Erosões dentais e irritações nas
mucosas podem ser evitadas com um cardápio balanceado
A correria da vida moderna e uma alimentação desregrada já são velhos inimigos para uma vida saudável. No âmbito da saúde bucal, colaboram para essa condição a ingestão de alimentos ácidos e industrializados - os principais agentes de erosões dentais e outras doenças bucais.
A erosão dental (ou biocorrosão) pode ser compreendida como a
dissolução do esmalte dental, causando alteração da coloração do dente e
hipersensibilidade ao frio. Bebidas alcoólicas ou escuras, como café e alguns
refrigerantes, assim como carboidratos, são alguns dos alimentos que podem
causar essas complicações se ingeridos excessivamente. Isso, associado à
escovação intensa com escovas de cerdas duras, pode agravar ainda mais o
problema pelo aumento da fricção do ácido com os dentes.
Camillo Anauate Netto, conselheiro suplente do Conselho Regional
de Odontologia de São Paulo (CROSP), aponta bebidas como vodca e vinhos como
coadjuvantes do problema. Pelo pH ácido e alto teor alcoólico, a ingestão
exagerada inibe a salivação, intensificando os processos ácidos que induzem a
biocorrosão. Além do desgaste, o álcool também é responsável por outras doenças
bucais.
“O álcool pode irritar as mucosas da boca. Seu consumo abusivo
pode causar alterações celulares nestes tecidos moles bucais e aumentar a
predisposição a doenças cancerizáveis na boca e garganta”, explica.
Frutas ácidas, como kiwi, limão, laranja, também podem causar
erosão dental. “Quando se morde ou se chupa uma fruta cítrica aumentamos o seu
poder de corrosão da estrutura dental por conta da fricção mecânica contra os
dentes. Sucos dessas frutas também podem prejudicar, a dica é tomá-los com
canudo (biodegradável) para minimizar o contato com os dentes”, explica o
especialista.
Café e carboidratos
O café, um favorito dos brasileiros, é outra bebida que pode
prejudicar o nosso sorriso. Segundo o especialista, o líquido tem poder corante
das estruturas dentais quando consumido com muita frequência. “O café pode pigmentar
as estruturas dentais e restaurações de resina. Porém estes pigmentos
normalmente são removidos com uma profilaxia profissional”, comenta
Netto.
Já alimentos ricos em carboidratos contribuem para problemas como
cáries e degradação do esmalte e dentina. “Carboidratos fermentáveis também
produzem ácidos e podem prejudicar quando a higienização dental não é realizada
com eficácia e frequência recomendadas”, diz Netto.
Cuidados com a higiene bucal podem prevenir a maioria dos
problemas bucais, principalmente os provenientes da alimentação. Para evitar a
erosão dental, o cirurgião-dentista recomenda que a escovação seja realizada
cerca de 20 a 30 minutos após a refeição, período necessário para que o teor
ácido bucal se estabilize.
Primeiros dentes
A partir do irrompimento dos primeiros dentes da criança, é
importante que cuidados com a saúde bucal entrem na rotina da família. Lara
Motta, cirurgiã-dentista integrante da Câmara Técnica de Odontopediatria do
CROSP indica que alimentos com consistências diferentes sejam introduzidos no
cardápio do pequeno gradativamente.
“As frutas e legumes, além dos nutrientes, também colaboram com o
desenvolvimento da mastigação, quando oferecidos em pedacinhos, para exercitar
os músculos mastigatórios e estimular as papilas gustativas com a variedade de
alimentos”, explica a profissional.
Frutas e verduras frescas são as principais fontes de fibra na
alimentação. Esses alimentos aumentam a salivação, que funciona como uma defesa
natural contra cáries por limpar os restos de comida e neutralizar os ácidos
que atacam os dentes. Pera, cenoura, maçã e o aipo, por exemplo, também ajudam
a remover a placa bacteriana dos dentes e a refrescar o hálito.
Uma atenção especial à alimentação dos filhos também é importante
para evitar lesões de cáries e acúmulo de placa. “Os alimentos ultraprocessados
e industrializados devem ser evitados. Além da composição nutricional, a
consistência pegajosa e a presença de açúcar prejudicam o bom desenvolvimento
da dentição”, comenta Lara.
Ainda em relação á alimentos açucarados, a cirurgiã-dentista
aconselha que o açúcar só deva ser oferecido à criança após os dois anos de
idade, se baseando em um consenso da comunidade pediátrica e odontopediátrica
sobre os cuidados nos mil primeiros dias da criança (período gestacional,
primeiro e segundo ano de idade).
Troca da dentição
Na época da troca dos dentes de leite pelos permanentes, a higiene
bucal merece atenção especial. De acordo com a profissional, o primeiro molar
permanente irrompe sem que um dente de leite antecessor tenha caído. Por isso,
muitas vezes os responsáveis não sabem que já é permanente, aumentando a
importância de uma boa higiene bucal.
Em todo o caso, para garantir a manutenção da saúde bucal, após a
erupção do primeiro dente, aliada à dieta saudável deve-se estabelecer o hábito
regular da higiene bucal, com escovação, fio dental e pasta de dentes com
flúor.
CROSP –Conselho Regional de Odontologia de São
Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário