Mesmo que você já tenha terminado todo o seu
trabalho com maestria, se sair do escritório cinco ou dez minutos antes do seu
horário, você pode se tornar alvo de comentários maldosos dos colegas ou até da
chefia. Mas, afinal, as empresas contratam colaboradores para cumprir tarefas
ou horários?
Essa é uma discussão que vem ganhando cada vez mais
relevância, principalmente depois que a sucursal japonesa da Microsoft criou o
fim de semana de três dias. Durante todo o mês de agosto, 2.300 funcionários
tiveram folga todas as sextas-feiras. Com um dia de trabalho a menos, a empresa
notou que os funcionários começaram a usar o tempo com mais eficiência. Muitas
reuniões foram evitadas, encurtadas ou mesmo substituídas por rápidos encontros
virtuais de ‘catch-ups’ – atualizações. O resultado? A produtividade aumentou
em 40% durante o período.
A experiência deixa claro que a correlação entre
tempo e produtividade pode não ser tão direta quanto por muito tempo
acreditamos ser. Ficar horas e mais horas no escritório não necessariamente
quer dizer que um funcionário é produtivo. Ter pouco tempo obriga as pessoas a
serem mais assertivas, evitando assim a procrastinação e a ineficiência.
Outra grande vantagem percebida na redução da carga
de trabalho é o melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Sabemos
que trabalhando 8h, 9h ou até 10h por dia é praticamente impossível resolver
muitas das tarefas diárias da vida pessoal durante o expediente, como pagar uma
conta, agendar um médico, pegar filhos na escola ou mesmo fazer uma ligação
pessoal importante. Isso faz com que, muitas vezes, o funcionário esteja de
corpo presente na empresa, mas sua mente está concentrada bem longe dali.
Não acredito que a chave da produtividade seja
necessariamente a redução de um dia na jornada de trabalho, até porque nem
sempre essa possibilidade se adapta bem à realidade de muitos setores do
mercado que precisam estar ‘no ar’ 24/7. Contudo, precisamos buscar meios de
nos tornarmos mais produtivos e repensarmos essas crenças que por muito tempo
carregamos – ter muitas coisas a se fazer ou estar sempre ocupado nem sempre é
sinônimo de produtividade.
Uma iniciativa que tem sido cada vez mais adotada
pelas empresas brasileiras é o home-office, pelo menos uma vez por semana. Além
de eliminar o impacto do trânsito das grandes metrópoles no tempo do
colaborador, o home-office também representa uma grande economia para as
empresas no que tange despesas como energia elétrica e até impressão de
documentos, sem falar em empresas que diminuíram significativamente seus gastos
com aluguel, mobília, etc ao reduzir o tamanho de suas estruturas físicas para
incentivar o ‘revezamento’ dos times de trabalho. Nessas novas configurações de
trabalhos remotos, todos os lados saem ganhando, os funcionários veem isso como
benefício e as empresas cada vez enxergam mais valor nesses novos modelos de
trabalho.
Cabe destacar ainda que, muitas vezes, a chave para
a produtividade está na melhoria da eficiência dos processos. As empresas
precisam investir na eliminação das tarefas burocráticas operacionais, buscando
softwares de inteligência e gestão capazes de promover uma comunicação clara e
objetiva entre todos os departamentos envolvidos em determinados projetos. A
tecnologia é fundamental para garantir um nível satisfatório de produtividade.
Outro ponto crucial é a qualidade da equipe. Nesse
ponto, a área de recursos humanos precisa ter atenção máxima tanto na
contratação quanto na retenção das pessoas. As equipes precisam atuar como
verdadeiros times, onde um ajude o outro a ser mais produtivo para que todos
saiam ganhando. É preciso despertar o senso de dono, assim como fazer com que
os líderes estejam sempre atentos para ouvir as necessidades e valorizar suas
equipes.
Seja qual for a estratégia da sua empresa para
aumentar a produtividade, os benefícios sempre compensam. Profissionais
engajados e comprometidos conseguem gerenciar melhor seu tempo, são mais felizes
e dão mais de si e, já é comprovado que funcionários mais felizes produzem mais
e trazem mais resultados para as organizações. Eles aprendem a valorizar tanto
o seu tempo na empresa quanto na vida pessoal, conquistando mais harmonia entre
todas as suas tarefas cotidianas. Com tudo fluindo mais naturalmente, sem
desespero ou ansiedade, a tendência é que o clima organizacional seja muito
mais produtivo para todos.
Felippe
Virardi - formado em administração de empresas, executivo
com mais de 10 anos de experiência na área de marketing e vendas e headhunter na
Trend Recruitment, consultoria boutique de recrutamento e seleção para
marketing e vendas.
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