Doença crônica
que afeta cerca de 40 mil brasileiros. Neurologista explica que embora não
tenha cura, é preciso tratamento multidisciplinar para alcançar qualidade de
vida
Segundo dados do Hospital Israelita Albert
Einstein, estima-se que existam 40 mil casos de pessoas com Esclerose Múltipla
(EM) no Brasil. Relativamente rara, isso implica uma prevalência média de 15
casos por 100 mil habitantes, conforme a última atualização da Federação
Internacional de Esclerose Múltipla e Organização Mundial da Saúde publicadas
em 2013. O médico neurologista Alexandre Castro (CRM - 17286), explica que, em
tempos de pandemia viral, como a do novo coronavírus, pessoas acometidas pela
EM precisam ficar mais atentas, pois alguns medicamentos podem reduzir a
imunidade do organismo às infecções virais e alerta para a necessidade de
atenção à doença.
Segundo o médico que atende no Centro Clínico do
Órion Complex, o impacto da Covid 19 está relacionado ao estágio de gravidade
da Esclerose. Indivíduos bem controlados e com pequenos déficits não apresentam
maiores riscos de complicações. “Por outro lado, pacientes com a doença mais
avançada, idosos, cadeirantes ou mesmo acamados, que possuem outras
comorbidades, como diabetes, pneumopatias ou cardiopatias podem fazer parte do
grupo de risco”, detalha Alexandre. O portal da Associação Brasileira de
Esclerose Múltipla, inclusive, lista algumas condutas que precisam ser
observadas para quem está em tratamento e cada fase da doença.
O documento traz orientações importantes como
usar preferencialmente serviços telefônicos ou on-line para entrar em contato e
receber atendimentos médicos e tratamentos multidisciplinares, que no
caso da EM, pode envolver fisioterapias, massagens, pilates e outras rotinas
que exigem contato físico.
A EM é uma doença neurológica crônica em que as
células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central.
Suas causas envolvem tanto aspectos genéticos quanto ambientais. De acordo com
Alexandre, existe uma predisposição genética envolvida, sobretudo em relação a
genes relacionados ao MHC da classe 2, ligados ao sistema imunológico do ser
humano. “Porém, uma série de outros genes podem também ter algum grau de
influência. Fatores ambientais como o tabagismo, deficiência de vitamina D e
algumas infecções virais também podem contribuir para a origem do processo
auto-imune”, completa o médico.
Embora haja formas progressivas da doença, o mais
comum é que ela apareça de uma vez, e acomete em sua maior parte, pacientes
adultos entre 18 e 55 anos, com predomínio entre as mulheres. Os surtos da
doença são caracterizados por sintomas neurológicos súbitos, como alteração
visual (neurite óptica), sintomas sensitivos, fraqueza, fadiga, vertigem, visão
dupla, alterações da fala, paralisia facial, alterações neuropsiquiátricas,
dentre outros.
Mesmo com tantos avanços da medicina, a Esclerose
Múltipla não tem cura, mas existem tratamentos com medicamentos imunomoduladores
que são capazes de reduzir a possibilidade de novos surtos. Os tratamentos
podem modificar a evolução da doença e melhorar a qualidade de vida do
paciente. “Para o tratamento especificamente dos surtos em geral utilizamos
corticoides, plasmaférese ou imunoglobulinas. Outros imunossupressores,
anticorpos monoclonais e demais terapias são utilizadas dependendo do contexto
clínico apropriado”, explica o neurologista que lembra que a atividade física e
um estilo de vida saudável também são de suma importância. A equipe envolvida
no tratamento é, em geral, multidisciplinar, incluindo neurologia,
oftalmologia, reumatologia, fisiatria, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia
ocupacional, nutricionista e psicologia.
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