A cada hora, sete homens recebem o diagnóstico; Marcelo Tas protagoniza
campanha de conscientização sobre a doença, cuja taxa de cura chega a 90% dos
casos quando descoberta na fase inicial
Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) sobre
o câncer de próstata revelam um quadro preocupante: até o final do ano estima-se
que o biênio 2018-2019 terá 68.220 novos casos da doença. Tal número
corresponde a sete casos a cada hora, somando 31,7% dos diagnósticos de todos
os tipos da doença registrados no país, fazendo deste o mais incidente entre os
homens depois do carcinoma de pele não-melanoma. No âmbito mundial, a tendência
é igualmente inquietante, sendo este responsável por 4% das mortes somados
todos os tipos de tumores segundo a GLOBOCAN 2018.
O impacto é sentido até mesmo economicamente.
Segundo um estudo da Unidade de Inteligência da revista The Economist as perdas
apenas no Brasil somaram – em 2015 – mais de um bilhão de dólares não
corrigidos pela inflação. Esse horizonte, seja no espectro pessoal ou nacional,
não é, como pode parecer, uma sentença, pois o câncer de próstata é um tipo de
neoplasia maligna (tumor) com uma perspectiva de cura otimista caso seja
identificado rapidamente.
“Pessoas que estejam na faixa de risco,
composta por homens acima de 50 anos, com histórico familiar, precisam discutir
com seu médico sobre o rastreamento e os exames necessários. Mas, em geral,
todos os homens devem fazer acompanhamento anual”, explica André Fay,
oncologista do Grupo Oncoclínicas no Rio Grande do Sul.
Um dos principais obstáculos na prevenção e
detecção desse tumor, e outros que afetam apenas a população do gênero
masculino, é exatamente a falta de informação. Uma pesquisa realizada em 2017
pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), encomendada pelo Datafolha,
indicou que 21% do público masculino acreditam que o exame de toque retal "não é
coisa de homem". Considerando aqueles com mais de 60 anos
(grupo de risco), 38% disseram não achar o procedimento relevante. Outro dado
do IBGE mostrou que aproximadamente 5,7 milhões de homens de 50 anos ou mais
realizaram exame físico ou de toque retal nos 12 meses anteriores à pesquisa,
equivalendo a apenas 25% dessa faixa de idade.
Por isso a importância de campanhas
informativas como a promovida pelo Instituto Oncoclínicas - iniciativa do corpo
clínico do Grupo Oncoclínicas para promoção à saúde, educação médica continuada
e pesquisa -, em parceria com a SBU para desmistificar o exame de toque retal.
A ação lançada neste mês de Novembro é protagonizada pelo apresentador, ator,
roteirista, diretor e escritor Marcelo Tas e tem como foco central a difusão de
conhecimento por meio das mídias sociais.
“Precisamos esclarecer à sociedade em geral
que o exame de toque retal, essencial para a prevenção e detecção do câncer de
próstata em estágios iniciais, não precisa ser um tabu. O teste dura em média
sete segundos, é simples, não causa dores ou complicações após sua realização
e, acima de tudo, é essencial para uma vida saudável”, explica Bruno Ferrari,
presidente do Conselho de Administração do Grupo Oncoclínicas e um dos idealizadores
da campanha.
Fay concorda e adiciona: a melhor forma de
combater esse tipo de preconceito é com a melhoria e a ampliação das
informações. “Este é, de longe, o tipo de câncer mais comum entre os homens. O
número de mortes também está aumentando e o exame de toque retal, juntamente
com a avaliação do PSA, é fundamental para diagnosticar o tumor em estágios
iniciais e salvar essas vidas. À medida que os homens saibam, cada vez mais, da
sua importância para curar a doença, em caso de diagnóstico, menos preconceito
e mais consciência terá”, afirma.
Estimativa de novos
casos no Rio de Janeiro é de 6,95 mil
De acordo com dados do Instituto Nacional de
Câncer (Inca), a estimativa de novos casos de câncer de próstata (2018) no
estado do Rio de Janeiro é de 6,95 mil, correspondendo a cerca de 10% do total
de casos estimados para todo o país em 2018. O oncologista ressalta
que disseminar para toda a população sintomas, formas de prevenção e
fatores de risco pode fazer a diferença na redução do número de novos casos.
“Sinais como sangue na urina, sensação de
bexiga não completamente vazia e dificuldade de urinar são os mais comuns e
apontam para a presença de tumores na próstata. Por isso, todos os homens,
principalmente os acima de 40 anos, devem conhecer esses sintomas. Também é
essencial saber que a qualidade de vida, o que inclui uma dieta saudável,
prática de exercícios regulares e manutenção do peso corporal, é uma poderosa
arma de prevenção do câncer”, diz Dr. Carlos de Andrade, diretor da Oncoclínicas Rio
de Janeiro.
