Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, a
técnica é viável em cerca de 90% dos casos
Quando uma mulher recebe o diagnóstico de câncer de
mama, inevitavelmente, a partir desse momento, tudo pode mudar. Além de
precisar entender o que é estar com a doença, ter medo pela própria vida e
lidar com a rotina de tratamentos, essa nova realidade afeta diretamente a sua
autoestima. De acordo com o mastologista e especialista em reconstrução
mamária, Dr. Rogério Fenile, membro titular da Sociedade Brasileira de
Mastologia, em muitos casos, a retirada da mama é necessária e isso faz com que
muitas mulheres não consigam fechar este ciclo, mesmo depois de ter alcançado a
cura.
O médico explica que a técnica, que recebe o nome
de oncoplástica, permite não apenas o resultado oncológico adequado, mas a
relação estética mamária pós-cirurgia. Além dos benefícios psicológicos para a
autoestima e o convívio social: “Infelizmente, estamos falando de uma doença,
que para tratá-la, afeta-se diretamente a beleza de uma mulher. Eu estou
falando do emagrecimento, da queda dos cabelos e da perda da mama. Muitas vezes,
ao alcançar a cura, essa mulher ganha peso novamente, o seu cabelo cresce, mas
a ausência da mama ainda é um fator que não lhe permite encerrar esse ciclo
emocionalmente”, comenta o especialista.
Hoje, no Brasil, o procedimento é garantido por
lei, tanto para mulheres atendidas por planos de saúde, quanto para pacientes
do Sistema Único de Saúde (SUS). A legislação estabelece que a reconstrução
seja feita logo após a mastectomia. Caso a paciente não tenha condições
clínicas de realizá-la tão rapidamente, ela deve ser acompanhada por um
especialista para que possa fazer assim que houver a liberação médica.
No entanto, segundo a Sociedade Brasileira de
Mastologia (SBM), apenas 20% das 92,5 mil mulheres que fizeram a cirurgia de
mastectomia para tratamento do câncer de mama entre os anos de 2008 e 2015
passaram pelo procedimento de reconstrução mamária. Ainda de acordo com a SBM,
a reconstrução mamária imediata é viável em cerca de 90% dos casos.
“Com a evolução dos tratamentos, maiores taxas de
cura e diagnóstico precoce, temos conseguido realizar cirurgias cada vez menos
agressivas e preservar, ao máximo, a mama de uma mulher. Também é possível
reconstruir não apenas a mama, mas a aréola e o mamilo. Assim, buscamos
devolver, da melhor maneira possível, a vida de cada paciente por completo”,
destaca o especialista.
Tipos de técnicas para a reconstrução
Diferentes técnicas podem ser trabalhadas para
isso. A escolha vai depender da localização de retirada do tecido mamário,
tamanho e forma. As mais comuns são feitas com implante de silicone, uso de
expansor cutâneo e transferência de retalhos de pele.
- Prótese de silicone: indicada quando a
mastectomia foi feita sem comprometer quantidade de pele significativa e para
pacientes que não possuem mama suficiente para reconstruir a mama.
- Uso de expansor: é a inserção de um tipo de
prótese vazia sob a pele, usado para promover gradualmente a expansão do tecido
mamário, por meio da aplicação de soro fisiológico, até atingir o tamanho
adequado. É possível inserir um implante definitivo em uma segunda intervenção
cirúrgica ou usar um expansor definitivo.
- Transferência de retalhos de pele: nesta opção
usa-se tecido de alguma área do corpo da própria paciente para se reconstruir a
mama.
Mesmo que em muitos casos a técnica permita o
encerramento de um ciclo, há situações em que as mulheres preferem não fazer a
reconstrução. Os motivos vão desde querer se lembrar de todo o caminho
percorrido a não querer novas cirurgias. E essas são situações em que o
especialista vai analisar o método mais apropriado a ser adotado. “A técnica é
escolhida através de uma conversa franca e esclarecedora entre médico e
paciente, de acordo com a necessidade apresentada de cada caso. A prioridade,
em qualquer circunstância é a qualidade de vida da paciente”, finaliza Fenile.
Dr. Rogério Fenile – Mastologista – Dr. Rogério Fenile é Mestre e Doutor em Ciências Médicas pela Disciplina de Mastologia do Departamento de Ginecologia da UNIFESP e membro titular da Sociedade Brasileira de Mastologia. É especialista em cirurgia de reconstrução mamária, com mais de 20 anos de experiência médica. Além de ser especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela FEBRASGO. Instagram: @drrogeriofenile
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