Nem a crise a econômica é capaz de frear as compras
por impulso. A pesquisa “Uso do Crédito” realizada pelo Serviço de Proteção ao
Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL)
mostra que quatro
em cada dez brasileiros compram por impulso, sem necessidade. Comportamento que
tende a aumentar com a temporada da Black Friday.
Mas
apesar de todos os estímulos do comércio, é possível evitar as compras
desnecessárias nestes tempos de liquidação. Basta treinar o cérebro. A
psicóloga Géssyca Saturnino afirma que para não cair nas armadilhas que levam
às compras desenfreadas e por impulso, é preciso estar atento aos gatilhos
mentais disparados quando estamos diante de uma promoção. “O comércio tem suas
ferramentas para estimular o consumo e é preciso ficar atento e se preparar
psicologicamente para comprar de forma racional”, explica. A seguir, dez dicas
pra treinar seu cérebro para gastar menos.
Prefira fazer compras pela manhã – o cérebro
tem uma reserva limitada de força de vontade. Ao longo do dia, tomamos várias
decisões que acabam diminuindo esta reserva. Por isto, ao fazer as compras no
final do dia, estamos mais propensos a ceder às vontades de comprar porque já
tomamos uma série de decisões e a nossa reserva de força de vontade é menor.
Para driblar este comportamento do cérebro, o ideal é fazer as compras pela
manhã, quando estamos menos desgastados e mais resistentes aos impulsos.
Evite o efeito manada – efeito
manada é o nome que se dá quando uma pessoa se deixa levar pelo comportamento
alheio. Em épocas de promoção isto é muito comum. “Ao ver uma loja cheia,
com muitas pessoas comprando, o cérebro entende que aquilo é algo bom. Se todos
estão comprando, eu vou comprar também”, exemplifica a psicóloga. Neste
momento, é preciso parar e refletir. Será que a promoção vale mesmo a pena ou
muitas pessoas também só estão comprando por impulso? Uma dica para evitar o
efeito manada é fugir de aglomeração. “Prefira comprar em horários mais
tranquilos porque isto favorece uma compra mais racional”, diz. Géssyca lembra
ainda que as armadilhas do efeito manada começam bem antes de ir à loja. “Todos
estão falando em Black Friday, em promoção e oportunidades para se comprar. A
impressão é que o mundo vai comprar na Black Friday e isto pode levar o
consumidor às compras mesmo que ele não queria ou precise de algo”, comenta.
Saiba lidar com a pressão - não é
porque o vendedor está te atendendo bem que você é obrigado a comprar
determinado produto, mesmo quando não gostou. Agradeça, seja gentil e saia da
loja. Entenda que é o trabalho do vendedor prestar um bom atendimento. “É muito
comum ouvirmos que do consumidor que ele só comprou determinado produto porque
o vendedor o atendeu bem. Isto acontece porque a compra é um momento de prazer
e o consumidor não quer interromper esta sensação”, diz.
Comprar para não perder a viagem – comprar
para não perder a viagem é um comportamento muito comum em períodos de
promoções instantâneas, como a Black Friday. O consumidor vê uma promoção ou
propaganda, vai até a loja, mas não encontra mais o produto. E para não perder
a viagem, ele acaba comprando outro, mesmo sem necessidade. Para a psicóloga, o
consumidor acaba se recompensando porque por não ter encontrado o que realmente
queria. “Não precisa se sentir mal porque não encontrou o produto ou perdeu a
promoção. Não veja isto com uma perda de tempo. Guarde o seu dinheiro sem ficar
chateado”, orienta.
Drible os impulsos – dizem que
muitos impulsos não sobrevivem a uma boa noite de sono. Ao bater aquela vontade
desesperada de comprar algo, experimente adiar a compra em um dia. Se não
conseguir esperar 24 horas, experimente respirar fundo e dar uma volta antes de
comprar. A psicóloga Géssyca Saturnino explica que a dopamina, hormônio do
prazer, é liderado dois segundo e meio depois da decisão de comprar. Se você
tiver um pouquinho de paciência, vai conseguir superar esta vontade repentina e
desesperada de comprar.
Evite o efeito auréola – o efeito
auréola, também conhecido como efeito halo, nos faz pensar que as ofertas no
interior da loja são iguais às que estão na vitrine porque nivelamos tudo pela
impressão inicial. Ou seja, encontraremos tudo com as mesmas proporções de
descontos. Se o cliente não pesquisar antes, se não souber o valor real do
produto, pode achar que está comprando algo com bons descontos apenas porque as
promoções da vitrine são atraentes.
Crie defesas mentais para gastar menos – Géssyca
explica que o nosso cérebro utiliza ferramentas, conhecidas como âncoras, para
não se sobrecarregar com as decisões. As âncoras são técnicas para criar
gatilhos mentais para ativar sentimentos e pensamentos diante de um estímulo,
no caso das temporadas de promoções, as compras. Uma âncora que pode ajudar o
consumidor a gastar menos é calcular quantas horas ele precisa trabalhar para
comprar determinado produto. Ao estabelecer esta relação, o consumidor terá
mais consciência se a compra realmente vale a pena. “Este é um parâmetro que
pode ajudar muito na hora de decidir uma compra”, comenta.
Cartão ou Dinheiro – se a ideia
é não gastar ou gastar pouco, prefira pagar com dinheiro ou no cartão de
débito. Ao longo dos anos o dinheiro mudou de forma. E a maneira como nos
relacionamos com ele também. O pagamento parcelado, no cartão, no cheque ou no
boleto, reduz a culpa da dor do pagamento. “Não estamos vendo a carteira ficar
vazia e isto nos dá uma falsa segurança que nos leva a gastar mais”, afirma
Géssyca.
Entenda seu estado emocional – a temporada
de promoção é uma boa época para comprar aquele produto tão desejado e ainda
economizar. Mas antes de ir às compras, é preciso entender como está o seu
emocional. A psicóloga Géssyca Saturnino explica que muitas pessoas compram
para preencher vazios, driblar frustrações e espantar a tristeza. E com os
estímulos do comércio, fica ainda mais fácil tentar substituir as frustrações
pelas compras. “É preciso cuidado e entender o porquê você está indo às
compras? Para aproveitar as ofertas, comprar algo necessário ou para esquecer
os problemas? Ter consciência do seu estado emocional vai te ajudar a não
gastar mais do que o necessário”, diz.
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