Pacientes com diabetes tipo 2 são
mais propensos ao comprometimento cardiovascular
Que
o mau controle do diabetes pode favorecer algumas complicações não é novidade.
Mas você sabia que a doença é um dos principais fatores de risco para infarto,
acidente vascular cerebral (AVC), entupimento de artérias e dilatação de vasos
sanguíneos? E é justamente por isso que novembro azul marca o
mês como de conscientização sobre a doença que atinge mais de 14 milhões de
brasileiros. O Brasil, hoje, é o 4º país
no mundo com maior número de pessoas com diabetes e quase sete milhões
não sabem que têm a doença.
Dados da International Diabetes Federation
(IDF) apontam que 80% dos pacientes com diabetes tipo 2 morrem em
decorrência de problemas cardiovasculares. Os índices são superiores aos óbitos
relacionados ao HIV, tuberculose e ao câncer de mama. Os níveis desregulados de
açúcar no sangue, juntamente ao colesterol e à pressão arterial possibilitam a
formação de placas de colesterol que entopem as artérias. De acordo com o Dr.
Marcello Bertoluci, endocrinologista e coordenador do Departamento
Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), o aumento excessivo
da glicose no sangue favorece a maior produção de coágulos que também podem
obstruir as artérias: “Quando uma artéria sofre uma obstrução, o coração entra
em sofrimento pela falta de oxigênio e o tecido sadio morre sendo substituído
por cicatriz. Dependendo do tamanho da área afetada pode ser fatal ou deixar
sequelas irreversíveis, como a insuficiência cardíaca”, ressalta.
A falta de sinais
Algumas complicações podem não manifestar sintomas claros.
No caso do infarto agudo, os sinais clássicos como a dor forte no peito, irradiando
para o braço, podem não ser muito evidentes. Alguns pacientes com diabetes
podem apresentar falta de ar, sensação de mal-estar, náuseas e vômitos, desmaio
inexplicado e até mesmo uma descompensação sem explicação do controle da
glicemia.
“Isso acontece devido a neuropatia autonômica, uma
disfunção que afeta o sistema nervoso simpático e para-simpático, fazendo com
que os pacientes com diabetes sintam menos dor e mascarando o quadro clínico do
infarto”, explica.
Outra complicação que merece atenção é o AVC. Os sinais
comuns incluem a perda ou diminuição súbita da força ou dormência em apenas um
lado do corpo. O surgimento de fala arrastada, confusão mental com troca de palavras
ou até mesmo desvio na boca também indicam a necessidade de buscar ajuda médica.
A insuficiência vascular periférica é uma complicação que
merece atenção. Quando as artérias que nutrem os membros inferiores são
obstruídas, os pacientes com diabetes podem apresentar casos de gangrena e em
alguns casos, é necessário que seja feita a amputação dos membros inferiores.
Ainda segundo Dr. Marcello Bertoluci,
as complicações vasculares geralmente afetam mais os homens do que as mulheres,
entretanto, quando se trata de diabetes essas diferenças desaparecem: “Homens e
mulheres têm incidências semelhantes de infarto agudo do miocárdio e AVC, mas
representam o dobro quando comparados a pessoas sem diabetes. É importante
ressaltar que, quando acontece em mulheres, tende a ser mais grave, com maior
número de mortalidade”, afirma.
Manter
atenção ao coração não deve ser um desafio
A
prevenção de doenças cardiovasculares em pacientes com diabetes envolve uma rotina
de alimentação saudável associada a prática de atividades físicas e controle
dos fatores de risco, como hipertensão, glicemia, tabagismo, obesidade e
colesterol, mas acima de tudo, é essencial consultar um cardiologista e
realizar exames periódicos que podem indicar a necessidade de utilizar
medicações preventivas.
Novembro
Azul
A
SBD realiza várias ações em todo o país pelo Novembro Diabetes
Azul e algumas se destacam, como a Iluminação do Cristo
Redentor: no Dia Mundial do Diabetes, 14 de
novembro, o Cristo Redentor, monumento considerado uma das sete maravilhas
do mundo moderno, será o catalizador da SBD para a atenção e ampliação da conscientização
sobre Diabetes. A partir das 19h, será iluminado de azul, definida
pelas Nações Unidas como a cor do movimento mundial para alertar sobre a
importância da prevenção e do tratamento adequado da doença.
“A
ação faz parte do Novembro Diabetes Azul, reinserido em 2018 pela
seção de Advocacy da Gestão da Sociedade Brasileira de Diabetes
2018-2019 no calendário oficial do Ministério da Saúde e que representou uma
grande vitória dos profissionais de saúde e associações de pessoas com
Diabetes, mas requer, ainda, um grande esforço para que a visibilidade seja
oficial por parte dos gestores da saúde no nosso país – a prevenção é a
estratégia para reduzir os casos da doença”, explica a atual Presidente da SBD,
Dra. Hermelinda Pedrosa.
Sobre
a SBD
Filiada à International Diabetes Federation (IDF),
a Sociedade Brasileira de Diabetes é uma associação civil sem fins lucrativos,
fundada em dezembro de 1970, que trabalha para disseminar conhecimento
técnico-científico sobre prevenção e tratamento adequado do diabetes,
conscientizando a população a respeito da doença e melhorando a qualidade de
vida dos pacientes. Também colabora com o Estado na formulação e execução de
políticas públicas voltadas à atenção correta dos pacientes, visando a redução
significativa da doença no Brasil.Conheça nosso trabalho: www.diabetes.org.br
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