Laboratório
fotográfico transportável de 1870 créditos: Alinari Archives / Universal Images Group / Briannica ImageQuest |
Data é comemorada
no dia 19 de agosto. Novas tecnologias digitais de manipulação da imagem
colocam em xeque a veracidade do registro
Foi em 1837 que o francês Louis Daguerre fez uma
das primeiras fotografias da história, registrando, com sua câmera, segundo a
Britannica Digital Learning, imagens sobre placas metálicas chamadas
daguerreótipos. A enciclopédia conta ainda que, poucos anos depois, o cientista
britânico William Henry Fox Talbot inventou a imagem em negativo, que permitia
a impressão de várias cópias em papel, método usado até hoje. “As primeiras
fotografias eram difíceis de tirar, porque as câmeras eram grandes, pesadas e
registravam as imagens em placas rígidas, não em filmes. No fim do século XIX,
o inventor George Eastman criou o filme flexível e uma câmera pequena e simples,
tornando a fotografia mais acessível”, relata.
O coordenador da Assessoria de História, Filosofia
e Sociologia do Sistema Positivo de Ensino, Norton Frehse Nicolazzi Junior
lembra que a fotografia veio inicialmente para ocupar o lugar dos retratistas -
pintores que eram contratados para fazer retratos. “Com o avanço tecnológico, o
tempo de exposição foi ficando cada vez menor e o uso da fotografia foi
ultrapassando o espaço de apenas retratos para outros serviços, sempre com o
intuito de registrar um momento”, expõe.
Registros históricos
Historicamente os impactos da fotografia foram
incontáveis. “Culturalmente, a forma dos registros se alterou, as fotografias
passaram a compor os diários, jornais e trouxeram cenas muito importantes,
valorizadas como registro histórico. “Se olharmos para o final do século XIX e
início do século XX, por exemplo, muitos registros são icônicos até hoje. É só
ver os vários bancos de imagem que temos e a maneira como a gente lida com
imagens. Fotografias iconográficas, por exemplo, da celebração do final da
Segunda Guerra Mundial, da criança vietnamita que foi atingida por Napalm, são
muito importantes para a história, nos ajudam a interpretar todo o passado e
trazem informações muito importantes para os historiadores e para a sociedade
se reconhecer enquanto sujeito histórico”, explana Nicolazzi.
Popularização e alteração de
imagens
Com a evolução da tecnologia, a fotografia foi se
popularizando e possibilitando registros familiares e do dia a dia. “Se antes
tínhamos um número limitado de fotos, em um rolo de filme em que não era
possível checar se a foto ficou boa, hoje convivemos com uma realidade que
mudou o valor da imagem e transformou a relação que as pessoas têm com a
fotografia”, enfatiza o historiador, alertando que ao mesmo tempo em que a
fotografia se popularizou, o acesso à manipulação dessas imagens também.
“As fotografias na sua origem eram retocadas pelos
artistas após a revelação, para dar um tom mais verdadeiro, mais real. Sabemos
de manipulação de imagens durante a revelação ou até mesmo montagem de
fotografias e criação de fatos, como aquela famosa fotografia dos soldados
estadunidenses em Iwo Jima segurando a bandeira dos Estados Unidos. Hoje, nós
temos um sem número de aplicativos que permitem que essas fotografias possam
ser manipuladas – e a veracidade delas, enquanto documento, fica cada vez mais
questionável”, alerta Nicolazzi.
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