Sempre que chega o 12 de outubro, as celebrações pelo Dia das Crianças se espalham por todo o país. Em geral, comunidades, pais e unidades de ensino organizam para a data uma série de brincadeiras, comidas diversas e muita música. Anualmente, esse é o dia em que a infância toma as ruas e as casas, quase como uma celebração do direito que as crianças têm de ser felizes, de brincar.
No entanto, com o distanciamento social imposto
pela pandemia, é urgente repensar as formas de permitir que a criança tenha
momentos para desfrutar de seu momento de vida em plenitude.
Uma das definições do dicionário Michaelis para a
palavra "infância" é "primeiro período da existência de uma
sociedade ou de uma instituição". Isso significa que é na infância que
residem as raízes para tudo o que uma pessoa pode vir a se tornar ao longo da
vida - e, consequentemente, para todas as contribuições que essa pessoa virá a
fazer à sociedade em que está inserida.
Em um momento em que a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) propõe que as crianças da Educação Infantil sejam detentoras
de Direitos de Aprendizagem, a infância é novamente revista. Trata-se de um ato
para planejar momentos em que a criança possa brincar, conhecer-se, expressar,
conviver, participar e explorar. As experiências infantis planejadas não são -
e nem devem ser - simulacros da vida adulta, mas, em vez disso, devem colocar a
própria vida infantil em contexto e expressão.
Como, então, garantir essas vivências em um momento
como este, quando a maior parte das crianças está afastada da escola há vários
meses? É papel da escola refletir sobre esse desafio para trazer, com o uso de
recursos pedagógicos, criatividade e acompanhamento individual - ainda que
online - um espaço em que a criança possa exercitar sua infância.
Como afirma Rousseau, "a infância tem maneiras
de ver, de pensar, de sentir, que lhe são próprias. Nada é menos sensato do que
a elas querer substituir as nossas e preferiria exigir que uma criança tivesse
cinco pés de altura a exigir que tivesse julgamento aos dez anos".
A Educação Infantil toma corpo e forma na mais
interessante perspectiva: uma perspectiva infantil, em que todo dia é Dia das
Crianças.
Há caminhos a trilhar, organizando a escola como
esse lócus da infância, em que se consolida como "lugar de criança"
e, consequentemente, "lugar de felicidade".
Pedro Lino - mestre em
Educação e especialista em Gestão Escolar. Supervisor pedagógico da Área
Pública da Editora Aprende Brasil, do Grupo Positivo.
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