Médico alerta que é preciso fortificar a imagem de que o dermatologista entende e trata doenças e não apenas aparência física
Com a popularização do skincare e
diversos outros tratamentos estéticos, reforçou-se a ideia no imaginário do
brasileiro de que dermatologistas são profissionais focados apenas na imagem.
Apesar de esta ser, de fato, uma área de especialização chamada Cosmiatria, a
atuação desses médicos não se limita a isso, sendo eles responsáveis por um dos
maiores órgãos do corpo humano: a pele.
De acordo com o médico dermatologista
Dr. Fábio Gontijo, todo esse cenário contribui para o afastamento de grande
parte da população desses profissionais, o que contribui para a dificuldade de
prevenção e tratamento precoce de doenças relacionada à pele. “Acredito que
ainda faltam ações mais eficientes para democratizar o acesso à especialidade.
O alcance as consultas médicas via SUS muitas vezes é demorado, e algumas
pessoas não tem acesso a informações básicas, como por exemplo, o uso
irrestrito do filtro solar diariamente. Além disso, muitos tem a ideia de que
esta é uma especialidade estética voltada apenas para classes sociais mais
favorecidas, um supérfluo.”,
A falta de acesso e a não
democratização do conhecimento na área é segundo ele, um catalisador para que
doenças como o câncer de pele, que corresponde a 33% de todos os diagnósticos
desta doença no Brasil segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, se
devolvam com mais facilidade. Estima-se que 180 mil novos casos sejam
diagnosticados por ano pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA). “O atraso no
diagnóstico de doenças dificulta o tratamento e abre margem para que as
consequências sejam ainda mais graves. Entretanto, além de diagnosticar as
doenças, é de fundamental importância que essas ações de acesso à dermatologia
estejam ligadas à prevenção das patologias, assim como para a melhora da
qualidade de vida das pessoas”, defende o médico dermatologista Dr. Fábio
Gontijo.
Estão em tramitação no congresso,
diversas iniciativas que buscam minimizar dificuldades de acesso aos cuidados
com pele, como é o exemplo da PL nº 5561/2019, de autoria do deputado Gervásio
Maia PSB/PB, que propõe a distribuição gratuita de protetores solares para
beneficiários do programa Bolsa Família, pessoas com renda familiar de até 2
salários mínimos, trabalhadores rurais, e outras classes de trabalhadores que
tem trabalho externo.
Além disso, apesar do Sistema Único de
Saúde (SUS) oferecer consultas gratuitas com profissionais da área, Dr. Fábio
Gontijo pontua que grande parte da população ainda vê a dermatologia como algo
relacionado à estética e não à saúde, o que somado a demora no processo,
culmina para o desinteresse. "O uso do protetor solar, por exemplo, é tido
como necessário apenas para dias de praia e piscina, porque é assim que o produto
é retratado em comerciais e outros meios. Quando na verdade, não é bem assim, e
cabe aos órgãos responsáveis fazerem esse tipo de divulgação do
conhecimento", alerta o médico dermatologista.
Democratização da informação
Além disso, instituições como a
Sociedade Brasileira de Dermatologia promovem periodicamente algumas campanhas
de conscientização. Outra maneira de democratizar informações de cuidado com a
pele é por meio de programas de tevê. No caso do dermatologista Dr. Fábio
Gontijo, a proposta foi tratar de assuntos chaves com linguagem lúdica.
“A ideia de criar um programa semanal
em um canal da televisão aberta partiu justamente dessa necessidade de
democratizar as informações sobre a excelência nos cuidados com a pele com o
grande público. A primeira temporada do meu programa, A Melhor Versão, terá uma
série de episódios em que iremos abordar as doenças de pele mais comuns, de
forma clara e explicativa, desde acne até o câncer de pele, além da melhor
forma de preveni-los”.
Para o médico, iniciativas como esta
vêm atreladas não a um influencia estética, mas para o entendimento de que
cuidados com a pele também dizem respeito à saúde. "Mais iniciativas como
as que estamos vendo atualmente, principalmente as que estão atreladas ao bem social,
devem surgir no nosso país. Vamos lembrar que a promoção da saúde é um direito
básico de todos e um dever do Estado", lembra.
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