Há casais que sofrem de problemas de saúde que
podem causar infertilidade. Isso faz com que tenham dificuldades em engravidar,
mesmo quando a mulher ainda está em seu período reprodutivo. Nesses casos, é
possível recorrer a técnicas de reprodução assistida, sendo a FIV (fertilização
in vitro) a mais realizada no mundo devido às suas altas taxas de sucesso.
Contudo, em se tratando de uma inovação na área de
medicina, a FIV também gera uma série de questionamentos. Os médicos da Clínica
Origen, Dr. Marcos Sampaio* e Dr. Selmo Geber*, desvendam alguns mitos sobre o
procedimento e as principais dúvidas ao se tratar do tema.
*Para esclarecer ou explorar algum ponto, estão
disponíveis para entrevistas
A fertilização in vitro pode ser feita em qualquer
idade
Mito. Indica-se, hoje, que as
mulheres devam tentar a técnica até os 43 anos de idade, pois a viabilidade do
embrião se reduz significativamente a partir desse momento. Entretanto, há
casos de mulheres que, mesmo após os 43, conseguiram engravidar pelo
procedimento de FIV.
Quanto mais embriões utilizar, maiores as chances
de sucesso
Mito. A taxa de sucesso depende diretamente da
qualidade do óvulo, que por sua vez está relacionada à “idade do óvulo”. Quanto
mais jovem, maiores as chances de sucesso, independentemente do número de
embriões. Por isso, mulheres mais jovens tem menos embriões transferidos.
É possível avaliar a fertilidade pelo ultrassom
transvaginal
Verdade. Esse exame é essencial para
verificar os órgãos reprodutores femininos. Isso porque é possível identificar
os ovários e o útero. Por meio dele também é possível avaliar a reserva
ovariana da mulher fazendo a contagem de folículos antrais. Dessa forma, ele
auxilia na investigação e no tratamento da infertilidade.
Inseminação Artificial e Fertilização In Vitro são
os mesmos procedimentos com nomes diferentes
Mito. Fertilização in vitro consiste na junção do óvulo
com espermatozoide em laboratório (in vitro) e posterior transferência do
embrião já formado para o útero. Inseminação artificial é a transferência
intrauterina do sêmen preparado no momento da ovulação, após estímulo hormonal
adequado (a fecundação ocorre naturalmente no organismo da paciente). As duas
técnicas têm indicações específicas, avaliadas pelo médico especialista.
A fertilização in vitro pode ser usada para
prevenir as doenças hereditárias?
Verdade. A FIV pode prevenir
doenças hereditárias. Os futuros pais, sabendo da existência de alguma doença
genética, podem recorrer à seleção de embriões sem os genes responsáveis pela
doença. Ao optar pelo diagnóstico genético pré-implantacional, a chance
de desenvolver a doença avaliada é muito inferior. Quando os futuros pais sabem
de alguma doença genética na família, podem recorrer à técnica de seleção de
embriões, por meio da qual são escolhidos aqueles que não possuem o gene
portador do mal que aflige a família.
A técnica é indicada apenas para mulheres com
alterações tubárias
Mito. Casais com dificuldades para engravidar podem
recorrer a esse procedimento mediante indicação médica. As razões que levam
diversas pessoas a procurar pelo método são muito mais amplas, podendo incluir,
inclusive, problemas de fertilidade por parte do próprio homem, como baixa
contagem de espermatozoides e casais homossexuais que buscam por alternativas
para formar uma família.
O bebê gerado pela fertilização in vitro é menos
saudável
Mito. A diferença entre a fertilização natural e a in
vitro acontece apenas até o momento da fecundação, já que o restante da
gestação ocorre de maneira normal, no útero da mãe ou barriga de aluguel. Isso
significa que o bebê gerado por esse método tem as mesmas chances de se desenvolver
de forma saudável e normal quanto qualquer outro.
A fertilização in vitro funciona 100% das vezes
Mito. Não há como prover tal garantia, pois a
implantação depende de uma série de fatores, principalmente da idade da mulher
provedora do óvulo. Porém, em muitos casos, essa é a melhor chance do casal.
No Brasil já é possível pagar por uma barriga de
aluguel
Mito. No Brasil a “barriga de aluguel” (útero de
substituição) não tem caráter financeiro. Tal prática tem caráter altruísta e é
permitida entre parentes ou em casos especiais autorizados pelo Conselho
Federal de Medicina (CFM).
Curiosidade:
A fertilização in vitro é uma das técnicas mais
modernas de tratamento da infertilidade. O primeiro bebê de proveta, gerado
através da técnica de fertilização in vitro, foi Louise, que nasceu em 1978. A
partir de então a técnica foi continuamente aperfeiçoada e hoje pode ser
indicada para vários casais com os mais diferentes tipos de dificuldade em ter
filhos.
Dr.
Marcos Sampaio - Marcos Sampaio é formado em Medicina pela
Universidade Federal da Bahia, em 1987, obteve diploma em Fertilização in Vitro
e investigação biomédica na Faculdade de Medicina de Valência, na Espanha. Em
1992, concluiu o doutorado em Ginecologia e Obstetrícia pela Universidade de
Valência. Foi médico convidado do Instituto Valenciano de Infertilidade por
cinco anos. O pós-doutorado em Embriologia e Fertilização foi concluído na
Universidade de Melbourne – Austrália – onde trabalhou com um dos pioneiros da
Fertilização in vitro no mundo, Prof. Alan Trounson. É o Diretor do Centro de
Medicina Reprodutiva – Clínica Origen. Possui mais de 50 artigos científicos
publicados e diversos capítulos de livros, além de 3 livros.
Dr.
Selmo Geber - Formado em medicina pela Universidade Federal de
Minas Gerais em 1989. Residência médica no Hospital Mater Dei e título de
especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBASGO. Realizou doutorado em
Fertilização in vitro e Embriologia no Royal Postgraduate Medical School,
Universidade de Londres (Inglaterra) com os estudos pioneiros no mundo, em
diagnóstico genético preimplantação. Pós Doutorado com pesquisa em
células-tronco embrionárias. Livre docente pela UNESP. É Professor Titular do
departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina da UFMG. Foi
presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e Diretor da
Rede Latinoamericana de Reprodução Assistida, para o Brasil. É pesquisador do
CNPq. Possui 10 livros publicados, mais de 50 capítulos de livros e mais de 100
artigos científicos publicados em revistas especializadas.
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