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quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Quando um amor acaba...


Descontruir uma relação afetiva não é uma tarefa fácil. Muitas vezes, essa ruptura é vivenciada com muita dor, ansiedade, tristeza, solidão, mágoa, decepção e frustração.

Na maioria das relações, o término começa muito antes para um dos cônjuges, que tem a possibilidade de trabalhar dentro de si essa ruptura, antecipadamente.

Para aquele cônjuge que não percebeu ou não quis perceber este movimento da ruptura e se vê surpreendido pela separação, é natural que vivencie esta ruptura de forma avassaladora reagindo emocionalmente de forma intensa.

Negação, tristeza, sensação de vazio e desagregação interna, dúvida, raiva, ódio, culpa, mágoa, desejo de reparação e salvação da relação, sintomas físicos e sintomas depressivos podem ser reações naturais e esperadas neste momento.

Embora, a separação seja uma solução quando a união não é mais possível, a verdade é que separar dói e, dói muito.

Parece que algumas relações terminam, mas não terminam.


O término de uma relação requer separação física, desligamento emocional e às vezes, financeiro, desconstrução de sonhos, planos e acordos para o futuro.

Em meio ao turbilhão de emoções é natural e esperado que ambos os cônjuges precisem de um tempo para retomar a vida diária. Se levamos um tempo para curar um braço quebrado ou um corte na pele, precisamos também de um tempo para curar um coração ferido.

Atitudes impulsivas de engatar rapidamente em outra relação ou demonstrar que nada aconteceu e “vida que segue” normalmente não são estratégias eficazes para lidar com uma ruptura afetiva. Em muitos casos, o que parece ser uma superação rápida representa uma forma de mascarar e negar a dor.

É necessário tempo e choro para refletir a relação, o término e elaborar essa perda. Neste quesito, não é possível precisar a quantidade de tempo necessária para elaboração e enfrentamento desta dor. A experiência clínica mostra que cada um tem o seu tempo interno para superar situações difíceis e retomar a vida.

Elaborar significa refletir, entrar em contato com a experiência da dor, entendê-la para, a partir daí assimilar e aceitar uma determinada situação.

Alguns fatores ajudam neste processo de elaboração. Por exemplo a forma como os cônjuges compreendem a separação e os motivos pelos quais está separação se deu. Se um dos cônjuges se coloca como vítima e atribui ao outro o papel de vilão dificulta este processo, porque no papel de vítima a pessoa se autoriza a uma postura passiva e a ficar presa à mágoa e a dor da rejeição.

Temos que ter em mente que uma relação afetiva é produto de duas pessoas e assim como criam soluções e situações positivas, criam também seus impasses, conflitos e os problemas. Neste contexto, é fundamental que ambos os cônjuges tomem consciência da sua responsabilidade pelas falhas na relação. Tal atitude favorece não apenas o processo de aceitação do rompimento como propicia, também, rever comportamentos para que não aconteça repetição de padrões disfuncionais em relações futuras.

Outro aspecto importante se refere a forma como os cônjuges veem a si mesmo. Uma visão positiva de si e planos individuais para o futuro são fatores facilitadores da reestruturação pessoal.

Tempo para enfrentamento e superação da dor, compreender os motivos que levaram ao término da separação, evitar se prender a memórias afetivas, visão positiva de si, planos para o futuro, realizar atividades que tragam prazer, apoio e conforto de amigos e familiares são alguns fatores facilitadores deste processo.

A psicoterapia também é uma possibilidade neste momento, a medida que, oferece um espaço seguro e isento de julgamentos para falar de inseguranças, medos e possibilita investir em si mesma favorecendo o autoconhecimento e um olhar para questões pessoais que foram evidenciadas com o término da relação.





Fabiane Matias
Psicóloga Clínica| Psicoterapeuta de Família
CRP 06/68421

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