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Pesquisas científicas comprovaram que indivíduos felizes são os que mais
geram relacionamentos com amor, realização e satisfação. No entanto, buscar
felicidade em um parceiro é o hábito mais comum entre os casais e também a principal
causa de separações e frustrações
- 61,1% dos entrevistados na pesquisa “Investimento na Relação Amorosa”, realizada pelo Instituto do Casal, dedica 1 hora ou menos ao seu relacionamento por dia;
- 25,8% dos entrevistados disseram que, se tivessem mais tempo e dinheiro, praticariam algum hobby ou esporte sozinho;
- 41,8% dizem se sentir sempre apoiados pelo parceiro. 51,8% dizem sempre apoia-lo (a);
- 56,9% dizem que sua vida sexual está ruim ou regular;
- 40,7% atribuem a maior dedicação ao trabalho como principal empecilho da relação. Em segundo lugar, com 32,1%, está a falta de carinho e afeto;
- 48% dos entrevistados na pesquisa “Por que os casais brasileiros brigam” afirmam que o principal motivo de suas brigas é a falta de diálogo e 43% dizem ser o excesso de críticas;
- 36% brigam, pelo menos, 1 vez por semana. 49% costumam alterar a voz e ficar irritados nestas ocasiões.
Às vésperas de mais um Dia dos Namorados, cabe levantarmos reflexões
sobre como andam os relacionamentos atualmente. O cenário não é muito animador.
Crescimento da violência, redução do tempo de duração das relações, términos
traumáticos, sofrimento, muito sofrimento. De outro lado, está a ciência, que
desde 1960, vem se dedicando a pesquisar e estudar os resultados destas
pesquisas para encontrar evidências científicas, gerar teses, comprová-las,
para, então, nos brindar com as conclusões práticas de anos de trabalho árduo.
Aliás, é este conhecimento que, hoje, é capaz de colaborar para o
desenvolvimento humano e para a mudança deste cenário nada promissor.
“Em termos de relacionamentos amorosos, podemos começar o debate pela
comprovação de que indivíduos felizes têm muito mais chances de desenvolverem
relações saudáveis. Pode parecer uma afirmação simples, rasa, mas me refiro à
forma como eles estabelecem uma conexão emocional com o outro, a
natureza da empatia que os liga e a positividade com
que nutrem regularmente a relação, como um adubo faz com uma planta”, explica
Flora Victoria, presidente da SBCoaching,e maior especialista de Psicologia
Positiva Aplicada do País e embaixadora da Felicidade no Brasil, segundo o
World Happiness Report.
Baseada no conhecimento da Psicologia Positiva, a especialista descreve
a importância do desenvolvimento individual de cada um dos integrantes da
relação. Segundo ela, é fundamental que cada um tenha espaço para fazer sua
análise de qual seu propósito de vida, o que lhe engaja para se
colocar em ação com satisfação e paixão, que tipo de coisas faz que
acredita que valem a pena, mesmo que depois perceba uma grande afinidade com
seu parceiro. “Um ponto de atenção é quando esta análise não é feita, ou é
realizada somente por um dos membros do casal e o outro procura se encaixar e
viver o propósito que não é seu. Temos o começo de uma trajetória com grande
potencial de frustração”.
Falta de conexão emocional e a série de sintomas que ela traz
Quando uma pessoa não está se sentindo confiante, animada, disposta a ir
atrás de seus objetivos, ou nutre tudo isso a partir do seu parceiro, não há
conexão emocional. Há distância e sobrecarga emocional, que geram inúmeros
sintomas. Segundo a pesquisadora e psicóloga Sue Johnson, da universidade de
Otawa, “o que torna um casal infeliz é quando ambos têm uma desconexão
emocional e não conseguem se sentir seguros com quem está ao seu lado. O criticismo,
a rejeição, o afastamento e se manter na defensiva são atitudes
extremamente estressantes, que o cérebro interpreta como um sinal de perigo”.
Os ciúmes e a possessividade são outros sintomas desta
desconexão emocional, que levam à infelicidade. “Você quer ter de qualquer
forma o que considera a fonte do seu bem-estar supremo e não consegue enxergar
como isso, que dá o nome de amor, está te conduzindo para uma situação de
penúria emocional, te afastando do florescimento e da felicidade”, complementa
o master coach da SBCoaching, Marcelo Bueno.
