Uma pesquisa feita pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para o Dia da Saúde Mental, celebrado em 10 de outubro, revelou que a pandemia provocou um impacto negativo na saúde mental de mais da metade dos entrevistados. O estudo apontou que a epidemia global "agravou doenças mentais existentes, gerou novas doenças e limitou ainda mais o acesso aos serviços de saúde mental". O diretor da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (AMMETRA) e coordenador da Mobilização Nacional de Médicos e Psicólogos Especialistas em Trânsito, Alysson Coimbra, explica que essas alterações afetam a segurança viária de forma direta. “O trânsito está mais violento. Os motoristas estão mais agressivos ao dirigir e os casos de brigas têm sido constantes”, aponta.
De acordo com o diretor da AMMETRA, esse cenário
reforça a urgência em cuidar melhor da saúde mental dos motoristas. Atualmente,
condutores comuns fazem uma única avaliação psicológica, ao tirar a Carteira
Nacional de Habilitação (CNH), perto dos 18 anos. “Nessa
idade, as pessoas ainda estão em formação e mudam muito ao longo da vida. Todos
passamos por constantes transformações em curtos espaços de tempo, não podemos
atestar a capacidade psicológica de uma pessoa somente no momento da
habilitação”, completa Coimbra.
Uma pesquisa recente feita pela Associação
Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) confirma em números a avaliação dos
especialistas em trânsito. De acordo com o estudo, cerca de 283,5 mil acidentes
de trânsito registrados em rodovias brasileiras nos últimos anos foram provocados
direta ou indiretamente por questões relacionadas à saúde dos motoristas. E 76%
destes acidentes foram provocados por falta de atenção ao dirigir, consequência
de situações como fadiga, estresse, cansaço, deficit de atenção ou
comprometimento do raciocínio. Essa condição foi responsável por 62% (9.047)
das mortes e 74% (182.288) dos ferimentos no período. “Por isso a
avaliação da saúde mental é importante, principalmente no que se refere aos
aspectos cognitivos, atenção concentrada, atenção dividida e atenção alternada.
É muito importante nessa avaliação a percepção dos traços de personalidade do
condutor, como impulsividade, agressividade e ansiedade, fatores que, somados,
interferem diretamente na capacidade de dirigir de forma segura”,
avalia o especialista.
Estas ocorrências causaram a morte de 14.551
pessoas e deixaram outras 247.475 feridas. “Esses acidentes e mortes
poderiam ser evitados se todos condutores realizassem exames médicos e
psicológicos na renovação da CNH em menores espaços de tempo”,
reforça Coimbra.
Diante deste cenário, entidades médicas defendem a
aprovação do PL 98/2015 como uma alternativa para salvar vidas no trânsito. O
projeto determina a realização de avaliação psicológica em todos os motoristas
no ato da renovação da CNH e atualmente está parado no Senado. “Esse PL é
uma solução para ajudar a detectar de forma precoce cenários de instabilidade
psicológica nos motoristas e, assim, reduzir o número de acidentes e mortes”,
afirma Coimbra.
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