Estudo da Kaspersky aponta que 78% dos brasileiros sentem-se saturados de informações. Dar ao cérebro chance de digerir as notícias e desconectar podem ser remédios para essa infodemia
Durante a pandemia da Covid-19, mais de 50% dos brasileiros consumiram
"mais ou muito mais" notícias em comparação a um ano normal. Além
disso, três quartos deles sentiram-se saturadas por causa da grande quantidade
de informações sobre um mesmo tema. Essas conclusões são do estudo "Infodemia
e os impactos na vida digital" desenvolvido pela empresa de
cibersegurança e privacidade digital Kaspersky, em parceria com a empresa de
pesquisa CORPA.
A palavra infodemia
foi usada pela primeira vez em 2003 pelo jornalista e cientista político David
Rothkopf em sua coluna no Washington Post sobre a epidemia de SARS. Ela se
refere à disseminação rápida e abrangente de notícias reais e falsas que
dificultam a compreensão das pessoas sobre um assunto. Enquanto os
especialistas estudam os efeitos da pandemia da Covid-19 nas áreas de saúde,
política e econômica, a Kaspersky foi entender os impactos na vida digital,
segurança e privacidade dos latino-americanos.
Os peruanos (61%)
foram os que mais aumentaram o consumo de notícias durante a pandemia, seguidos
dos chilenos (53%), argentinos (52%), brasileiros (51%), mexicanos (51%) e
colombianos (45%). Quanto ao sentimento de saturação por conta do excesso de
informações, os dados trazem os cidadãos da Colômbia em primeiro lugar (81%),
seguidos da Argentina (79%), Peru (78%), Chile (77%), Brasil (67%) e México
(62%).
"Os resultados
preliminares reforçam apenas o quão profundo foram os impactos da pandemia e do
isolamento social. Tivemos de aprender sobre o vírus e como combatê-lo, e nos
adaptar às regras de distanciamento - e ainda estamos tendo de lidar com isso
um ano depois. Nossa pesquisa mostra que muitos se sentiram esgotados com este
novo contexto. É como um ataque de negação de serviço (ciberataque que tenta
sobrecarregar um site/serviço com múltiplos acessos) ao nosso cérebro, que, ao
atingir o nível de saturação, faz a pessoa ‘desligar’", avalia Fabio
Assolini, analista sênior de segurança da Kaspersky no Brasil.
Como era de se
esperar, os temas que mais sobrecarregaram as pessoas foram a pandemia e
correlacionados. Nas primeiras posições estão a atualização diária do número de
infectados e mortes pela Covid-19 (77%), orientações de prevenção do vírus
(44%) e a corrida da vacinação (32%).
A preocupação é
plausível. Durante toda a pandemia os especialistas da Kaspersky encontraram
golpes explorando vários temas e reforçando ainda mais a desinformação, como golpes de phishing, ataques disfarçados de apps de ensino , oferta de vacinas na darknet e sites falsos com cadastro para vacinação
com o objetivo de roubar dados pessoais.
Mas como garantir que as pessoas terão as informações corretas para combater os
desafios do vírus e golpes online?
Para Assolini,
um caminho para solucionar a infodemia é entender os motivos que fizeram
as pessoas a ler, assistir e escutar menos notícias. "Os resultados
mostram que as pessoas sentem-se ansiosas (38%), estressadas (36%), pessimistas
(35%), com raiva (30%) e deprimidas (24%). De fato, houve e ainda há muitas
notícias para lamentar, mas se esse tom negativo afasta as pessoas das
informações que precisam receber, será que uma abordagem positiva pode atrair
novamente a atenção?"
Para combater a
sobrecarga e a infodemia, a Kaspersky faz um paralelo entre a rotina na vida
real e as atividades virtuais e recomenda:
• Crie hábitos
saudáveis
Para uma vida
equilibrada, temos de organizar nosso tempo para a realização de atividades
físicas, realizar refeições de quatro em quatro horas e dormir cerca de oito
horas. "Temos que levar essa prática para o mundo virtual, organizando
um período do dia para ler notícia, outro para responder e-mails e mensagens.
Vale a pena também usar a função "assistir/ler mais tarde, presente nas
redes sociais e navegadores", sugere Assolini.
• Faça uma pausa
Seja na escola ou em
um evento corporativo, sempre há um intervalo após um período de concentração e
trabalho intenso. Esta pausa é essencial para que o cérebro possa descansar e
se preparar para absorver mais informação. "Criamos o hábito que temos
que fazer tudo em tempo real, mas isso não é verdade. Não precisamos comentar
um post no exato momento que foi postado. Não temos de aproveitar uma promoção
na hora que vemos o anúncio. Não devemos tomar uma informação como verdadeira
só porque recebemos um link. Nosso cérebro precisa "digerir" algumas
informações e precisamos dar o tempo para ele reagir a tudo que acontece no dia
a dia", reflete o analista de segurança.
• Desligue
Fazer uma atividade
intensa por um período tem efeitos benéficos, mas tudo em exagero é ruim. Assim
como é importante ter horas de sono mínimas para o corpo relaxar, o cérebro
também precisa de um intervalo. "Sugiro que as pessoas desliguem as
notificações do celular por pequenos períodos - e durante a noite. Isso
permitirá ao cérebro descansar e clarear os pensamentos", finaliza o
especialista da Kaspersky.
Para mais
informações sobre o estudo ‘Infodemia e os impactos na vida digital’, acesse o blog oficial da Kaspersky.
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