Descontruir
uma relação afetiva não é uma tarefa fácil. Muitas vezes, essa ruptura é
vivenciada com muita dor, ansiedade, tristeza, solidão, mágoa, decepção e
frustração.
Na
maioria das relações, o término começa muito antes para um dos cônjuges, que
tem a possibilidade de trabalhar dentro de si essa ruptura, antecipadamente.
Para
aquele cônjuge que não percebeu ou não quis perceber este movimento da ruptura
e se vê surpreendido pela separação, é natural que vivencie esta ruptura de
forma avassaladora reagindo emocionalmente de forma intensa.
Negação,
tristeza, sensação de vazio e desagregação interna, dúvida, raiva, ódio, culpa,
mágoa, desejo de reparação e salvação da relação, sintomas físicos e sintomas
depressivos podem ser reações naturais e esperadas neste momento.
Embora,
a separação seja uma solução quando a união não é mais possível, a verdade é
que separar dói e, dói muito.
Parece
que algumas relações terminam, mas não terminam.
O término de uma relação requer separação física,
desligamento emocional e às vezes, financeiro, desconstrução de sonhos, planos
e acordos para o futuro.
Em meio ao turbilhão de emoções é natural e
esperado que ambos os cônjuges precisem de um tempo para retomar a vida diária.
Se levamos um tempo para curar um braço quebrado ou um corte na pele,
precisamos também de um tempo para curar um coração ferido.
Atitudes impulsivas de engatar rapidamente em outra
relação ou demonstrar que nada aconteceu e “vida que segue” normalmente não são
estratégias eficazes para lidar com uma ruptura afetiva. Em muitos casos, o que
parece ser uma superação rápida representa uma forma de mascarar e negar a dor.
É necessário tempo e choro para refletir a relação,
o término e elaborar essa perda. Neste quesito, não é possível precisar a
quantidade de tempo necessária para elaboração e enfrentamento desta dor. A
experiência clínica mostra que cada um tem o seu tempo interno para superar
situações difíceis e retomar a vida.
Elaborar significa refletir, entrar em contato com
a experiência da dor, entendê-la para, a partir daí assimilar e aceitar uma
determinada situação.
Alguns fatores ajudam neste processo de elaboração.
Por exemplo a forma como os cônjuges compreendem a separação e os motivos pelos
quais está separação se deu. Se um dos cônjuges se coloca como vítima e atribui
ao outro o papel de vilão dificulta este processo, porque no papel de vítima a
pessoa se autoriza a uma postura passiva e a ficar presa à mágoa e a dor da
rejeição.
Temos que ter em mente que uma relação afetiva é
produto de duas pessoas e assim como criam soluções e situações positivas,
criam também seus impasses, conflitos e os problemas. Neste contexto, é
fundamental que ambos os cônjuges tomem consciência da sua responsabilidade
pelas falhas na relação. Tal atitude favorece não apenas o processo de
aceitação do rompimento como propicia, também, rever comportamentos para que
não aconteça repetição de padrões disfuncionais em relações futuras.
Outro aspecto importante se refere a forma como os
cônjuges veem a si mesmo. Uma visão positiva de si e planos individuais para o
futuro são fatores facilitadores da reestruturação pessoal.
Tempo para enfrentamento e superação da dor,
compreender os motivos que levaram ao término da separação, evitar se prender a
memórias afetivas, visão positiva de si, planos para o futuro, realizar
atividades que tragam prazer, apoio e conforto de amigos e familiares são
alguns fatores facilitadores deste processo.
A psicoterapia também é uma possibilidade neste
momento, a medida que, oferece um espaço seguro e isento de julgamentos para
falar de inseguranças, medos e possibilita investir em si mesma favorecendo o
autoconhecimento e um olhar para questões pessoais que foram evidenciadas com o
término da relação.
Fabiane
Matias
Psicóloga
Clínica| Psicoterapeuta de Família
CRP
06/68421
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