Pesquisar no Blog

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Brasil é o segundo país com mais grávidas adolescentes na América Latina

Estudo aponta consequências do alto número de grávidas adolescentes no Brasil
Divulgação Trocando Fraldas
   


Alagoas, um dos estados com maior índice de analfabetismo do país de acordo com o IBGE, registrou a pior média com um número alarmante de meninas de 15 anos que ficam grávidas; especialista aponta que consequências vão além dos riscos à saúde


Quando se fala em gravidez na adolescência, a preocupação, normalmente, gira em torno da saúde da mãe e do bebê até o momento do nascimento da criança. Mas ocorre que, fatores psicológicos, sociais, financeiros e de saúde também circundam a vida de quem teve que lidar com uma gestação precoce e, posteriormente, criar filhos antes de chegar à vida adulta.

Os últimos dados coletados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que compreendeu nascimentos ocorridos entre 2010 e 2015, apontou que o Brasil tem 68,4 bebês nascidos de mães adolescentes a cada mil meninas de 15 a 19 anos. O índice está acima da média latino-americana, estimada em 65,5.

Para avaliar como estão esses dados refletem nos dias de hoje, o site Trocando Fraldas elaborou um estudo com mães de todo o Brasil para identificar o impacto desses números. Apesar de um percentual de 35% das pesquisadas afirmarem ter engravidado na faixa dos 18 anos, um índice preocupante de 10% disse ter descoberto a gestação com 13 anos ou até antes.

Outros fatores que dizem respeito às consequências de uma gravidez precoce é o apoio e a continuidade no relacionamento com pai da criança após o parto. Uma margem de 50% das entrevistadas afirmou ter terminado o ensino médio depois de engravidar, entretanto, 63% não apontou a gravidez precoce como uma desvantagem profissional.

Mulheres que engravidaram aos 14 anos indicaram que não estão mais com o pai dos seus filhos, com uma média de 60%. Entretanto, a maioria das entrevistadas indicou que permaneceu com o relacionamento após a gestação.
E estudo ainda apontou que 73% das mulheres disseram que os pais são participativos na criação. Das que responderam que a presença paterna não é tão predominante, a faixa etária das mulheres que foram mães aos 14 anos esteve em maior número. Mesmo assim, a maioria indicou que os pais são participativos.

Mulheres que engravidaram aos 14 anos indicaram, em maior número, que não estão mais com o pai dos seus filhos. Entre as que engravidaram com 13 anos, de acordo com o levantamento, 51% revelaram que já utilizavam anticoncepcional. Em contrapartida, das que engravidaram com 18 anos, apenas 31% faziam uso de algum método contraceptivo.

Uma informação já identificada por órgãos federais de pesquisa foi confrontada com o levantamento realizado. De acordo com informações levantadas pelo Departamento de Informática do SUS (Datasus), Alagoas é o Estado com maior número de grávidas adolescentes. Nos dados apurados pelo Trocando Fraldas, as alagoanas registraram uma média de gravidez na faixa etária dos 15 anos, ou seja, a menor média do estudo. O estado, por outro lado, também registra um dos maiores índices de analfabetismo do país, de acordo com o IBGE.

Para a ginecologista e obstetra Dra. Maíra de La Rocque, que também está se especializando em medicina fetal, os números são tão alarmantes que a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) criou, este ano, uma data de conscientização para a gravidez na adolescência, no dia 01/02. “A situação, além do impacto social, carrega maiores riscos para a saúde tanto da mãe, quanto do bebê. As meninas apresentam, por exemplo, maior risco para pré-eclâmpsia e eclâmpsia. Os bebês apresentam maior risco de prematuridade e mortalidade infantil, que é 50% maior em recém-nascidos de mães adolescentes”, pontua.

Para a obstetra, as consequências, se não ajustadas, podem fazer com que o problema seja recorrente e ainda mais grave. “Além dos impactos na saúde, a gravidez na adolescência também é responsável pelo aumento da taxa de abandono escolar, perpetuando um ciclo de baixa escolaridade, pobreza e desinformação, que podem fazer com que novas gestações na adolescência aconteçam”, finaliza.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados