Hoje é dia do psiquiatra. Mas
com tantas modalidades de terapia, você saberia explicar as diferenças entre
psiquiatria, psicologia, psicoterapia e psicanálise? A não ser que você seja um
profissional da área, é bem provável que desconheça suas singularidades.
Para quem precisa de um
tratamento na área de saúde mental, ou mesmo seguir a carreira, é importante
entender cada um deles para escolher o mais adequado às suas necessidades (se
for paciente) ou ao seu perfil profissional (se for estudante ou profissional
recém-formado em busca de uma especialização).
Tanto a Psicologia como a
Psiquiatria (as duas estão dentro do âmbito da Medicina) são profissões
regulamentadas no Brasil, com seus respectivos Conselhos Federais e Regionais,
os quais estabelecem as normas éticas e de atuação profissional. Já as
psicoterapias, entre elas, a psicanálise, não têm legislação específica no
Brasil. No entanto, tanto o ‘psicoterapeuta’ quanto o ‘psicanalista’ estão
incluídos na Classificação Brasileira de Ocupações, do Ministério do Trabalho.
PSIQUIATRIA: A Psiquiatria é uma especialidade médica focada
no diagnóstico e tratamento de transtornos mentais. Para se tornar Psiquiatra,
a pessoa precisa primeiro cursar a Faculdade de Medicina, que tem duração de 6
anos. Já formado, é preciso fazer Residência Médica em Psiquiatria, que dura,
geralmente, de 3 a 4 anos.
Após a Residência, a pessoa
fará as provas para obtenção do título de Especialista em Psiquiatria. Este
título envolve, principalmente, a Psiquiatria de Adultos. Dentro da
Psiquiatria, há algumas sub-especialidades: Psiquiatria da Infância e
Adolescência, Psiquiatria Forense, Psiquiatria Geriátrica, entre outras.
O Psiquiatra, como já dito, é
o responsável pelo diagnóstico e tratamento de doenças mentais. Por ser médico,
ele pode prescrever medicamentos psicofármacos, como ansiolíticos,
antidepressivos ou antipsicóticos. Estas medicações atuam no sistema nervoso
central, alterando o modo como os neurotransmissores funcionam, seja aumentando
sua atuação, seja diminuindo, conforme o tipo de psicofármaco. Os transtornos
mentais, falando de um modo muito simples, decorrem de um desequilíbrio químico
do cérebro, e os medicamentos procuram restabelecer esse equilíbrio.
PSICOLOGIA: A Psicologia estuda diversos aspectos da mente
humana “normal” ou sadia, no contexto individual ou de um grupo e também no
diagnóstico e tratamento de problemas emocionais e do comportamento. Para se
formar Psicólogo, a pessoa deve cursar a Faculdade de Psicologia, com duração
de cerca de 5 anos. Uma vez formado, o Psicólogo pode se especializar em
diferentes áreas de atuação, como educacional, recursos humanos, hospitalar,
neuropsicologia, psicoterapia entre outras.
O Psicólogo é o responsável
pela aplicação de avaliação psicológica e neuropsicológica e pode atuar como
psicoterapeuta. Diferentemente do Psiquiatra, ele não pode prescrever
medicações. A prescrição de remédios só pode ser realizada por quem se formou
em Medicina. No entanto, ambos podem fazer uma especialização na área de
Psicoterapia.
PSICOTERAPIA: A Psicoterapia é um método que utiliza
principalmente a fala e o diálogo. O intuito é auxiliar um indivíduo a
compreender a si mesmo e a lidar melhor com seus problemas e dificuldades, que
podem ser decorrentes de um transtorno mental leve (ansiedade ou fobias) ou
decorrentes de situações que fazem parte da vida de todos (separação ou morte),
mas que o paciente tem uma dificuldade maior de compreensão e aceitação ou
ainda de características da personalidade que prejudicam a pessoa e sua
integração emocional e social.
Para estes problemas, há
diversas teorias e técnicas de Psicoterapia. As mais conhecidas são a
Psicanálise, a Terapia Cognitivo Comportamental, o Psicodrama e a Terapia
Junguiana, entre outras. Cada uma possui diferentes formas para auxiliar o
indivíduo a superar suas dificuldades, a partir da teoria que as constitui e
respectivas técnicas de abordagem.
É importante lembrar que o
tratamento medicamentoso e o psicoterápico não são mutuamente excludentes. Na
imensa maioria dos casos, a somatória do tratamento medicamentoso e
psicoterápico produz um melhor resultado para o indivíduo.
PSICANÁLISE: A Psicanálise é um tipo de Psicoterapia. Exige
uma formação especializada, em geral, de 5 a 10 anos, em Sociedades de
Psicanálise (de preferência, vinculadas a International Psychoanalytical
Association – IPA –, criada pelo próprio Freud e colaboradores, em 1910). Tendo
essa formação, tanto o Psiquiatra quanto o Psicólogo podem fazer atendimentos
usando a teoria e a técnica psicanalíticas.
Embora o senso comum possa
auxiliar, nem sempre ele funciona bem, pois muitas vezes ele se baseia em premissas
falsas. Uma delas é a ideia de que transtornos mentais não têm uma base física,
cerebral. Um quadro depressivo pode ser, por exemplo, consequência de um
desequilíbrio da tireoide.
Se não for investigada por um
Psiquiatra, esta alteração da tireoide não será detectada, e o paciente não se
beneficiará de um tratamento psicoterápico. A avaliação médica é sempre importante
para exclusão de doenças físicas que causam sintomas mentais. A partir de um
diagnóstico preciso, fica mais fácil conduzir a terapêutica, seja
medicamentosa, seja psicoterápica.
Prof. Dr. Mario Louzã - médico psiquiatra e
psicanalista. Doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, Alemanha.
(CRMSP 34330)
Nenhum comentário:
Postar um comentário