Tecnologia que oferece propriedades
anti-COVID-19 dá boas-vindas a uma nova tendência para o setor
Se há pouco tempo os lançamentos nas
temporadas de moda ficavam limitadas às tendências de cores e modelos, desde
que a pandemia do novo coronavírus se alastrou, as inovações do mundo fashion
têm preocupações muito mais nobres. Agora, as roupas antivirais são a próxima
grande tendência na indústria têxtil. E não pense que estamos falando de roupas
que se parecem com as usadas nos filmes de ficção científica, mas sim de
moletons, camisetas, vestidos, bermudas e outras peças para o dia a dia.
Esse novo momento está revolucionando a indústria da moda também ao fazer as
pessoas reconsiderarem o papel que as roupas desempenham em suas vidas: com o
isolamento social, armários lotados de roupas não tiveram grande utilidade, o
que fez toda diferença foi o conforto. Além disso, todos também se tornaram
hiper conscientes sobre tudo que é tocado, desde maçanetas de portas e
carrinhos de supermercado até, obviamente, as roupas em nossos corpos. Afinal,
depois de uma ida ao mercado, é preciso trocar e lavar imediatamente as roupas
na temperatura mais alta? Qual é o risco de abraçar alguém com as roupas que
foram usadas no metrô?
"O tempo de permanência do Sars-Cov-2 em tecidos convencionais, segundo as
avaliações feitas por grandes centros de pesquisa, é de em média maior que um
dia. Por isso a comprovação de eficácia da adição da solução a base de
micropartículas de prata na composição de novos tecidos fez com que rapidamente
o mercado de confecções e produtos têxteis voltasse suas atenções a este
oxidante que elimina o vírus ", explica o Prof. Elson Longo, pesquisador e
professor emérito da Universidade Federal de São Carlos e diretor do
CDMF/FAPESP.
Uma das companhias que lançou produtos com propriedades anti-COVID-19 foi a
basicamente., empresa parceira do Grupo Malwee. A camiseta com AG+Fresh, um
aditivo químico a base de prata, elimina o novo coronavírus em apenas dois
minutos de contato e pode ser customizada de acordo com a necessidade do
cliente. A ideia é ajudar no retorno das atividades de empresas que estejam
preocupadas em garantir a segurança de seus funcionários. A marca possui uma
carteira mais de 1000 empresas já atendidas e o número só aumenta.
"É muito importante que os colaboradores das empresas recebam todos os
cuidados no retorno aos escritórios. Nossa linha de camisetas e máscaras
customizáveis visa isso. Nossa meta é atingir o maior número de pessoas em todo
Brasil fazendo com que esse benefício chegue de fato a população, apresentando
uma tecnologia 100% nacional", conta Douglas Losacco, sócio da companhia.
A peça possui um QR-Code que mostra para o consumidor todos os benefícios e a
autenticidade do produto.
Indústria têxtil
A demanda do mercado de moda acelerou o processo de desenvolvimento das
indústrias nacionais do setor, que nas últimas décadas vinham enfrentando
desafios para manter suas produções em mercado nacional diante da forte
concorrência da matéria prima originária da China. Para esse segmento da
economia, a moda dos antivirais aqueceu as vendas e impulsionou o desenvolvimento
de novos negócios.
A exemplo disso a indústria têxtil Delfim Tecidos criou em tempo recorde, ainda
no início da pandemia, o DelfimProtect, um produto que inicialmente tinha a
missão de atender a demanda de fabricantes de máscaras e uniformes profissionais.
O material é composto por 100% poliéster e contém dois tipos de micropartículas
de prata impregnadas na superfície por meio de um processo de imersão, seguido
de secagem e fixação, chamado pad-dry-cure.
O material não desfia, não desgasta e possui repelência a líquidos. Testes de
laboratório realizados pela USP mostraram que o material é capaz de inativar o
novo coronavírus de sua superfície em um minuto. Com investimento de cerca de 1
milhão de reais em pesquisa e desenvolvimento, o produto deu à tradicional
empresa, estabelecida há mais de 60 anos, uma nova perspectiva. "Não há
mais espaço para empresas que desempenhem atividades com um fim meramente
econômico. É preciso ter consciência sobre a importância de também promover um
impacto positivo buscando soluções para problemas da sociedade", declara
Mauro Deutsch, presidente da Delfim Tecidos.
Em comum, tanto a Delfim quanto a basicamente. utilizaram tecnologia 100%
nacional para desenvolver seus produtos com propriedades antivirais. A Nanox,
empresa de nanotecnologia localizada em São Carlos, foi a responsável pela
fabricação dos aditivos utilizados em ambos. Fundada por três estudantes de
química da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) em 2004, a Nanox já
fornecia para indústrias têxteis e de diversos outros segmentos essas
micropartículas que apresentam atividade bactericida e fungicida - ou seja, em
tecidos evitam a proliferação de fungos e bactérias causadoras de maus odores.
Com o surgimento do novo coronavírus e a chegada da pandemia no Brasil, os
pesquisadores da empresa tiveram a ideia de avaliar se esses materiais também
eram capazes de inativar o SARS-CoV-2, uma vez que já havia sido demonstrado em
trabalhos científicos a ação contra alguns tipos de vírus.
"O aditivo de prata que agora utilizamos para inativar o Sars-Cov-2 já
existia e era utilizado para uma na indústria de diversas formas, no entanto,
antes da pandemia, não tínhamos como saber que ele também possuía esta função.
Para nos certificarmos de sua eficiência, realizamos um estudo com a
colaboração com o Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo
(USP), do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais da Universidade
Federal de São Carlos (Ufscar) e Universidade Jaume I, na Espanha e descobrimos
que as micropartículas conseguem eliminar 99,9% da quantidade do vírus de dois
a cinco minutos após o contato , reforça Daniel Minozzi, diretor da Nanox.
Recentemente, a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou que não é possível
prever quando, e se, o novo coronavírus (Sars-CoV-2) vai desaparecer, afirmando
ainda que ele pode se tornar endêmico —igual a outros vírus, como o HIV, e pode
nunca desaparecer. Por conta disso, os cuidados devem permanecer mesmo após o
número de mortes diminuir.
"É muito provável que esta mudança de comportamento se torne permanente
mesmo após a invenção da vacina, pois além da possibilidade do vírus se tornar
endêmico, a pandemia criou um alerta não apenas sobre o Covid-19, mas sobre
todos os outros germes aos quais somos expostos. Nossas roupas carregam germes
e, quando você chega em casa não quer precisar se trocar antes de abraçar seus
filhos", finaliza o pesquisador.
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