Tumores próximos também
deixam homem refém de seu próprio desconhecimento
A falta de autocuidado masculino vai mesmo
além das consequências para a próstata, alcançando também partes que, em tese,
deveriam receber maior atenção médica: o pênis e os testículos. Ainda que menos
prevalentes (2% e 5% dos casos respectivamente), os cânceres peniano e
testicular também deixam o homem refém de seu próprio desconhecimento.
O tumor de pênis tem uma relação íntima com
fatores que fogem da genética: a falta de uma boa higiene – leia-se não limpar
o órgão com a devida atenção – tem uma relação causal direta no número de
casos, que são responsáveis por mais de mil amputações todos os anos. Outro
fator de risco é infecção – geralmente via relação sexual - por HPV
(papilomavírus humano), que hoje é considerado uma epidemia global e está
prevalente em 54,6% da população brasileira de 16 a 25 anos.
O câncer testicular, por sua vez, não tem tal
correlação com fatores ambientais, mas indica um dado alarmante: a maior
incidência ocorre em homens mais jovens, em idades entre 15 e 50 anos. Nessa
fase, segundo dados do Ministério da saúde, existe chance de o tumor ser
confundido, ou até mesmo mascarado, por um processo inflamatório ou infeccioso
envolvendo o testículo. Anualmente morrem cerca de 360 pessoas pela doença,
muitas vezes diagnosticadas já em estágios mais graves.
“É importante ampliar as conversas sobre
esses tumores também. O de pênis, que pode levar à amputação do órgão,
felizmente é raro. A adequada higiene e o uso da camisinha para evitar o
contágio do HPV são as melhores formas de prevenção. Mas o câncer de testículo,
que atinge homens mais jovens, é altamente curável, um dos tumores mais
curáveis dentro da oncologia, principalmente se diagnosticados precocemente.
Então, é fundamental que o homem busque um médico sentindo ou percebendo
qualquer alteração nos testículos”, diz Fay
Incentivo a uma vida
mais saudável e mudança de perspectiva
Uma revisão sistemática e meta-análise de
pesquisadores chineses chegou a um quadro mais transparente de que há uma
associação – ainda que pequena – entre atividade física e a diminuição de
chances de aparecer câncer de próstata. Ainda que tal estudo não envolva os
outros tumores citados anteriormente, o INCA e o Ministério da Saúde concordam
que uma rotina de vida saudável, alimentação balanceada e outros pode ajudar na
prevenção de diversos tipos de carcinomas
André Fay assina embaixo: “Este é uma
recomendação que vai, é claro, para além do mês de novembro, uma vida saudável,
exercícios e boa alimentação, evitar o excesso de álcool, o tabagismo e o
sedentarismo são importantes ações que previnem o câncer e também diversas
outras doenças”, enfatiza.
A relação mais importante, porém, relacionada
aos homens parece ser diagnóstico precoce e o autocuidado proativo e
preventivo, algo que não é comum no público masculino, tradicionalmente
reticente e orgulhoso para procurar atendimento especializado e compartilhar
suas fragilidades. Não à toa, 70% das mulheres comparecem às consultas médicas
do parceiro segundo levantamento realizado pelo Centro de Referência em Saúde
do Homem do Estado de SP.
“Cercados conceitos e preconceitos facilmente
quebráveis caso haja interesse e disposição, tipos de câncer como próstata,
pênis e testículo necessitam, além do acompanhamento médico, de uma mudança de
perspectiva por parte dos homens”, reforça Ferrari.
Oncoclínicas e SBU unidos no combate ao câncer de próstata
Com o mote "São só
sete segundos", a ação do Instituto Oncoclínicas com a SBU traz Marcelo
Tas como porta-voz de um vídeo educativo com o objetivo de estimular a
população masculina a realizar o exame clínico de toque retal, principal
ferramenta clínica de avaliação da próstata. Além disso, a ação incentiva o
acompanhamento contínuo da saúde com outros testes complementares e atenção a
quaisquer sinais de alerta que indiquem possibilidade da doença.
“A maior barreira é esse
homem entender os cuidados que ele precisa ter sempre, como se observar e ir ao
médico com frequência para acompanhamento de qualquer alteração. É papel dos
profissionais de saúde e entidades do segmento estimular acesso à informação
clara e objetiva para que a população em geral busque o acompanhamento médico
preventivo periodicamente”, finaliza o oncologista Bruno Ferrari.
Confira
o vídeo da Campanha:
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