Outra descoberta da ciência é que, casais felizes possuem generosidade
e bondade permeando suas relações e se tratam com estes moduladores. “Temos
mais facilidade de entender esse cenário quando pensamos em nosso melhor amigo.
É possível agir da mesma forma com o parceiro, mas, para fazer isso, é preciso
cuidar da base, que é cada indivíduo. Não existem metades, mas pessoas que
completam pessoas completas”, finaliza Flora Victoria.
Por onde posso começar?
Não há uma receita de bolo, afinal são décadas de pesquisas e estudos e
uma boa parte deles ainda não concluídos. Mas diante do que a ciência já
comprovou, existem algumas boas atitudes para se debruçar – ao mesmo tempo -
rumo à felicidade e elas podem ser agrupadas em um modelo criado pelo dr.
Martin Seligman* para catalisar mudanças em todas as áreas da vida, o PERMA.
P – Positive emotions (emoções positivas) são um fio condutor para o bem-estar e a
satisfação. Ampliam a consciência das pessoas e estimulam novos caminhos para
explorar pensamentos e ações, além de facilitarem o desenvolvimento de novos
recursos e habilidades.
E – Engagement (engajamento) diz respeito ao envolvimento consciente de um indivíduo com os diferentes
aspectos de sua vida. Significa acreditar que as coisas que você faz valem a
pena, e dedicar-se a elas com comprometimento e paixão.
R – Relationships (relacionamentos positivos e conexões sociais) eles são fonte de apoio e de conexão. Segundo
as pesquisas de Seligman, as pessoas mais felizes costumam ser as mais
sociáveis. Além disso, relacionamentos positivos constituem as bases de
instituições positivas, sejam elas famílias, empresas ou comunidades.
M – Meaning (significado e propósito) é o nosso propósito, aquilo que dá sentido às
nossas vidas e orienta nossos esforços e objetivos. Que tal parar para pensar
ou repensar os seus?
A – Accomplishment (realização) refere-se a atingir os objetivos que estabelecemos para nós. Ela pode
ser momentânea, quando não está relacionada a um propósito maior; e um marco de
vida, quando é imbuída de significado. De acordo com Seligman, os dois tipos de
realização podem contribuir para o aumento do bem-estar.
O problema pode estar na sua ideia de bem-estar
Sabe aquela sensação de ‘não estou triste, mas também não estou feliz?’.
O bem-estar é mais que a ausência de estados psicológicos negativos; ele é
também diretamente influenciado por perspectivas subjetivas, por metas sem
alinhamento com seus propósitos, com o que lhe motiva e lhe traz satisfação.
“Sem saber, a pessoa acaba se autossabotando. Sua busca pelo bem-estar pleno
inevitavelmente fracassa, porque ela deixa de atender suas necessidades e
desejos enquanto indivíduo”, explica Flora Victoria.
O bem-estar subjetivo é um índice mensurável e que decorre da satisfação
nos diversos domínios da existência. Ele está relacionado com a avaliação
cognitiva e emocional que uma pessoa faz sobre sua vida. Indivíduos com forte
bem-estar subjetivo costumam considerar agradável e recompensadora a vida que
têm. Eles mantêm relações mutuamente satisfatórias, enxergam sentido em suas
atividades e têm um senso de controle sobre o que vivem. São esperançosos e
otimistas, estabelecem metas, engajam-se em realizá-las e focam seus recursos
na superação dos obstáculos ao longo do caminho.
Entender nosso próprio valor e lugar no mundo, para depois investir
tempo e energia buscando metas valiosas, é a chave do sucesso. Comunidades com
maior bem-estar subjetivo têm menor índice de criminalidade, corrupção e estado
de saúde menos precário. Pessoas com maior bem-estar subjetivo vivenciam uma
variedade de resultados positivos, como aprendizado eficaz, produtividade, bons
relacionamentos e boa saúde.
Martin Seligman – psicólogo americano, reconhecido como fundador
da psicologia positiva, PhD,ex-presidente da Associação Americana de Psicologia e professor
da Universidade da Pensilvânia, onde dirige um departamento exclusivo sobre a
ciência. Com diversos livros publicados, Seligman defende, além da
psicologia positiva, o treinamento da mente para o reforço de forças e
virtudes.
SBCoaching (Sociedade
Brasileira de Coaching)
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