Abrale (Associação Brasileira de Linfoma
e Leucemia) alerta a população para sinais da mielofibrose, a fim de reduzir o tempo de identificação da doença
Fraqueza, anemia, palidez, sudorese noturna, cansaço excessivo e progressivo, palpitações, falta de ar, emagrecimento e perda de apetite, dor ou desconforto no abdômen. Esses sintomas que, muitas vezes, são confundidos com sinais do envelhecimento, podem ser indícios da mielofibrose - um câncer mais incidente em pessoas a partir de 60 anos, que afeta as células responsáveis pela produção de sangue na medula óssea.
Por conta desses sinais inespecíficos,
o primeiro grande desafio desses pacientes é chegar ao diagnóstico. Uma
pesquisa realizada recentemente pela Abrale (Associação Brasileira de
Linfoma e Leucemia), com mais de 70 pacientes com MF, revelou que quase um
terço (32%) dos casos demoraram mais de dois anos para obter o diagnóstico.
"Essa demora no diagnóstico ocorre
porque a mielofibrose é pouco conhecida e tem sintomas relativamente comuns, o
que prejudica a investigação da doença. A maioria dos pacientes passa por
vários médicos antes de chegar ao hematologista", aponta a administradora
Merula Steagall, fundadora da Abrale. O levantamento da associação
revelou que 67% dos entrevistados passaram por mais de duas especialidades médicas
para chegar a um resultado conclusivo.
Um dos grandes riscos da
lentidão no diagnóstico, é que, em alguns casos, a MF pode evoluir
para leucemia mieloide aguda (LMA), tornando o prognóstico mais
complexo. Pensando em melhorar esse cenário, a Abrale criou a campanha
"Procura-se", que visa divulgar informações sobre a doença.
"Nosso propósito é atingir o máximo de pacientes, para que saibam que
existe uma instituição no Brasil que oferece gratuitamente apoio e
informações, tão cruciais para o melhor entendimento e definição do
tratamento adequado da mielofibrose. Além disso, ampliamos o conhecimento da
população acerca desta doença relativamente rara", finaliza Merula.
Além da campanha, a Abrale irá
realizar, no dia 26 de novembro, em São Paulo, um encontro entre nove
especialistas médicos, três associações de paciente e dois pacientes com
mielofibrose da América Latina. O objetivo é discutir as dificuldades
enfrentadas pelos pacientes devido à falta de conhecimento sobre a
doença (inclusive entre os profissionais da saúde) e avançar na definição
de diretrizes para o tratamento da MF no Continente.
Sobre a mielofibrose
Pertencente ao grupo das doenças
mieloproliferativas, a mielofibrose ocorre quando as células da medula óssea,
responsáveis por produzir as células do sangue, passam a se desenvolver e a
funcionar de forma anormal, formando um tecido fibroso na medula, o que
prejudica a produção das células sanguíneas.
Por ser uma condição progressiva, com o
passar dos anos, os pacientes com mielofibrose podem sofrer com sintomas
debilitantes, tornando-se incapazes de seguir suas rotinas de forma funcional -
especialmente se não estiverem sob cuidados e recebendo o tratamento adequado.
O principal objetivo do tratamento
desse câncer é gerenciar os sintomas, melhorar a contagem de células
sanguíneas, reduzir os riscos de complicações e evolução da doença para LMA (5%
a 10% dos casos). O único tratamento curativo é o transplante de células
tronco-hematopoiéticas.
Abrale -
Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia
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