos e separar o lixo corretamente.
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